Cinco chinesas pedem a libertação de seus pais

17/12/2013 11:32 Atualizado: 17/12/2013 11:32

Para cada prisioneiro de consciência torturado e abusado na China comunista, há famílias e amigos que também são perseguidos. Recentemente, cinco mulheres jovens testemunharam perante uma subcomissão do Congresso dos EUA sobre a agonia de estar separadas de seus pais, atualmente presos e frequentemente torturados por suas crenças e ativismo.

“Quando a China intimida, encarcera, tortura e até mesmo executa prisioneiro de consciência, toda a sua família e amigos sofrem uma sensação insuportável de perda, confusão, dor emocional, e agonia”, disse o congressista Chris Smith (R-N.J.), presidente da subcomissão.

Smith observou que os membros da família são regularmente submetidos a “interrogatório, maus-tratos e prisão domiciliar”, como forma de intensificar a perseguição do prisioneiro. Filhos e esposas ou maridos vivem num pesadelo constante se perguntando: “Que abuso terrível espera por meu pai, mãe, irmão, irmã, filho ou filha”, disse Smith.

“Ajudem a libertar nossos pais”

Gege ‘Grace’ Gao

Gege ‘Grace’ Gao, filha do renomado advogado de direitos humanos Gao Zhisheng, disse que viu o pai pela última vez há mais de cinco anos. Ela descreveu a repressão terrível que o Partido Comunista impôs a ela, seu irmão e sua mãe. Ela testemunhou que seu irmão mais novo disse recentemente não poder se lembrar mais do rosto e figura do pai.

Gao disse que logo após a família chegar aos Estados Unidos, suas preocupações sobre seu pai fizeram-na ter um colapso nervoso, e ela teve de ser hospitalizada.

“Todos os meus parentes, como minha avó, avô, três tias, e seus irmãos e irmãs, foram colocados na lista negra. Eles foram privados dos direitos básicos de receber um passaporte na China. Oito anos se passaram e a perseguição de meu pai não só continua, mas também se estende a todos os membros da família”, disse Gao.

O Congresso dos EUA e o Departamento de Estado têm feito inúmeros pedidos ao regime chinês pela soltura de Gao Zhisheng, mas o regime os ignora. “Eu gostaria que o presidente Obama e o vice-presidente Biden pudessem mencionar o nome do meu pai Gao Zhisheng em ocasiões públicas e exortar a libertação imediata de meu pai sem condições”, disse ela.

Danielle Wang

Danielle Wang é a mais velha das cinco que testemunharam. Seu pai, Wang Zhiwen, era um engenheiro ferroviário e uma pessoa de contato voluntária da disciplina espiritual tradicional do Falun Dafa (também chamado Falun Gong) em Pequim, antes que fosse sequestrado em casa pela polícia secreta chinesa na noite de 20 de julho de 1999. Naquele dia, o Partido Comunista Chinês (PCC) lançou uma brutal perseguição contra a pacífica prática espiritual. Num “julgamento” encenado e televisionado em cadeia nacional, o Sr. Wang foi sentenciado a 16 anos.

“No meu casamento, colocamos uma única rosa em sua cadeira para simbolizar sua presença e celebrar seu lugar em nossa vida. Eu continuo a guardar essa rosa para apresentar a ele quando nos encontrarmos novamente e pudermos lhe contar a história de como ele sempre esteve conosco”, disse Sra. Wang.

Danielle Wang chorou durante todo seu depoimento, mas especialmente quando ela levantou um pequeno galho de árvore que seu pai havia polido na prisão. “Em quinze anos, esta é a única coisa que recebi dele”, disse ela. O presente chegou há dois meses, enviado por um parente que conseguiu visitá-lo na prisão.

Wang disse que durante a prisão do pai, suas duas clavículas foram esmagadas, seus dentes foram arrancados e a polícia enfiou varetas de bambu afiadas sob suas unhas.

Lisa Peng

Lisa Peng é uma estudante do ensino médio, em Ohio, EUA. Ela é a filha de Peng Ming, fundador da Federação de Desenvolvimento da China e autor de “The Fourth Landmark”. O Sr. Peng se tornou um refugiado das Nações Unidas, nos Estados Unidos, em 2001, mas logo depois ele foi sequestrado na Tailândia por agentes secretos chineses e levado para a China, onde foi condenado à prisão perpétua sob falsas acusações de organizar e dirigir uma organização terrorista.

