A esposa e a filha do ativista chinês dos direitos humanos Guo Feixiong, que tem estado preso pelos dois últimos meses por sua militância, juntaram-se ao congressista Christopher Smith (R-NJ) na terça-feira para pedir às autoridades comunistas chinesas que libertem Guo e que a administração Obama pressione o Partido Comunista Chinês (PCC) por sua soltura.
“Esta é uma reunião de emergência. Quando ouvi o apelo emocionado da esposa de Guo, ficamos convencidos de que não podíamos poupar esforços para conseguir sua libertação”, disse o Rep. Smith numa conferência de imprensa realizada pouco antes da audiência oficial na mesma sala.
Smith disse que queria que o regime de Pequim libertasse “este indivíduo corajoso e heroico que não fez nada de errado” e que também queria que o presidente Barack Obama identificasse Guo pelo nome e exigisse que as autoridades o libertem.
Guo foi levado pelas forças de segurança do PCC em 8 de agosto, mas a polícia política violou suas próprias normas, quando deixou de informar a família por nove dias. Eles deveriam ter feito isso em 48 horas, segundo a lei chinesa.
Em setembro, Guo, cujo nome legal é Yang Maodong, foi formalmente preso e acusado de “suspeita de reunir uma multidão para perturbar a ordem pública”, uma acusação genérica utilizada pelas autoridades para punir dissidentes.
Especificamente, Guo fez um discurso sobre a importância da liberdade de imprensa durante protestos em frente ao prédio do jornal Diário Metropolitano do Sul, baseado em Guangzhou. Dias antes, o jornal teve um de seus editoriais fortemente censurado por um comissário provincial de propaganda.
Guo tem sido um ativista dos direitos humanos e organizador por vários anos, ajudando grupos perseguidos e injustiçados como os praticantes do Falun Gong e outros que foram removidos à força de suas propriedades e tiveram suas casas demolidas. Anteriormente, ele foi um escritor e empresário.
Mencionar o nome de Guo
A prisão em agosto foi a sétima enfrentada por Guo por seu ativismo. Ao longo dos anos, ele foi espancado e torturado sob custódia das autoridades, segundo sua esposa Zhang Qing. Numa ocasião, a polícia atacou seus órgãos genitais com bastões elétricos. “Mas Guo Feixiong com certeza não se renderá”, disse ela. Zhang Qing tem se sido uma refugiada política desde 2005 e atualmente mora no Texas, EUA, onde escreve cartas abertas sobre os abusos e torturas enfrentados por Guo.
Yang Tianjiao, a filha de 17 anos, também está nos Estados Unidos há alguns anos e falou na audiência e na conferência de imprensa. “Eu não vejo meu pai há sete anos”, disse ela com sotaque norte-americano. “Ele foi capturado pelo governo novamente. Eu gostaria que o governo Obama e os representantes norte-americanos pressionassem o governo chinês para lhe darem a liberdade que ele quer e a liberdade pela qual ele luta para os outros.”
Zhang disse que gostaria que o presidente Obama mencionasse especificamente o nome de Guo numa declaração pública pedindo sua libertação. Além disso, ela sugeriu que os funcionários consulares norte-americanos na província de Guangdong, a província no extremo sul da China, façam esforços para ver Guo. Foi negado à família e aos advogados o acesso a Guo, outra violação da lei chinesa, observou ela.
Quando perguntada por um repórter o que ela diria se o presidente Obama hesitasse em abordar os direitos humanos ou o caso de Guo mais enfaticamente com a China, ela disse: “Acho que os EUA devem ser um farol dos direitos humanos no mundo. Eles devem abordar isso. Eles têm o dever de fazer isso. Pela causa da justiça.”
Chen Guangcheng, um dissidente chinês que agora vive nos EUA, falou por meio de uma ligação telefônica durante a audiência. Chen ficou famoso quando escapou de sua prisão domiciliar na China e mais tarde foi levado para os EUA em maio de 2012. “O PCC continuará a atacar os direitos humanos, por isso não devemos ter mais ilusões sobre o PCC”, disse ele. Referindo-se aos recentes processos judiciais das autoridades chinesas contra defensores dos direitos humanos, Chen disse que era “um julgamento entre a justiça e o mal”.
A natureza ilegal e velhaca do tratamento das forças de segurança dado a Guo provocou uma comparação de Chad Bullard, um pastor numa igreja texana em Midland, com a qual a esposa e a filha de Guo estão filiadas. Ele e um colega viajaram com a família para oferecer apoio.
“Se pessoas nos Estados Unidos cometessem sequestro e tortura, elas iriam para a prisão por anos ou seriam até mesmo executadas”, comentou ele na conferência de imprensa. “Isso vem de um ex-policial”, acrescentou Bullard, que disse depois ter sido policial federal em Washington DC e em Midland, Texas, por 14 anos.