O congressista federal e empresário Clive Palmer aproveitou uma aparição no programa Q&A da emissora ABC para alertar sobre as tentativas do governo chinês de destruir o sistema salarial da Austrália e roubar os recursos naturais do país adquirindo os portos australianos.
O líder do Partido Unido Palmer (PUP) tem estado sob fogo por seus comentários em 18 de agosto, que descreveram o governo chinês como “bastardo” e “sem-vergonha”. “Eu não me importo em me levantar contra os bastardos chineses e impedi-los de fazer isso”, disse Palmer no programa da ABC.
“Estou dizendo isso porque eles são comunistas, porque eles atiram no próprio povo, eles não têm um sistema judiciário e querem controlar este país.” Seus comentários foram criticados pela embaixada chinesa em Canberra e atacados pelo jornal estatal chinês Global Times. No entanto, o sr. Palmer se recusa a pedir desculpas por seus comentários.
Numa mensagem de Twitter em 19 agosto, ele afirmou que seus comentários não tinham a intenção de se referir ao povo chinês, mas à empresa estatal chinesa CITIC Pacific, que opera minas na Austrália Ocidental. Palmer está envolvido numa disputa legal com a CITIC Pacific, que acusou o congressista de usar indevidamente $12 milhões.
Numa entrevista de rádio à estação 3AW de Fairfax em 19 de agosto, Palmer afirmou que o termo “sem-vergonha” descreve precisamente o governo chinês. “Eles são um governo que executa as pessoas na China, não lhes dá o direito de liberdade de expressão, não lhes permite falar no rádio como faço agora… eles fazem julgamentos de um dia, eles não têm democracia”, disse ele na entrevista. “Eu sinto pelo povo chinês que vive sob essa tirania.”
Políticos federais têm se distanciando das afirmações de Palmer com medo de prejudicar a relação da Austrália com a China. A China é o maior parceiro comercial da Austrália, com o comércio bilateral atingindo quase $151 bilhões em 2013, informou a AAP. “Questões periféricas não distrairão o governo em seu trabalho para ampliar e aprofundar esse relacionamento mais importante”, disse o ministro do comércio Andrew Robb.
O tesoureiro Joe Hockey também condenou as declarações. “Acho que é extremamente prejudicial para o sr. Palmer fazer esse tipo de comentário”, disse Hockey a repórteres em 19 de agosto.
O líder trabalhista Bill Shorten disse que os comentários não refletem as opiniões da maioria dos australianos. “Acho que muitos chineses-australianos compreensivelmente se sentiriam incomodados com esses comentários”, disse Shorten.
Apesar da polêmica, dois dos senadores de Palmer defenderam seu líder.
Jacqui Lambie, uma senadora do PUP, disse que apoia os comentários de Palmer sobre “a capacidade militar da China e sua ameaça para a Austrália”, dizendo que a China é controlada por um regime “antidemocrático, totalitário e agressivo”. “Se alguém acha que deveríamos ter uma política de segurança e defesa nacional que ignore a ameaça de uma invasão comunista chinesa – você está delirante e tem problema na cabeça”, disse ela num comunicado.
Dio Wang, um senador do PUP nascido na China, também defendeu Palmer dizendo que os comentários do líder foram citados fora de contexto. “Nunca houve a menor sugestão de preconceito de sua parte em relação aos membros da comunidade chinesa”, disse ele num comunicado.