De acordo com a própria mídia do Partido Comunista Chinês, a internet se tornou o “campo de batalha principal da ideologia”. Prevalecer na guerra ideológica sempre foi uma prioridade para o regime comunista. Por isso, ele tem empregado medidas sistemáticas para controlar a informação e a opinião pública, especialmente, nos últimos anos, na internet.
“Você nunca pode esperar ver a verdade das coisas na internet da China”, escreveu Hong Yuning, um comentarista da emissora independente chinesa NTDTV, numa análise. Seu artigo discutia os “cinco truques sinistros” que o Partido Comunista utiliza para gerenciar a internet, que estão resumidos abaixo:
Apagar informações
O primeiro método é manter o controle sobre os departamentos de gerenciamento da internet em empresas e organizações online. Eles são obrigados a monitorar 24 horas por dia suas seções de comentários, postagens de notícias e blogs, para evitar que “informações prejudiciais” sejam publicadas. Mensagens consideradas “prejudiciais” (isto é, desfavorável às autoridades) são então rapidamente censuradas.
Para reforçar esse processo, as autoridades chinesas criaram uma nova lei no ano passado que rege o discurso na internet, determinando que quem publicar “rumores” que sejam reencaminhados mais de 500 vezes ou visualizados mais de 5 mil vezes será considerado culpado de “difamação” e deverá servir tempo de prisão.
O regime tem punido comentaristas da internet usando essas leis, o caso mais conhecido é o de Qin Huohuo. Qin (um pseudônimo) foi enviado para a prisão por três anos por escrever mensagens em mídias sociais sobre a corrupção no governo chinês.
Comentaristas de ‘50 centavos’
Enquanto os censores chineses da internet excluem comentários, há também as gangues chamadas “50 centavos” (“wumao”, em chinês), que são comentaristas que fazem observações positivas em nome do governo e do Partido Comunista. O termo vem da palavra chinesa para ‘50 centavos’, porque eles seriam pagos 50 centavos de yuan por cada postagem (embora o valor exato pago não seja conhecido, e provavelmente varie).
Os comentaristas de 50 centavos frequentemente enchem as seções de comentários de artigos de notícias controversas, tentando bombardear as pessoas com visões diferentes ou críticas, ou influenciar os espectadores usando técnicas de psicologia de massa.
As autoridades chinesas deram a este trabalho um título oficial: “gerente de opinião pública na internet”. Há cursos avançados de formação e programas do governo nessa linha de trabalho, que instruem como melhor manipular a opinião pública e criar um ambiente de aquiescência e submissão que seja favorável ao Partido Comunista.
A mídia chinesa informou que há mais de dois milhões desses “gerentes de opinião pública” que foram certificados no ano passado em cursos de formação ministrados pelo regime comunista chinês. E mais estão a caminho.
Controlando tópicos sensíveis
Notícias que podem se tornar virais são particularmente importantes para as autoridades de propaganda do Partido Comunista. Os artigos que refletem muito negativamente sobre o regime são abafados antes mesmo de emergirem, enquanto os locais de destaque em grandes websites de notícia e mídia social, como Baidu e Sina, são normalmente reservados para a propaganda do Partido Comunista.
A ideia é manter um ambiente prevalente na internet que apoie o governo do Partido Comunista e dê a impressão ao usuário geral da internet que o Partido goza de amplo apoio. O comentarista Hong Yuning rejeitou a eficácia do projeto: “Isso é apenas autoengano, ninguém realmente se importa.”
Criando células do Partido Comunista
O Partido Comunista Chinês é uma organização leninista que, segundo sua teoria de governo, procura penetrar todos os aspectos da sociedade para reforçar seu controle. Ele também controla as empresas de internet por meio do aparato do Estado, que é dominado pelo Partido.
Pelo menos nove grandes empresas da internet estabeleceram comitês do Partido, que efetuam o controle político e ideológico direto do Partido sobre empresas-chave. Os comitês transmitem as mais recentes mensagens ideológicas e a influência do Partido ou tomam decisões de pessoal (como promoção, rebaixamento ou exoneração) e vigiam os funcionários para garantir que eles não abriguem pensamentos contra o regime. Empresas da web que possuem células do Partido Comunista dentro de seus escritórios incluem o Baidu, Sina e Kaixin, segundo relatos da mídia chinesa.
Frequentemente, os líderes dos comitês do Partido são executivos de alto escalão que tomam decisões de negócios. O sistema é uma das principais maneiras de o Partido Comunista manter o controle sobre as empresas de tecnologia que não são formalmente afiliados ao Estado.
Bloqueio de websites estrangeiros
Um número desconhecido de websites estrangeiros – milhares ou mais – é bloqueado pelo “Grande Firewall da Internet” na China. Entre os websites que os chineses comuns estão impedidos de visitar há mídias sociais como Facebook, Twitter e YouTube, além de websites associados aos direitos humanos em China, ao ativismo pró-Tibete, à perseguição à disciplina espiritual do Falun Gong e a dezenas de organizações de notícias. O website do Epoch Times, é claro, também está bloqueado na China.