Como um “casal”, diz autoridade chinesa sobre a relação EUA-China

15/07/2013 14:25 Atualizado: 15/07/2013 14:26
O vice-primeiro-ministro Wang Yang numa conferência de imprensa em Pequim. Ele presidiu o Diálogo Estratégico e Econômico desse ano entre os EUA e a China, ocorrido em Washington DC entre 10 e 11 de julho (Lintao Zhang/Getty Images)

Durante seu discurso para abrir o anual Diálogo Estratégico e Econômico entre os Estados Unidos e a China, o vice-primeiro-ministro chinês Wang Yang tentou, provavelmente, ser um tanto engraçado demais.

“As relações econômicas sino-americanas são como uma espécie de casal. Vivemos no mesmo planeta; há vocês em mim, assim como estou em vocês. Embora tenhamos desacordos e opiniões diferentes, devemos fazer mais para nos entendermos melhor, fortalecer nossa confiança mútua e promover uma base comum de existência”, disse Wang Yang, segundo a Xinhua, uma mídia estatal porta-voz do regime chinês.

“Não podemos seguir o caminho do divórcio, como aconteceu com Wendi Deng e Rupert Murdoch. O custo seria muito alto”, continuou Wang Yang, referindo-se ao recente divórcio o presidente da News Corporation e sua esposa chinesa.

A reunião anual entre representantes dos dois países visa abordar uma ampla gama de problemas no relacionamento EUA-China. O encontro desse ano ocorreu em Washington DC em 10 e 11 de julho, com o secretário do Tesouro Jack Lew e o secretário de Estado John Kerry como os líderes da delegação dos EUA, enquanto Wang Yang e Yang Jiechi, um alto funcionário do Conselho de Estado, presidindo a delegação chinesa.

Wang Yang também disse em seu discurso de abertura que a China deseja manter seu “sistema básico”. “No que diz respeito a opiniões que possam afetar nosso sistema básico ou prejudicar os interesses nacionais, somos como os Estados Unidos. Não importa que tipo de diálogo seja, nunca o aceitaremos e insistiremos em nossos objetivos”, escreveu a mídia chinesa, citando Wang Yang.

Wen Zhao, um comentarista sobre a China que vive no Canadá, disse que os comentários de Wang Yang implicam que a China não aceitará a pressão da comunidade internacional para melhorar seu histórico de direitos humanos nem aceitará o pedido por democracia e reforma política.

“‘O sistema básico’ significa a chamada ‘ditadura democrática’, que é simplesmente uma ditadura de partido-único disfarçada sob o nome de socialismo. ‘Interesses nacionais’ significa que os maiores interesses residem no Partido Comunista Chinês [PCC], que é o único líder e aquele que controla tudo.”

Os comentários são contrastantes com a reputação de Wang Yang de ser um reformador na liderança do PCC. Wang Yang, um dos quatro atuais vice-primeiros-ministros do PCC, é conhecido por promulgar um conjunto de políticas econômicas e sociais liberais durante seu mandato como secretário do PCC na província de Guangdong. Por exemplo, ele permitiu que grupos não-governamentais na província de Guangdong se registrassem sem o patrocínio de uma agência governamental. Wang Yang também foi elogiado por sua atuação durante os protestos na vila de Wukan em 2011, que resultaram em eleições para escolher os novos representantes locais do PCC.

No entanto, Wang Yang posteriormente abandonou seus esforços de reforma e começou a reprimir os meios de comunicação locais e grupos ativistas de direitos. A linha-dura no PCC também criticou e atacou Wang Yang por suas ‘políticas mais liberais’, algo que ele está cada vez mais distante agora.

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