Como Jiang Zemin encorajou as atrocidades de Bo Xilai (Parte 3)

02/11/2012 10:00 Atualizado: 05/12/2012 13:18
O ex-líder chines Jiang Zemin no Grande Salão do Povo em 21 de outubro de 2007. (Goh Chai Hin/Getty Images)

Essa é a terceira parte de uma séria de três partes. Leia aqui a parte 1 e a parte 2.

Bo Xilai, que não há muito tempo aspirava ao poder supremo do regime, agora está na Prisão Qincheng em Pequim, enquanto seus ex-camaradas debatem a melhor forma de fazer uso dele.

Depois que Wang Lijun, o ex-chefe de polícia de Bo Xilai, foi entregue pelas autoridades consulares norte-americanas aos vice-ministros chineses enviados para levarem Wang Lijun de volta a Pequim, Wang Lijun revelou o golpe de Estado planejado por Jiang Zemin, Zhou Yongkang, Bo Xilai e outros.

A facção de Jiang Zemin entendia claramente que grandes crimes haviam sido cometidos e uma dívida esperava ser paga. Dezenas de milhares de chineses inocentes tiveram seus órgãos arrancados enquanto ainda estavam vivos. Eles morreram de forma anônima e dolorosamente, segundo o depoimento de testemunhas que escaparam da China. Seus corpos foram cremados ou vendidos para serem transformados em objetos de exibição.

Apenas o regime do Partido Comunista Chinês (PCC) e seus meios de coerção e propaganda poderiam garantir a segurança da facção de Jiang Zemin. Bo Xilai foi escolhido para liderar a usurpação.

Ao expor essa trama, Wang Lijun a derrotou. Ele deu ao líder chinês Hu Jintao e ao premiê Wen Jiabao a arma que precisavam para tirar o poder da facção de Jiang Zemin, que Hu Jintao e Wen Jiabao têm gradualmente realizado ao longo dos últimos oito meses.

Em setembro deste ano, um consenso foi alcançado no PCC: o maoísmo defendido por Bo Xilai era um passado que não renasceria. O PCC se uniu ao tomar uma nova direção, embora incerta, que repudiou a política de Jiang Zemin e Bo Xilai.

Mas esse novo consenso não liquidou a dívida que ainda espera ser paga. O debate sobre como julgar Bo Xilai diz respeito, em última análise, a possibilidade ou a forma de pagar essa dívida.

Aferindo sentimentos

De acordo com uma fonte confiável, numa reunião sobre a coleta de órgãos na central da liderança do PCC em Zhongnanhai, Wen Jiabao disse, “Isso [a colheita de órgãos] tem acontecido por muitos anos. Estamos prestes a nos aposentar e isso não foi resolvido.”

“Agora, com as notícias sobre Wang Lijun, todo o mundo sabe a respeito”, disse Wen Jiabao. “A questão sobre o Falun Gong deve ser resolvida em conjunto com Bo Xilai. As peças para fazê-lo estão lá.”

Mas até agora, as visões de Wen não se concretizaram. Alguns líderes do PCC podem favorecer o uso do julgamento de Bo Xilai como o primeiro esforço para limpar a colheita de órgãos na China, mas eles não sabem se o PCC suportará as consequências. Quem seria julgado em seguida e quantos ex-líderes precisariam seguir o destino de Bo Xilai?

Alguns líderes do PCC tentam avaliar o sentimento do povo e dos camaradas, para descobrir que informações divulgar sobre a coleta de órgãos e como divulgá-las. Esta hesitação deixou a facção de Jiang Zemin livre para encontrar maneiras de se esconder e tergiversar.

Divulgação e acobertamento

Em 28 de agosto, a mídia estatal Xinhua anunciou que a segurança pública chinesa desmantelou 28 gangues envolvidas no tráfico de rins. Em 9 de setembro, a revista de negócios Caijing de Pequim publicou uma reportagem sobre o julgamento de um gângster que organizou uma rede para a compra de rins e sua venda a cirurgiões para transplante.

A história da Caijing era mais franca e detalhada do que qualquer coisa publicada antes sobre a extração de órgãos na China. Apesar de não discutir a colheita forçada de órgãos de pessoas vivas que Bo Xilai usou contra os praticantes do Falun Gong, a discussão da rede criminosa de colheita de rins introduziu o tema da colheita de órgãos ao povo chinês.

Por um lado, a história da Caijing e as notícias sobre as 28 redes de tráfico de órgãos parecia dar cobertura a facção de Jiang Zemin: os órgãos utilizados em transplantes na China foram fornecidos por organizações criminosas.

Ao mesmo tempo, a história de que as gangues fizeram isso só podia servir de pretexto. Isso nunca poderia satisfazer mesmo um escrutínio momentâneo de um conhecedor do assunto.

