A Comissão de Inquérito das Nações Unidas, liderada pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, constatou a presença de “militantes islâmicos estrangeiros, radicais ou jihadistas” na Síria, o que teria contribuído para a radicalização dos conflitos no país. De acordo com relatório da comissão divulgado hoje (16), apesar de poucos estrangeiros no país, essa presença é perigosa devido à fragilidade da situação.
“Os atores [estrangeiros] estavam lutando contra as forças do governo, mas não foram necessariamente fazê-lo com a mesma agenda do Exército Sírio Livre”, disse o chefe da comissão, Paulo Sérgio Pinheiro, em entrevista coletiva, nesta manhã.
O relatório também concluí que houve aumento das violações aos direitos humanos e ao direito internacional humanitário nos últimos meses, além da necessidade de se buscar uma solução política para a crise síria.
“Não há uma solução militar para a crise”, informou Pinheiro, que defende a atuação do assessor especial do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, sobre a Síria, Lakhdar Brahimi. Para ele, Brahimi contribuiria para a criação de um ambiente propício para conversas e negociações e para o cumprimento da recomendação do grupo de trabalho – que é acabar com a violência.
Segundo Pinheiro, foram registrados nos últimos meses casos de assassinatos, prisões arbitrárias, violência sexual e tortura, cometidas por ambas as partes envolvidas no conflito – governo da Síria e o Exército Livre Sírio. “Nós não estamos vendo que a escala de gravidade é a mesma”, explicou o chefe da comissão, ao ressaltar que foi verificada a prevalência de violações por parte do governo.
A comissão também constatou o uso de armas químicas no país, mas informou não saber precisar quem fez uso desses armamentos e qual foi a substância utilizada.
Ontem (15), foram registrados novos conflitos no país, após o acordo entre os Estados Unidos e a Rússia para eliminação do arsenal de armas químicas na Síria, elogiado pela ONU e por líderes europeus.
Para a ONU, o cerne da crise na Síria é a situação dos 1,2 milhão de refugiados internos e a das 2,5 milhões de pessoas que necessitam de ajuda humanitária. O país vive momento de escassez de combustível, água e eletricidade.
Esta matéria foi originalmente publicada pela Agência Brasil