Colapso do Tibete: uma lição moral

22/04/2015 17:31 Atualizado: 22/04/2015 17:31

O Império Tibetano (618 – 842 d.C.) tornou-se um reino emergente e poderoso quando o Rei Songtsän Gampo casou-se com a princesa Wencheng, durante a Dinastia Tang, há 1.400 anos. Suas relações com a China foram se deteriorando a medida que o império crescia e se tornava mais forte.

No entanto, o império sustentou-se apesar de suas guerras com a China. Cerca de 200 anos mais tarde, o rei que em seguida tomou o poder começou a atacar o Budismo, e ocorreu uma série de desastres naturais. Eventualmente, o Império Tibetano desintegrou-se, mas o Budismo sobrevive até hoje.

A ascensão do Budismo e o fortalecimento do Império Tibetano

O Budismo foi introduzido no Tibete logo após a fundação do império pelo Rei Songtsän Gambo. Ele construiu o templo de Jokhang e o Palácio de Potala. Seus sucessores apoiaram o desenvolvimento do Budismo e alguns reis e príncipes que se seguiram, abandonaram seus títulos e tornaram-se monges. Com a ascensão do Budismo, o Império Tibetano gradualmente se tornou mais poderoso.

Após a morte do Imperador Taizong, da Dinastia Tang da China, o Império Tibetano tornou-se tão forte que os chineses foram incapazes de impedir a invasão tibetana. O Tibete estendeu sua ofensiva militar para Qinghai, Sichuan e Gansu e chegou uma vez a ocupar a cidade de Chang’an, capital de Tang. Os imperadores da poderosa Dinastia Tang, Gaozong, Suzong e Xianzong, não conseguiram conquistar o Tibete.

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A perseguição proferida pelo Rei Langdarma

Quando o Rei Tibetano Ralpacan morreu, de acordo com a Nova História de Tang, o Rei Langdarma assumiu o trono. Ele foi descrito por mensageiros da Dinastia Tang como um alcoólatra que gostava de caçar. Ele ficou conhecido como um governante cruel e que não escutava os seus assessores. Langdarma lançou uma perseguição ao Budismo que levou caos para dentro do governo.

O Rei Langdarma forçava os monges a caçarem e considerava isso como uma renúncia ao Budismo. Ele matou aqueles que se recusaram a renunciar à sua fé. Langdarma desmantelou todos os mosteiros e templos budistas. Ele transformou o Templo de Jokhang num matadouro e o mosteiro Ramoche numa arena de rodeio.

Para manchar a reputação do Budismo, Langdarma obrigou que os artefatos, relíquias e pinturas preciosas presentes em murais fossem substituídos por pinturas de monges bebendo nos templos. Ele mandou botar pregos e pendurar cordas no pescoço das estátuas de Buda, para depois serem jogadas nos rios.

Desastres naturais devastaram o Império Tibetano em 839 d.C.: terremotos, deslizamentos de terra nas regiões montanhosas das atuais províncias de Gansu e Sichuan, águas refluindo no Rio Tao, surtos de peste e pessoas acordando ao lado de parentes mortos. Na atual província de Qinghai, pessoas ouviram misteriosos rufos de tambores no meio da noite.

O Rei Langdarma morreu por motivos não naturais, três anos mais tarde, em 842 d.C.. Já que ele não tinha filhos, sua concubina fez do próprio sobrinho o governante, o qual foi morto por um ministro.

Assim, o uma vez poderoso Império Tibetano não foi vencido pelos governantes da Dinastia Tang (que governaram as áreas próximas da região Han de 617 a 907 d.C.), mas pereceu nas mãos de um rei tolo. Ainda assim, o Budismo voltou a se estabelecer firmemente no Tibete.

Fonte: “Nova História de Tang” – história oficial da Dinastia Tang, composta de dez volumes e 225 capítulos.