Colômbia: militares precisam retornar à função de ministro da Defesa

06/05/2014 09:38 Atualizado: 06/05/2014 09:38

Em exposição direta, concreta e clara, durante um conversatório com o candidato presidencial Oscar Iván Zuluaga com alguns representantes das Forças Militares e da Polícia Nacional, o coronel da Reserva Ativa Luis Alberto Villamarín Pulido, estabeleceu a necessidade de que o cargo de ministro da Defesa Nacional seja ocupado por um oficial ativo ou da reserva das tropas, devido a que 14 ministros de Defesa civis em 22 anos não puderam concretizar uma estratégia clara e precisa para ganhar a guerra, melhorar o bem-estar das tropas, nem sustentar a defesa jurídica dos uniformizados.

O coronel Villamarín expôs seus pontos de vista nos seguintes termos:

– Doutor Zuluaga, falo em nome dos oficiais, sub-oficiais e soldados em serviço ativo e da reserva ativa das Forças Militares. A situação que atravessam a Colômbia e suas tropas é muito complexa. Por desgraça, ao longo da história republicana, o Exército tem sido visto como um mal necessário e não como a instituição que com sangue e sacrifício mantiveram em seus cargos dirigentes políticos, que em algumas ocasiões não foram dignos de estar lá, com a circunstância agravante de que desde há 50 anos as FARC pretendem tomar o poder por meio de um Plano Estratégico com componentes políticos, sociais, econômicos e culturais, enquanto que a resposta de todos os governos, sem exceção, foi o combate militar sem o apoio integral das tropas.

– Os militares ativos e da reserva requeremos do senhor compromissos, não promessas, nem anúncios. É necessário desenhar uma lei de defesa nacional que fortaleça o trabalho das tropas e chegue à população civil como parte do ser colombianos, incluindo os planos de mobilização e vinculação de todos os entes nacionais, públicos e privados, a este propósito.

– Na ordem interna, primeiro é necessário resolver o dramático problema do não-pagamento dos salários de acordo com a Lei 4 de 1992, em que pese os reiterados reclamos dos afetados, que têm que demandar o Estado e pagar a advogados inescrupulosos até 40% do dinheiro recebido, porque o Estado colombiano não resolve algo tão simples.

– Segundo, solucionar o vergonhoso problema da saúde militar. Convido-o, doutor Zuluaga, a que visite e evidencie a vergonha em que se converteu o Hospital Militar, ou o drama que uma pessoa tem que sofrer para conseguir uma simples consulta de odontologia ou medicina geral em um dispensário.

– E terceiro, é necessário fortalecer a Justiça Penal Militar e organizar uma defensoria jurídica para os militares colombianos que cumprem com o seu dever e se sacrificam pela Colômbia, para que não se repita o triste episódio do Coronel Plazas Vega e do General Arias Cabrales, presos por salvar a Colômbia, enquanto os criminosos do M-19 ocupam cargos públicos.

Para terminar a intervenção, doutor Zuluaga, insisto que quando for presidente dos colombianos, nomeie na pasta da Defesa um militar em serviço ativo ou da reserva ativa, sem importar o grau senão o conhecimento do tema, pois os 14 ministro civis que ocuparam este cargo foram inferiores ao desafio, improdutivos para a instituição militar, e incapazes de desenhar uma estratégia que conduza à derrota do narco-terrorismo.

Muito obrigado.

Analista de assuntos estratégicos – www.luisvillamarin.com

Tradução: Graça Salgueiro

Esse conteúdo foi originalmente publicado no site de Heitor de Paola