A disputa territorial no Mar do Leste da China está ficando mais acirrada. O Japão emitiu ordens para abater drones (veículos aéreos não tripulados) estrangeiros em seu espaço aéreo e a China prometeu guerra se o Japão derrubar seus drones.
O conflito é sobre as ilhas Senkaku, chamadas pela China de ilhas Diaoyu. As três ilhas áridas têm estado sob controle japonês desde 1895. Elas passaram para o controle dos EUA quando da rendição japonesa após a 2ª Guerra Mundial, mas foram devolvidas ao Japão em 1972.
Na semana passada, o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe deu ordens ao Ministério da Defesa para abater qualquer drone estrangeiro que ignore os avisos de deixar o espaço aéreo japonês. O porta-voz do Ministério da Defesa chinês Geng Yansheng respondeu no sábado. De acordo com a mídia estatal chinesa Xinhua: “Geng disse que se o Japão fizer tal movimento, isso seria uma provocação grave à China e um ato de guerra e a China tomará medidas resolutas para contra-atacar.”
O próximo passo poderia moldar o futuro da região. “A diplomacia chinesa colocou o Japão numa situação de perda total”, disse a professora June Teufel Dreyer, do Departamento de Ciência Política da Universidade de Miami. “Se eles abaterem um drone, então isso seria um ato de guerra dos japoneses. Mas se eles não repelirem os drones e embarcações de vigilância, os chineses simplesmente assumirão o controle das ilhas.”
Dreyer acredita que a China usará sua estratégia típica. Segundo a professora, a China pressionará duramente, dará um passo atrás e esperará por um incidente que lhe permita criticar o Japão, em seguida, avançará novamente.
Ela disse que o Artigo 9 da Constituição japonesa, que proíbe a guerra como meio de resolver conflitos internacionais, poderia ser um fator incapacitante para o Japão. Ela disse: “Eu acho que os chineses tomarão as ilhas gradualmente.”
Edward Luttwak, associado-sênior do Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais e autor de “The Rise of China vs. the Logic of Strategy”, vê as coisas de outra forma.
Ele disse que recuar contrariaria o caráter japonês e acredita que o Japão manterá as ordens de abater drones chineses, caso a China teste a determinação japonesa. A partir daí, a bola estará no campo da China. “Eles estão brincando com fogo, mas eu não posso acreditar que a liderança chinesa de fato cruzaria o limiar”, disse Luttwak.
Ele acrescentou que uma de duas opções está por trás das ameaças da China. “Ou o governo chinês perdeu completamente o bom senso”, disse ele, ou eles estão usando uma antiga estratégia chinesa “que é possível ganhar com exibições teatrais inteligentes”.
Após as ordens japonesas para abater aviões chineses em seu espaço aéreo; na segunda-feira, a China enviou quatro navios da guarda costeira para as águas disputadas. No mesmo dia, a mídia estatal chinesa Global Times escreveu: “A China não tem se envolvido numa guerra por um longo tempo, mas uma guerra se aproxima após a provocação radical do Japão.”
Se um conflito começar, isso poderia ter um efeito dominó em toda a região da Ásia-Pacífico. A China está envolvida em disputas territoriais com a maioria de seus vizinhos, incluindo a Índia, Vietnã, Taiwan, Filipinas e Malásia e a possibilidade de intervenção dos EUA também não deve ser descartada.
A China tem muito a perder e pouco a ganhar. Luttwak disse: “Um pequeno incidente iniciaria uma cadeia de grandes consequências econômicas. Isso poria um fim ao ciclo de prosperidade chinesa.” Luttwak comentou que a loucura humana tem sido um tema ao longo da história, mas que a China sacrificar tudo “por causa de três rochas, isso ficaria para a história”.