Lisa Peng disse: “Apesar de quase 10 anos de prisão sofrendo ataques cardíacos, artrite, desnutrição e pedras nos rins sem assistência médica, meu pai ainda persiste e se mantém esperançoso.” Ela gostaria que seu pai recebesse atenção médica adequada, que restaurassem seus direitos de receber visita e, em última análise, que fosse libertado.

Ti-Anna Wang

Ti-Anna Wang, filha de Wang Bingzhang, que fundou o movimento democrático chinês no exterior, foi capturado no Vietnã em 2002. O Sr. Wang era um residente permanente nos EUA quando foi sequestrado e levado para a China para um julgamento forjado sob a acusação de “espionagem” e “terrorismo”. Ele está atualmente cumprindo uma sentença de prisão perpétua.

Wang declarou: “Enquanto [o meu pai] definha na prisão, eu passei a última década fazendo campanha por sua libertação, contando sua história em eventos públicos e pedindo assistência ao governos americano e canadense. Como resultado, o governo chinês decidiu que eu também devia ser punida. Desde que comecei a falar em público, o regime chinês negou emitir vistos para mim. Já se passaram cinco anos desde que pude visitar meu pai.”

Bridgette Chen

O pai de Bridgette Chen é Liu Xianbin, um dissidente político proeminente e organizador do Partido Democrático da China. O Sr. Liu foi preso pela primeira vez como um estudante universitário por sua participação no movimento democrático da Praça da Paz Celestial em 1989. Ele foi condenado a 10 anos em 2011, e já serviu um total de mais de 15 anos de prisão desde 1991.

Chen citou uma carta que recebeu do pai: “Minha ausência fez nossa família incompleta, e deve ser difícil para você e sua mãe por eu não estar ao lado de vocês. Então eu só posso expressar meu amor por vocês por meio dessas cartas, para que vocês ainda sintam meu amor por vocês mesmo quando não estou aí ao seu lado.”

Chen pediu ao governo dos EUA, ao vice-presidente Joe Biden e ao presidente Barack Obama que intervenham e “ajudem a libertar nossos pais”. Todas as cinco testemunhas expressaram o desejo de visitar o presidente no Salão Oval para discutir sobre seus pais e a necessidade de reunir suas famílias.

Membros do Congresso comovidos

Em 5 de dezembro, a audiência, realizada perante a Subcomissão sobre a África, Saúde Global, Direitos Humanos e Organizações Internacionais do Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos EUA, comoveu profundamente os congressistas presentes.

Smith teve de parar por alguns segundos antes que pudesse continuar. Ele prometeu que o Comitê de Direitos Humanos trabalhará obstinadamente para alcançar os corações e as mentes dos funcionários do governo, “de modo que estas questões não sejam pontos discutidos apenas na página 5, se é que seriam incluídas até mesmo lá”.

Smith também pediu à imprensa que amplificasse de forma séria e contínua a situação destes pais presos e de seus parentes. Apontando para as cinco testemunhas e filhas chinesas, ele disse: “Vocês não são exceções, vocês são um padrão generalizado, a regra na China de hoje.”

Smith disse que essas agonias extraordinárias precisam ser ouvidas por mais pessoas e apresentadas aos membros do Conselho de Direitos Humanos da ONU e aos delegados da ONU. Ele elogiou os cinco jovens: “Os americanos deveriam ver que este é o lado honrado da China presente aqui.”

O congressista Robert Pittenger (R-N.C.) elogiou as mulheres por terem uma vida muito profunda e justa, dedicando-se a seus pais e àqueles como eles.

Com lágrimas nos olhos, o congressista Mark Meadows (R-N.C.) dirigiu-se as filhas e lhes assegurou: “Apesar de quilômetros e do tempo que possa separá-los, não há nada que jamais as separará do amor de seus pais.” Ele disse que estava profundamente tocado pelos testemunhos.

Meadows assumiu um compromisso pessoal com as filhas: “Quando discussões ocorrerem com aqueles em posições oficiais na China, nenhuma dessas conversas ou negociações ocorrerá sem que os rostos de cada uma de vocês estejam em nossas mentes.”

Smith disse que Meadows é o delegado do Congresso para as Nações Unidas e transmitirá seus testemunhos aos funcionários lá. Falando sobre os inúmeros chineses prisioneiros de consciência e suas famílias, Smith disse: “Chegou a hora para uma defesa mais séria e determinada destes indivíduos heroicos e de suas nobres causas.”

Smith acrescentou que o regime comunista recorre ostensivamente a “destruir mentes, corpos e corações. A repressão na China é sistemática, generalizada e implacável, mas totalmente desnecessária.”