Depois de investigar a visão de milhares de pessoas durante décadas, o oftalmologista Dr. Bates apresentou seus estudos e conclusões. Os resultados demonstram que os distúrbios visuais (desde as falhas de refração – miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia -, até as doenças orgânicas, como catarata, glaucoma e outras) são exatamente o efeito de estados e tendências mentais dos indivíduos, que se transformam em comportamentos visuais.
Ele verificou e provou cientificamente que os distúrbios de refração, assim como a maioria das doenças oculares orgânicas, ocorrem quando surgem pensamentos e posturas mentais/emocionais alteradas. Segundo Dr. Bates, “A mente é a fonte de todos esses esforços de origem externa exercidos sobre o olho. Cada pensamento de esforço na mente, de qualquer tipo, transmite um impulso motor para o olho, e cada impulso provoca uma alteração do formato normal do olho e diminui a sensibilidade do centro de visão. Portanto, se alguém quiser ter uma visão perfeita, é preciso deixar de ter qualquer pensamento de esforço na mente”.
A oftalmologia convencional afirma que os defeitos de refração são gerados devido a imperfeições congênitas do globo ocular e às falhas de acomodação do cristalino. No entanto, Bates verificou que os distúrbios visuais são o resultado de alterações dinâmicas nas tensões dos músculos extrínsecos que movem o globo ocular. “Demonstrou-se em milhares de casos que todas as medidas anormais dos músculos externos do globo ocular são acompanhadas por uma tensão ou esforço para ver, e que, com o alívio da tensão, a ação dos músculos torna-se normal e todos os erros de refração desaparecem”.
O globo ocular tem seis músculos externos que o dirigem. Em uma pessoa saudável, eles estão sempre em estado relaxado e movimentam os olhos com suavidade e facilidade. Já em uma pessoa mentalmente tensa, os músculos ficam tensionados e enrijecem. Isto produz tensões crônicas no globo ocular que, sendo assim alterado anatômicamente, recebe de forma parcial os raios de luz.
Se as alterações mentais/emocionais são momentâneas, os distúrbios visuais serão passageiros. Se essas alterações se tornam habituais, utilizando a visão de forma permanentemente distorcida, como uma forma de ver a vida, de se relacionar com as circunstâncias, então, alteram-se cronicamente os padrões do aparelho visual, produzindo os distúrbios de refração e as doenças oculares orgânicas.
Depois de compreender as causas reais dos distúrbios visuais, o Dr. Bates compreendeu que o uso de óculos não apenas deixa de curar efetivamente os olhos, como fixa cada vez mais as alterações não saudáveis que a pessoa produz em seus olhos.
Assim como ele, inúmeros oftalmologistas verificaram que em diversos casos as pessoas curam-se espontaneamente dos distúrbios de refração quando perdem ou quebram seus óculos. Para a oftalmologia convencional isso é sempre uma incógnita, porque segundo suas teorias, o globo ocular é fixo em sua anatomia, e, portanto, uma vez que a pessoa nasceu com uma alteração anatômica no globo ocular, ele se manterá com essa tendência para sempre.
Bates verificou que mesmo nas pessoas com fortes graus de distúrbios de refração, o formato de seu globo ocular muda constantemente – às vezes, em questão de minutos, e inúmeras vezes ao dia -, alcançando seu formato original e saudável algumas vezes, ou até mesmo alterando os tipos de seus distúrbios visuais – de míope para hipermetrope ou para astigmata -, em diferentes períodos do dia. Isso porque a pessoa atravessa diferentes estados psicológicos num dia ou num período de sua vida, estando mais relaxada em uns e mais tensa em outros. Porém, quando um oftalmologista propõe o uso de lentes corretivas (óculos ou lentes de contato) para a pessoa, baseado nas medições que faz num determinado momento em seu consultório, ele faz lentes que obrigarão os olhos a se adaptarem constantemente a esse mesmo estado que ele aferiu.
Ao contrário de receitar lentes corretivas, o Dr. Bates nos ensina a compreender como usamos nossos olhos de forma errada, com tensões e distorções que os adoecem. Ele demonstra como perdemos nossa perspicácia visual dessa forma, e nos ensina como reverter esse processo e recuperar plenamente a visão. Segundo o Dr. Bates, “O olho com visão normal nunca tenta ver… Sempre que o olho tenta ver, ao mesmo tempo deixa de ter a visão normal… O olho possui visão perfeita apenas quando estiver absolutamente em repouso… O ato de ver é passivo. As coisas são vistas, assim como são sentidas, ouvidas, ou degustadas, sem esforço ou vontade por parte do sujeito”.
Bates compreendeu os fundamentos da visão e oferece uma via extremamente efetiva para sanar muitos tipos de distúrbios visuais. “O olho pode ser cego, pode estar sofrendo de atrofia do nervo óptico, de cataratas, ou doença da retina, mas desde que a pessoa não tente ver, os músculos externos atuarão normalmente e não existirá nenhum erro de refração. Este fato nos fornece os meios pelos quais todas estas condições, por tanto tempo consideradas incuráveis, podem ser (de fato) curadas”.
E essas não são afirmações teóricas. Milhares de pessoas com variados tipos de doenças oculares, inclusive severas, foram curadas através de seus ensinamentos e possibilidades de tratamento. Hoje, existe um fisioterapeuta muito famoso no mundo, que deve praticamente toda a recuperação de sua cegueira e o desenvolvimento de seu método terapêutico ao Dr. Bates. Meir Schneider nasceu com graves distúrbios oculares (cegueira quase total e nistagmo) e depois de conhecer, compreender e utilizar corretamente os ensinamentos de Bates, curou-se de seus distúrbios visuais. Aplicando e ampliando as compreensões do Dr. Bates, criou um método, chamado de Self-Healing, que ajuda muitas pessoas a se recuperarem de graves doenças e disfunções ósteo-musculares. Schneider também compreendeu o quanto as raízes dos distúrbios visuais e físicos vêm da mente, e como a conscientização e a cura da mente curam o corpo.
Na próxima parte do artigo ampliaremos os entendimentos do Dr. Bates, falando sobre a acomodação visual e a recuperação da capacidade de focalizar e da nitidez para ler e enxergar. Abordaremos também alguns meios específicos do Método Bates.
Alberto Fiaschitello é terapeuta naturalista e cientista social