Como Jiang Zemin encorajou as atrocidades de Bo Xilai (Parte 2)

31/10/2012 17:45 Atualizado: 20/04/2014 21:29
Bo Xilai no Congresso Nacional Popular no Grande Salão do Povo em Pequim em 14 de março de 2012. (Mark RalstonAFP/Getty Images)

Esta é a 2ª parte de série de três partes. Leia a 1ª parte aqui.

O destino do político chinês desgraçado Bo Xilai tem absorvido os líderes do Partido Comunista Chinês (PCC) desde que seu chefe de polícia, Wang Lijun, tentou desertar no consulado dos EUA em 6 de fevereiro. A questão não é o destino individual de Bo Xilai, mas quão amplamente implicados estão outros oficiais do PCC nos crimes de Bo Xilai.

De acordo com uma investigação do Comitê Central de Inspeção Disciplinar, muitos altos oficiais estão envolvidos no caso de Bo Xilai.

Aparentemente, não há preocupação com os vários crimes de Bo Xilai; a mídia estatal Xinhua, porta-voz do regime chinês, anunciou que ele seria julgado no Tribunal Penal basicamente por crimes de corrupção. No entanto, quase todos os oficiais do PCC podem ser processados facilmente por corrupção caso haja necessidade.

Mas a preocupação verdadeira da liderança do PCC em Zhongnanhai é com os crimes que a Xinhua não mencionou – crimes contra a humanidade e, em particular, a atrocidade da colheita forçada de órgãos de pessoas vivas.

O ex-líder chinês Jiang Zemin e o atual chefe da segurança pública Zhou Yongkang eram os mais envolvidos com Bo Xilai na execução destes crimes. Os líderes do PCC estão aterrorizados com a perspectiva e a pressão que incidiria sobre o PCC se Bo Xilai fosse acusado de atrocidades que Jiang Zemin e Zhou Yongkang também participaram.

O caso de Bo Xilai traria toda a casa abaixo.

Sem limites

O caminho de Bo Xilai para a Prisão Qincheng em Pequim começou com a decisão de Jiang Zemin em julho de 1999 de eliminar a disciplina espiritual do Falun Gong na China.

Para suprimir rapidamente o Falun Gong, Jiang Zemin estabeleceu um órgão especial do PCC, a Agência 610, em referência a data de sua criação (6 de junho de 1999). A Agência 610 é um órgão extraconstitucional com autoridade sobre todos os níveis do PCC e do Estado em matéria de erradicar o Falun Gong.

Jiang Zemin ordenou secretamente que a Agência 610 “difamasse suas reputações [dos praticantes do Falun Gong], arruinasse-os financeiramente e destruísse-os fisicamente”.

Jiang Zemin ordenou a tortura dos praticantes que se recusassem a abandonar suas crenças. Se eles morressem, suas mortes seriam “contadas como suicídio”. Os torturadores que servem a Agência 610 foram informados de que se tais praticantes “morressem em vão”, a Agência 610 deveria “cremá-los sem os identificar”.

Uma fonte familiarizada com o assunto disse ao Epoch Times que Jiang Zemin escreveu estas ordens num pedaço de papel sem assinar. No entanto, os funcionários da Agência 610 sabiam que as ordens vinham de Jiang Zemin e as executaram.

Logo após a perseguição ao Falun Gong começar, seus praticantes passaram a relatar no website Minghui que policiais os informaram sobre estas ordens, como uma maneira de aterrorizá-los para abandonarem a prática ou como justificativa para roubarem-nos e abusarem deles.

Dois oficiais do PCC confirmaram a existência dessas ordens.

Hao Fengjun era um oficial da Agência 610 na cidade de Tianjin. Em junho de 2005, ele fugiu para a Austrália, trazendo consigo um disco cheio de documentos da Agência. Hao Fengjun confirmou que a Agência recebeu essas ordens.

Chen Yonglin fez o mesmo depois que fugiu para a Austrália, também em junho de 2005. Chen Yonglin foi o cônsul para assuntos políticos no consulado-geral em Sydney e seus deveres incluíam organizar a espionagem de dissidentes chineses na Austrália, especialmente praticantes do Falun Gong.

As ordens dadas por Jiang Zemin a respeito do Falun Gong removeram todos os limites sobre o tratamento contra praticantes. Com um golpe de sua caneta anônima, Jiang Zemin subverteu todo o sistema jurídico da China.

