O ministro-chefe da secretaria-geral da presidência, Gilberto Carvalho, tomando distância da classe média à qual supostamente pertence, ao se reunir ontem com militantes, organizações sociais e sindicais em Pernambuco – cujos integrantes fazem parte também, de modo geral, da classe média – declarou que “há uma dificuldade da classe média em dialogar com a gente (PT) e a gente com ela”.
Sem tanta enrolação quanto à questão de classes, o que Sua Excelência na verdade estará querendo dizer, de maneira mais simples, é que diminui cada vez mais o número de pessoas dispostas a aceitar lorotas como verdade. A classe média, que hoje forma a maioria da população brasileira, cada vez apoia menos o PT por uma simples razão: desilusão.
No passado a classe média simpatizava, até acreditava na missão renovadora da política proposta pelo Partido dos Trabalhadores. Mas desde que assumiu o Poder, com Lula, o partido nada mais fez do que distanciar-se progressivamente de suas bandeiras originais. A sociedade ficou estarrecida com a roubalheira institucionalizada do ‘mensalão’, esquema de corrupção que envolveu autoridades do primeiro escalão do Partido e do Governo. Mais recentemente a Petrobras, o orgulho nacional, lamentavelmente desmoralizada com os casos de corrupção – Petrolão – e pela escolha, feita pelo PT, de alguns gestores selecionados mais por sua lealdade ao partido, do que pela competência e honestidade.
Caro Ministro, e do lado administrativo, quanta incompetência! É o que a classe média, que tantos impostos paga, mais tem em má conta no seu partido?
Cadê a transposição do São Francisco, obra iniciada em 2006 e que o palanqueiro Lula prometeu em São José das Piranhas, em 2010, que seria inaugurada em 2012? Dilma diz agora que ficou para 2015. Os custos, obviamente, continuaram a crescer, para alegria das empreiteiras.
Cadê as usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, duas das principais obras do PAC e que já deveriam ter sido concluídas há anoa? Os custos, contudo, não param de crescer, para alegria das empreiteiras.
Cadê a refinaria de Abreu e Silva, em Pernambuco, orçada em 2,5 bilhões de dólares e que já devia estar em funcionamento desde 2010? Os gastos já passaram dos vinte bilhões e o funcionamento ficou, sabe Deus para quando!!! A alegria é, mais uma vez, das empreiteiras.
Cadê a auto-suficiência em petróleo que Lula disse que tínhamos alcançado em 2006? Foi para o brejo! Por que o governo não leva para seus programas a informação de que este ano já gastamos mais de 30 bilhões de dólares com a importação de petróleo e derivados?
E isso, Senhor Ministro, é apenas um começo de lista. São por razões como essas que a sociedade brasileira, todas as classes, estão querendo uma renovação nas práticas políticas e uma gestão eficiente do governo.