Quando as pessoas falam sobre a economia chinesa, geralmente citam o grande crescimento e a baixa dívida governamental. Nos bastidores, no entanto, problemas graves de crédito vão emergindo.
Os cinco maiores bancos na China, incluindo o Banco Industrial e Comercial da China, amortizaram empréstimos tóxicos da ordem de 22,1 bilhões de yuanes (US$ 3,65 milhões) no primeiro semestre do ano. Isso se compara a apenas 7,65 bilhões de yuanes no ano anterior. Um dólar vale atualmente 6,08 yuanes.
O aumento das amortizações é novo em certo sentido, pois os bancos não foram anteriormente afetados ou deixaram empréstimos inadimplentes se acomodarem em seus livros indefinidamente. Até 2010, um banco tinha de obter aprovação do Ministério das Finanças para amortizar um empréstimo e o mutuário tinha de ser declarado oficialmente falido por um tribunal na maioria dos casos.
Esta regra foi revista em 2010. Agora os bancos podem amortizar empréstimos inferiores a 5 milhões de yuanes de pequenas empresas após um ano tentando recolher os fundos.
A medida é necessária para reduzir a quantidade de empréstimos inadimplentes no balanço dos bancos. O valor total de empréstimos inadimplentes nos cinco bancos principais equivale a 349,9 bilhões de yuanes ou 1% de todos os empréstimos pendentes.
Dependência de dívida
Os grandes bancos podem pagar para amortizar os empréstimos. Eles têm de deixar de lado reservas cerca de 2,5 vezes o valor dos empréstimos inadimplentes. No entanto, o fato de que os bancos estão amortizando empréstimos significa que as empresas estão sofrendo e não podem pagar suas dívidas.
Isso é preocupante, pois analistas proeminentes acham que a China agora é dependente de dívida para gerar crescimento. “A economia da China se tornou viciada em crédito, exigindo quantidades cada vez maiores de dívida para gerar a mesma unidade de crescimento”, escreveram os analistas da GMO, Edward Chancellor e Mike Monnelly.
E enquanto o crescimento do PIB oficial ainda está forte no segundo trimestre, dados independentes mostram que a economia está esfriando.
A pesquisa Livro Bege da China, editado em Nova York e que usa fontes na própria China, “revela redução de ganhos nos lucros, receitas, salários, emprego e preços, todos mostram crescimento reduzido no trimestre – nenhum desastre, mas certamente não é a poderosa expansão sugerida pela narrativa consensual”, disseram Leland Miller, presidente da CBB, e o pesquisador-chefe Craig Charney à Bloomberg News num comunicado em setembro.