Por outro lado, a história da Caijing mostrou como o gangster julgado havia simplesmente se encaixado num sistema já existente, que envolvia a segurança pública, tribunais, hospitais militares e cirurgiões. Isso deu aos chineses uma dica sobre a gigante rede de órgãos patrocinada pelo Estado que alimentava a indústria chinesa de transplante.

Em 17 de setembro, o vice-ministro da Saúde chinês Huang Jiefu tentou outra abordagem para confundir a questão. Huang Jiefu deu uma entrevista exclusiva à Caijing na qual ele disse que 35% dos transplantes de órgãos usam órgãos provenientes de pessoas vivas, ou seja, de doadores voluntários.

Uma vez que por razões culturais o programa chinês de doação voluntária de órgãos é quase inexistente, a declaração de Huang Jiefu é obviamente falsa. Ele talvez tenha sentido a necessidade de dar tal explicação devido a um evento na semana anterior em Washington DC e a um evento programado para acontecer no dia seguinte em Genebra.

Em 12 de setembro, foi realizada uma audiência no Congresso dos EUA sobre a colheita de órgãos. Em 18 de setembro, Annette Jun Guo, editora-chefe do Epoch Times, participou da 16ª Reunião Plenária do Conselho de Direitos Humanos da ONU e pediu uma investigação sobre a colheita de órgãos na China.

Esta crescente atenção internacional restringe a capacidade do PCC de simplesmente negar que a colheita forçada de órgãos de pessoas vivas venha ocorrendo. Chineses fora da China ouvem a respeito e, em seguida, aqueles na China se informam também.

Mais foi revelado poucos dias depois quando a Xinhua anunciou em 28 de setembro que Bo Xilai foi expulso do PCC e seria julgado num tribunal criminal.

O microblogue Weibo removeu a proibição de palavras-chave, como “colheita de órgãos de pessoas vivas”. Levantar tal proibição é uma espécie de provocação. As pessoas na China podem ver os resultados da pesquisa, mas não podem ler os artigos.

O momento do relaxamento desta censura era um lembrete para aqueles no regime que Bo Xilai ainda poderia ser julgado por outros crimes além de “corrupção”, enquanto, ao mesmo tempo, alimentava o público chinês com outra dose homeopática de informações sobre as atrocidades em massa.

Bode expiatório

Se um encobrimento da colheita de órgãos não era uma opção para a facção de Jiang Zemin, seja culpando gangsteres ou apontando para doadores familiares não existentes, outra jogada poderia ser tentada.

Em 3 de outubro, o Boxun, um website de notícias em língua chinesa que é conhecido por publicar artigos amistosos a Jiang Zemin no passado, publicou um artigo sobre Bo Xilai. O artigo disse que Bo Xilai era mau e manipulador, que planejava matar mais de meio milhão de pessoas quando chegasse ao topo da liderança do PCC e que estava envolvido na colheita de órgãos de pessoas vivas, violando todos os princípios morais.

A fonte do Boxun disse que o crime da colheita de órgãos ocorreu sob a proteção do Comitê dos Assuntos Político-Legislativos e foi realizado por Gu Kailai, a esposa de Bo Xilai.

A fonte também afirmou que após o escândalo de Bo Xilai vir à tona, Jiang Zemin criticou Bo Xilai por “crimes contra a humanidade” e por descer tão baixo.

O artigo do Boxun parece ser uma cartada da facção de Jiang Zemin para sacrificar Bo Xilai e proteger Jiang Zemin, Zhou Yongkang e o resto da facção envolvida na colheita de órgãos.

Pagando a dívida

Alguns na liderança do PCC, que não são parte da facção de Jiang Zemin, podem achar este último estratagema atraente. Ele parece oferecer uma forma de reconhecer as atrocidades e preservar o PCC; no entanto, esse círculo é quadrado.

A liderança está se enganando se acha que rotular Bo Xilai de bode expiatório dará uma saída ao PCC. Muitas pessoas participaram nestas atrocidades em massa, que deixou muitas vítimas em seu rastro, para que o regime agora possa fantasiar essa monstruosidade.

Além disso, quem tem a responsabilidade no final é simples para que todos possam ver. Jiang Zemin ordenou a perseguição ao Falun Gong, ele determinou que não havia limites sobre as medidas tomadas para perseguir os praticantes do Falun Gong; ele recompensou a brutalidade de Bo Xilai e de outros; ele fez seu chefe da segurança pública Zhou Yongkang gastar recursos maciços na perseguição, o que Zhou Yongkang fez avidamente.

Bo Xilai, Jiang Zemin, Zhou Yongkang e outros não podem escapar da culpa pelo que fizeram. Os líderes do PCC estão decidindo agora se responsabilizarão a facção de Jiang Zemin. Se eles não fizerem isso, a dívida ainda terá de ser paga e eles assumirão parte dela.

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Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.