Sem restrições à crueldade ou ganância dos oficiais, a tortura de praticantes para forçá-los a desistir de suas crenças rapidamente escalou para o assassinato de praticantes por seus órgãos para enriquecimento.

Colheita de órgãos

Bo Xilai se prostituiu por promoções e riquezas que o líder chinês Jiang Zemin podia dispensar e quando a perseguição ao Falun Gong começou, Bo Xilai viu sua grande chance.

Quando a perseguição começou, Bo Xilai era prefeito de Dalian, a segunda maior cidade da província de Liaoning, mas ele logo se tornou governador de Liaoning.

De acordo com uma fonte, ele e sua esposa Gu Kailai foram os que começaram a prática da colheita forçada de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong. Além disso, Dalian foi a primeira cidade a lucrar com a venda de cadáveres de praticantes cujos órgãos haviam sido colhidos.

A venda de órgãos e cadáveres era um negócio lucrativo, a qual Bo Xilai e Gu Kailai se referiam como um negócio de “reciclagem”.

Bo Xilai, Gu Kailai e Wang Lijun estavam envolvidos nestes crimes. Eles trabalharam de perto com a Universidade Médica de Dalian. Muitos oficiais da saúde pública, da segurança pública e dos sistemas policiais, bem como profissionais médicos e filhos de altos oficiais de Dalian, na cidade de Shenyang (capital de Liaoning) e na província de Liaoning estavam envolvidos. Todos ganharam muito dinheiro.

Um policial que trabalhou para Wang Lijun relatou os crimes à ‘Coalizão para Investigar a Perseguição ao Falun Gong’ em 2009.

Em 9 de abril de 2002, numa sala de cirurgia no 15º andar do hospital geral da Base Militar de Shenyang, o policial testemunhou dois médicos-militares removerem os órgãos de uma praticantes do Falun Gong. A praticante estava em seus 30 anos e não foi anestesiada. Ela morreu de dor após seus órgãos serem removidos.

O Epoch Times revelou a história da colheita forçada de órgãos de pessoas vivas na China em 6 de março de 2006, com histórias detalhadas sobre um hospital em Sujiatun, um subúrbio da cidade de Shenyang.

Vinte e dois dias mais tarde, depois que o PCC teve a chance de remover todos os vestígios da operação de colheita de órgãos em Sujiatun, o Ministério das Relações Exteriores da China finalmente respondeu aos artigos do Epoch Times. O Ministério negou as acusações e pediu à comunidade internacional para conduzir uma investigação.

No entanto, quando representantes de uma organização de direitos humanos do Canadá e repórteres estadunidenses da Rádio Som da Rádio e da emissora NTDTV requereram vistos ao consulado chinês, seus pedidos foram imediatamente rejeitados.

Em 16 de abril, mais de cinco semanas após o Epoch Times divulgar a história, as autoridades consulares dos EUA visitaram o hospital, mas não havia mais nada restante para ver ou qualquer um que falasse sobre o que aconteceu lá.

Em 27 de março de 2006, um dia antes da resposta oficial do Ministério chinês, o PCC apressadamente publicou o “Regulamento provisório para a prática de transplantes de órgãos humanos”, proibindo a venda de órgãos humanos. No entanto, o regulamento não teria efeito até 1º de julho, aniversário da fundação do PCC.

Agora, mais de 6 anos depois, o regulamento ainda não conseguiu acabar com a colheita forçada de órgãos na China, segundo investigadores.

Cadáveres plastinados

Em agosto de 1999, Bo Xilai pessoalmente aprovou a criação de uma fábrica de plastinação em Dalian, que seria operada por Gunther von Hagens.

Plastinação é o processo desenvolvido por von Hagens em que os fluidos corporais do cadáver são substituídos por polímeros, preservando-os e permitindo que sejam expostos.

Von Hagens disse ao New York Times em 2006 que ele montou a fábrica em Dalian porque tinha encontrado mão de obra barata, alunos ávidos, poucas restrições governamentais e fácil acesso aos corpos chineses, que ele disse usar principalmente para experimentos e pesquisa médica, não para suas exposições.

O negócio de exibir cadáveres plastinados é altamente lucrativo e o ex-gerente de von Hagens, Sui Hongjin, logo montou uma fábrica de plastinação competidora. Em 2003, havia dez de tais fábricas em Dalian e, desde então, a China lidera mundialmente a exportação de corpos plastinados.

De acordo com uma fonte, Gu Kailai e Bo Xilai forneciam as fábricas de plastinação de Dalian os corpos de praticantes do Falun Gong. O Epoch Times não tem informação se von Hagens ou seus empregados sabiam que os corpos fornecidos eram de praticantes do Falun Gong.

