De acordo com o site Mingjin de Hong Kong, todos os nove membros do Comitê Permanente da cúpula do regime chinês aprovaram o despacho de uma força-tarefa para investigar Bo Xilai, chefe do Partido Comunista Chinês (PCCh) na cidade de Chongqing, cujo ex-chefe de polícia aparentemente apresenta provas contra ele. A equipe de investigação inclui He Guoqiang, secretário da Comissão Central de Inspeção Disciplinar, e Zhou Yongkang, secretário do Comitê Central Político-Legislativo.
O Mingjin ainda revela que, segundo informantes da Comissão de Inspeção Disciplinar e do Departamento Central de Propaganda, oito dos nove membros não demonstraram hesitação ao apoiar a ação contra Bo, sendo que o nono concordou com relutância, devido a interesses econômicos de família em Chongqing, bem como na província desta cidade, Sichuan. O relato não traz o nome da pessoa, mas entre os nove, apenas He Guoqiang e Zhou Yongkang chegaram a trabalhar em Chongqing ou Sichuan.
A reportagem ainda diz que o ex-secretário-geral do PCCh, Jiang Zemin, também aprovou a investigação sobre Bo, “para dar uma explicação ao Partido e ao povo”. Os nove membros do Politburo concordaram que a investigação seguiria os procedimentos internos do Partido, assim, Bo ficará no cargo por ora.
O informe ainda comentou que o jogo estaria acabado para Bo com essa série de eventos. “O que passa na cabeça desses líderes do alto escalão é como se livrar de Bo e conseguir manter a reputação do Partido”, disse o informante.
Zhou Yongkang e Bo Xilai
A mídia chinesa ultramar Boxun reportou que Pequim está agora investigando quem informou Bo sobre a fuga de Wang Lijun para o consulado norte-americano, Wang que fora o braço-direito de Bo, como chefe de polícia e vice-prefeito de Chongqing.
Wang acreditava que Bo o assassinaria, e assim fugiu para o consulado. Ele só saiu de lá sob escolta de oficiais de Pequim. Wang está sendo investigado pela Comissão de Inspeção Disciplinar, e, baseado em declarações feitas contra Bo, Wang parece estar muito disposto a fornecer informações sobre seu ex-chefe.
Autoridades em Chengdu e Chongqing souberam da notícia de que Wang estava no consulado apenas despois que autoridades de Pequim os informaram, de acordo com uma reportagem da revista The New Century Weekly, publicada por Caixin em 13 de fevereiro.
Após Wang entrar no consulado norte-americano, o consulado informou o Ministério das Relações Exteriores, que então informou os líderes do governo central e os altos oficiais do Comitê Político-Legislativo, de acordo com o Boxun.
Especulações sobre a identidade do informante apontam para um secretário ou assistente de um dos nove membros do Comitê Permanente do Politburo, ou ainda do Ministério das Relações Exteriores ou do Comitê Político-Legislativo.
Após o incidente em Chongqing, o nome de Zhou Yongkang tem aparecido com frequência nas reportagens da mídia. Anteriormente, Zhou apoiara publicamente as ações de Bo Xilai na campanha “Cantando o vermelho e combatendo o preto”, ou seja, cantar músicas da era maoísta para enaltecer o comunismo e lançar mão de operações contra organizações mafiosas.
Em 9 de fevereiro, o Diário de Chongqing citou Zhou na primeira página defendendo a campanha “Combatendo o preto” de Bo. A agência de notícias AFP citou uma fonte dizendo que Zhou Yongkang aprovou a demissão de Wang Lijun como chefe de polícia de Chongqing.
No entanto, logo após Bo Xilai virar as costas para Wang Lijun, seu aliado mais próximo; Jiang Zemin e Zhou Yongkang fizeram o mesmo com Bo ao aprovar as investigações.
“Bo agora se tornou uma grande ‘torta’ política, da qual muitas pessoas querem um pedaço”, disse um informante da Comissão de Inspeção Disciplinar ao Mingjin.