Apesar da pequena queda do Brasil no ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial, divulgado em setembro, em que passou da 56ª para a 57ª posição, o país possui indicadores positivos que merecem atenção. A amplitude de nossa economia doméstica, a capacidade de atração de investimentos diretos e a boa taxa de empregabilidade dão fôlego e incentivo para a manutenção do desenvolvimento. Somado a estes fatores, podemos considerar as oportunidades de investimentos em infraestrutura e incentivos à educação.
O Brasil desfruta do privilégio de possuir uma comunidade empresarial sofisticada e com excelência em inovação em alguns setores. Partindo deste princípio, focar em competitividade é crucial num momento em que o país se insere cada vez mais no mercado global. Estratégias como esta permitem, inclusive, que haja uma recuperação econômica robusta e perene, sustentável ao longo do tempo, e possibilita a criação de antídotos para combater eventuais percalços econômicos que podem tornar qualquer nação vulnerável. Tudo isso exige reformas e investimentos, e os resultados são perceptíveis em médio e longo prazos.
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Os alicerces do desenvolvimento passam por políticas de ajustes e fortalecimento da macroeconomia e por mecanismos de modernização da infraestrutura, que possam proporcionar maior crescimento econômico. Também envolve incentivos ao empreendedorismo com a redução da burocracia, que impõe um alto custo para as empresas, e a modernização do nosso parque industrial, o que é fundamental para a inserção mais profunda do país no cenário externo e a ampliação das oportunidades de negócios para as companhias. Incentivos à educação e a cultura de pesquisa também podem acelerar a geração de inovação, propiciando a interação entre a classe científica e empresas, medida fundamental para ampliar a competitividade da economia.
O aprimoramento da infraestrutura resulta em oportunidades para empresas brasileiras e estrangeiras. É preciso, porém, que os aportes combinem fatores de infraestrutura básica (com a construção e modernização de estradas, ferrovias, portos e aeroportos) e tecnológica (pela geração de energia por meio de diversas fontes, além de melhorias na telefonia e no acesso à internet). Evidentemente, neste ponto é importante sempre levar em consideração a preservação de recursos naturais, para seguirmos um modelo de desenvolvimento sustentável capaz de conciliar as demandas sociais, econômicas e ambientais.
O diagnóstico e o planejamento para impulsionar ainda mais o país já existem, basta colocar os projetos em prática. Estamos diante de um momento histórico repleto de prosperidade e de mudanças, um momento em que há a possibilidade de iniciarmos um novo ciclo de investimentos em infraestrutura, estímulos à produtividade e à inovação. É preciso considerar esta percepção e reafirmar o potencial do Brasil para seguirmos rumo ao desenvolvimento com uma economia mais competitiva.
Ricardo Diniz é vice-presidente do Bank of America Merrill Lynch Brasil. Foi chefe da Thomson Reuters América Latina (2008), chefe da Reuters América Latina (2001) e Brasil Country Manager da Thomson Reuters (1997). É graduado em administração. Estudou no Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), na Universidade de Michigan, no Massachussets Institute of Technology (MIT) e na Universidade de Michigan