Envolvimento de Wang Lijun

Quando Wang Lijun fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em fevereiro, websites em língua chinesa relataram na época que ele levou consigo uma pilha de documentos que conteria informações sobre os crimes do alto escalão do PCC.

Em maio, o Departamento de Estado dos EUA publicou seu relatório de direitos humanos de 2012. O relatório sobre a China incluiu pela primeira vez acusações claras sobre a colheita de órgãos de praticantes do Falun Gong.

Wang Lijun foi diretor do “Centro de Pesquisa Psicológica In Situ” da Secretaria de Segurança Pública de Jinzhou. Em 17 de setembro de 2006, Wang Lijun recebeu um prêmio e subsídios de pesquisa de 2 milhões de yuanes da Fundação Guanghua de Ciência e Tecnologia, que é afiliada à Liga da Juventude Comunista.

Wang Lijun estaria trabalhando com drogas injetáveis que ajudariam a preservar os órgãos depois de serem retirados do corpo para transplante e no efeito sobre os órgãos de injeções letais. Em seu discurso de aceitação do prêmio, ele mencionou que ocorreram milhares de operações de transplante em seu centro.

Liaoning foi a primeira província chinesa a padronizar o uso de injeções letais para todos os seus condenados à pena de morte, com a execução por fuzilamento suspensa. A execução por injeção letal é mais conveniente para a colheita de órgãos.

Crimes em todo o país

O que começou na província de Liaoning se propagou por toda a China.

A demanda por órgãos para transplante excede em muito a oferta. Segundo a revista Caijing, na China, há uma demanda anual de 1,5 milhão de órgãos para transplante. Além da demanda doméstica da China, há uma escassez mundial de órgãos para transplante e os turistas estrangeiros iam à China para tal procedimento.

He Xiaoshun, o vice-presidente do 1º Hospital Afiliado da Universidade Sun Yat-Sen em Guangzhou, disse ao Semanário do Sul em março de 2010, “O ano de 2000 marcou o ponto de virada nos transplantes de órgãos na China.” Em 2000, os transplantes de fígado na China foram 10 vezes maiores do que em 1999.

David Kilgour, ex-secretário de Estado canadense (Ásia-Pacífico), e o advogado de direitos humanos canadense David Matas investigaram as alegações de colheita forçada de órgãos de praticantes do Falun Gong na China e sua investigação concorda com a observação de He Xiaoshun.

No relatório “Colheita Sangrenta” de 2006, Kilgour e Matas observam que, nos seis anos antes do início da perseguição ao Falun Gong, houve 18.500 operações de transplante na China. Nos seis primeiros anos da perseguição, de 2000-2005, 60.000 operações de transplante foram feitas.

De acordo com as melhores fontes, o número de execuções – o regime chinês alegou várias vezes que prisioneiros executados eram a principal fonte dos órgãos utilizados nos transplante – se manteve estável por 12 anos, de 1994 a 2005. Além disso, o número de execuções não era suficiente para cobrir o aumento de transplantes.

Kilgour e Matas concluíram, num estudo reforçado pela consideração de 33 elementos de prova ou refutação, que, nos anos de 2000-2005, houve 41.500 transplantes que o regime chinês não pode fornecer uma fonte para os órgãos. Kilgour e Matas afirmaram que a fonte mais provável era de praticantes do Falun Gong.

O número de transplantes atingiu seu auge em 2005, 20.000 naquele ano – um ano antes do Epoch Times expor a prática.

Nos últimos anos, cerca de 10.000 operações de transplante foram realizadas anualmente na China. David Matas estimou a origem desses órgãos: 1.000 de prisioneiros no corredor da morte, 8.000 de praticantes do Falun Gong e 1.000 de outros prisioneiros da consciência.

A China tem dois sistemas médicos, um controlado pelo Ministério da Saúde e outro controlado pelos militares.

De acordo com uma investigação da ‘Organização Mundial para Investigar a Perseguição ao Falun Gong’, dos mais 150 hospitais militares na China, a maioria realiza transplantes de órgãos. Considerando o fornecimento de órgãos para transplante na China, isso significa que esses hospitais estão envolvidos na colheita forçada de órgãos.

Enquanto o PCC continua a considerar as implicações de julgar Bo Xilai pelas atrocidades que cometeu, o regime deve considerar as consequências de altos generais e oficiais serem culpados pelos mesmos crimes.

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Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.