O governo da Venezuela e a oposição chegaram a um acordo para a criação conjunta de uma comissão da verdade que investigará as denúncias de tortura e as várias situações de violência ocorridas no país. O acordo foi firmado durante a segunda reunião de diálogo entre o governo venezuelano e a oposição, feita nessa terça-feira (15) em Caracas com a presença de representantes do Vaticano, Brasil, Equador e da Colômbia.
Segundo Ramón Guillermo Azevedo, secretário da coligação Mesa de Unidade Democrática (MUD), da oposição, a comissão será composta por personalidades da sociedade venezuelana e deverá analisar 60 denúncias de casos de tortura e maus-tratos que ocorreram no país.
A oposição vai analisar e fazer propostas em matéria de segurança, prevenção e sanção dos delitos para o Plano de Pacificação Nacional lançado pelo presidente Nicolás Maduro.
De acordo com Azevedo, ainda não foi aceita a proposta da oposição de criar uma Lei de Anistia para os presos políticos e exilados. O governo venezuelano, no entanto, assumiu o compromisso de criar uma junta médica para analisar a saúde de Iván Simonovis, um comissário condenado a 30 anos de prisão pelo envolvimento nos fatos violentos que, em abril de 2002, afastaram temporariamente Hugo Chávez do poder.
Na reunião, a oposição condenou qualquer manifestação de violência no país e apelou pelo apoio e o respeito firme à Constituição.
Segundo o vice-presidente da Venezuela, Jorge Arreaza, a segunda reunião entre governo e oposição ocorreu sob alguma tensão, mas as partes mantiveram o diálogo, respeito e a tolerância. “Avança o diálogo pela paz e pela justiça sem impunidade”, disse Arreaza aos jornalistas, elogiando a disponibilidade da MUD para integrar o Plano Nacional de Pacificação.
A Venezuela registra há dois meses protestos diários em várias regiões, que já deixaram 42 mortos, mais de 600 feridos e grandes danos materiais.
Esse conteúdo foi originalmente publicado no Portal EBC