Ex-presidente da maior petroleira da China é acusado de corrupção
Se você não for bem chefiando uma das empresas estatais da China, você não será simplesmente demitido. Você também será processado por acusações de corrupção, tenham as acusações qualquer base real ou não. Isto é o que ocorreu com Jiang Jiemin, o ex-presidente da maior companhia de petróleo da China, a PetroChina Co. Ltd.
A mídia estatal informou em 1º de setembro que Jiang Jiemin – que não deve ser confundido com o ex-líder chinês Jiang Zemin – seria investigado por “suspeitas de graves violações disciplinares”.
Jiang Jiemin foi presidente da PetroChina de maio de 2007 a março de 2013 e controlava outra empresa parente da PetroChina, a Corporação Nacional de Petróleo da China (CNPC). Até sua investigação, ele também chefiou por algum tempo uma organização que supervisionava todas as empresas estatais da China.
Quatro outros executivos da PetroChina e um da Kunlun Energy Ltd. também estão sob investigação. Frequentemente, na China, acusações de corrupção são forjadas para eliminar adversários políticos. No caso de Jiang Jiemin, no entanto, as alegações podem ser verdadeiras.
Uma coisa é certa: sua gestão da PetroChina e da CNPC não foi bem sucedida. O preço das ações da PetroChina atingiram um recorde histórico de HK$ 19,66 em novembro de 2007, logo após ele se tornar presidente. Desde então, os papéis tem caído, paralelamente a um declínio geral no mercado chinês, para HK$ 8,6, uma queda de 56%. A CNPC detém a PetroChina, mas não é uma empresa pública.
Em 23 de agosto, a PetroChina registrou um ganho de 6% de benefício por ação (BPA) pelo primeiro semestre de 2013 em relação ao mesmo período do ano anterior. Mas analistas do Citigroup acham que esses números mascaram a verdadeira imagem de rendimentos. Ajustado para certos ganhos não recorrentes, o BPA caiu 29% no ano – esse número reflete de forma mais realista os frequentes maus investimentos de anos anteriores sob o mandato de Jiang Jiemin. O Citigroup agora tem uma avaliação de “venda” para estas ações.
“[Enquanto] o mercado se concentra cada vez mais na deterioração de ganhos em outras partes do mercado, estamos preocupados que a valorização da PetroChina possa despencar”, diz o relatório.
O estudioso chinês Cai Shenkun acha que há uma razão para a PetroChina e a CNPC terem gasto tanto em despesas de capital e que isso forneceria uma explicação para as acusações de corrupção. De acordo com Cai, os executivos em torno de Jiang Jiemin usaram fundos da empresa para comprar equipamentos de parentes.
“Os principais beneficiários do caso são os parentes de um funcionário de alto escalão”, escreve ele em seu blogue. “Apenas para o projeto de um campo de petróleo, a CNPC pagou aos beneficiários US$ 800 milhões. … Eles usam organizações no exterior para acumular bilhões de dólares para suas famílias.”
Cai continuou a explicar que, numa empresa estatal como a PetroChina, que é rigidamente controlada pelo Partido Comunista Chinês (PCC), os executivos de alto escalão podem dizer a seus subordinados como gastar o dinheiro em projetos de expansão da empresa. “Eles têm poder absoluto para distribuir os recursos”, escreve Cai, acrescentando que brechas no controle e gestão financeira são facilitadas para esconder a corrupção.
Numa análise, ele também explora outra rota de corrupção: a importação de petróleo barato no exterior e sua venda a preços acima do mercado na China. “Eles importam combustível mais barato por meio de canais diplomáticos e roubam do Estado grandes quantias por meio de investimentos complicados no país e no estrangeiro”, escreve ele.
Ironicamente, mesmo que as acusações de corrupção sejam verdadeiras, elas podem também servir para se livrar de um adversário político do atual líder chinês Xi Jingping. Jiang Jiemin era um aliado próximo de Zhou Yongkang, o ex- chefe da segurança pública, e amigo do político desgraçado Bo Xilai. Esta é uma oportunidade bem-vinda para Xi Jinping deslocar o controle de recursos do Estado para as próprias mãos.