Nos últimos meses, uma série de denúncias-crime foram apresentadas contra o ex-líder e ex-presidente chinês Jiang Zemin, a maioria delas movida por praticantes de Falun Gong, uma prática espiritual contra a qual Jiang liderou violenta perseguição iniciada em 1999. Alguns dos denunciantes foram presos pelas autoridades. Como o clima político em torno da perseguição ao Falun Gong continua a mudar na China, advogados e acadêmicos chineses estão refletindo sobre o caso.
Zhong Weiguang, acadêmico chinês que vive na Alemanha, comparou os pedidos de ações judiciais contra Jiang com “as ações contra Hitler por crimes contra a humanidade logo depois da II Guerra Mundial”. Ele caracterizou isso como quase uma inevitabilidade histórica.
Guo Lianhui, fundador do escritório de advocacia chinesa Jiangxi Mingli, disse em entrevista que as tentativas de mover ações contra Jiang Zemin foram “algo muito significativo” porque, disse Guo, Jiang “trouxe desastres para a China e o povo chinês bem como liderou uma perseguição brutal aos praticantes de Falun Gong”.
“Quem faz coisas más terá como retribuição o mal”, acrescentou.
Zhang Zanning, professor de Direito da Universidade de Nanjing, na Província de Jiangsu, exortou os tribunais chineses a aceitarem as queixas e indiciar Jiang, dado o movimento de promoção do regime de “Estado de Direito” nos últimos tempos na China. “Eu acredito que processar Jiang Zemin é muito apropriado, tanto do ponto de vista da lei como da justiça”, disse ele. “Meus colegas e eu acreditamos que processar Jiang Zemin é um muito encorajador. Isso mostra que a consciência jurídica do povo chinês está melhorando”.
Praticantes de Falun Gong – uma tradicional prática de meditação chinesa que incorpora em seus ensinamentos princípio morais – registraram pelo menos 70 denúncias criminais contra Jiang de 28 a 30 de maio na China, de acordo com Minghui, um website do Falun Gong com noticias em primeira mãos.
Jiang está sendo alvo de ações judiciais porque começou a perseguir a prática em 1999 e usou todo o aparato do Partido Comunista Chinês e do Estado nessa campanha de perseguição. Um número incerto de praticantes de Falun Gong – certamente mais de 100 mil, de acordo com estatísticas e estimativas conservadoras de investigadores – já foram mortos sob custódia policial ou devido à extração de seus órgãos para uso em transplantes.