O universo é cheio de mistérios que desafiam o nosso conhecimento atual. Em “Além da Ciência”, o Epoch Times coleta histórias sobre alguns estranhos fenômenos para estimular a imaginação e abrir a mente para novas possibilidades. Elas são reais? Você decide.
Cientistas e filósofos têm debatido por muito tempo sobre quais níveis de consciência os animais e as plantas possuem, se é que haja algum. Alguns filósofos chegaram a questionar a existência de tudo, exceto de suas próprias mentes, sendo incapazes de afirmar com absoluta certeza que os outros seres humanos possuem consciência. Estas questões dizem respeito a todos os seres que costumamos chamar de “vivos” ou “orgânicos”.
Leia também:
Plantas podem pensar, falar e ler pensamentos, afirma novo estudo
A consciência pode funcionar independentemente do cérebro?
Mas em relação aos objetos inanimados, existe a possibilidade deles serem sencientes? A princípio, isso pode soar como uma ideia estranha, porém alguns cientistas modernos (para não mencionar pensadores notáveis ao longo da história, a exemplo de Platão), dizem que é possível.
“A ideia de que o termostato que regula a temperatura em sua casa é, mesmo que vagamente, consciente do que está fazendo, certamente vai contra o ‘senso comum'”, escreveu Henry P. Stapp, um físico teórico da Universidade da Califórnia-Berkeley, que trabalhou com alguns dos fundadores da mecânica quântica em um artigo sobre a interação da mente e da matéria. No entanto, segundo ele, a ideia do pampsiquismo – que toda a matéria tem consciência – e sua relação com a mecânica quântica é um tema que vale a pena ser analisado.
Na mecânica quântica, a ligação entre a mente e a matéria é tão importante que é “pouco natural e aparentemente retrógrado até mesmo considerar a possibilidade da existência de eventos que não possuem caráter psico-físico”, disse ele. O ato de observação, um ato da consciência humana, tem comprovadamente influenciado a realidade física dos resultados das experiências.
Stapp, no entanto, deixou espaço em suas teorias para eventos que são puramente físicos, eventos que não têm nada a ver com a consciência. O cientista cognitivo e filósofo David Chalmers vai mais além.
Ele diz que é possível que a consciência seja fundamentalmente um bloco de construção do mundo físico, e, portanto, ela existe em todas as coisas, de seres humanos até fótons.
Chalmers é professor de filosofia e diretor de estudos da consciência na Universidade Nacional Australiana e na Universidade de Nova York. Em uma palestra do programa ‘TED Talk’ no início deste ano, ele disse que a ciência está em uma espécie de impasse no que se refere ao estudo da consciência, e que “ideias radicais podem ser necessárias” para se avançar. “Eu acho que talvez sejam necessárias uma ou duas ideias que a princípio podem parecer excêntricas.”
Uma destas ideias é o pampsiquismo.
Admitindo que esta possa parecer uma ideia “maluca”, ele observou: “Embora a ideia pareça contraintuitiva para nós, ela não causa esta impressão em pessoas de outras culturas, onde a mente está mais assimilada à natureza.”
No passado, a física teve de introduzir blocos fundamentais de construção do conhecimento recém descobertos, como o eletromagnetismo, que possuíam princípios básicos ainda inexplicáveis. Ele se pergunta se a consciência seria outro destes blocos de construção.
“A física é curiosamente abstrata”, disse ele. “Ela descreve a estrutura da realidade usando um monte de equações, mas não nos diz nada sobre a realidade que está por trás disto”. Ele citou uma questão colocada por Stephen Hawking: “O que impulsiona as equações?”
Talvez a consciência impulsione as equações, disse Chalmers. As equações ficam como estão, mas nós as vemos como meios para descrever o fluxo de consciência.
“A consciência não está suspensa fora do mundo físico, como uma espécie de comparsa, ela está bem ali no coração de tudo”, disse ele.
Chalmers não afirma que os fótons possuem o mesmo tipo de consciência que a dos seres humanos, mas diz que eles poderiam ter uma espécie de consciência primordial. Entendimentos semelhantes sobre os diferentes níveis de consciência foram explorados em escrituras indianas antigas e pelo filósofo alemão do século XVII Gottfried Wilhelm Leibniz. Eles sugeriram que os seres inorgânicos vivem em um estado adormecido; que os animais são conscientes, mas talvez em um estado semelhante aos sonhos; e que os seres humanos são conscientes de que são conscientes, eles estariam mais “acordados” do que animais.
Em algumas tradições nativas americanas, as rochas são vistas como possuidores de consciência, e uma rocha pode até ser chamada de “rocha anciã”. As rochas estão cientes, por exemplo, de terem sido movidas de seus lugares de descanso. No pensamento espiritual oriental, é dito que, em alguns casos, uma alma pode reencarnar não apenas como ser humano, mas também como uma planta, animal, ou até mesmo como uma rocha.
Entre os filósofos famosos que defenderam alguma forma de Pampsiquismo, estão incluídos Platão, Baruch Spinoza, Arthur Schopenhauer e Bertrand Russell.
Russell escreveu em “Delineamentos da Filosofia” (1927): “Penso que não existe uma linha nítida, mas uma diferença de graduação [entre mente e matéria]; uma ostra é menos ‘consciente’ do que um homem, mas não totalmente inconsciente”. Ele disse que a memória é um aspecto fundamental da consciência, e que os objetos inanimados têm uma espécie de memória: “Nós não podemos, no que se refere a isto [memória], erigir uma barreira absoluta entre a mente e a matéria. … A matéria inanimada, até certo ponto, demonstra um comportamento análogo.”
Stapp também expressou sua opinião de que “A fronteira entre a vida e a não-vida, provavelmente, não é algo completamente definido.”
O falecido Cleve Backster, cujas experiências na década de 1960 apoiaram a ideia de que plantas podem ter consciência, também mostrou que os ovos e o iogurte podiam reagir a ameaças. Backster era especialista em teste de polígrafo. Alguns de seus resultados são explicados por Lynne McTaggart, em seu livro “O Experimento da Intenção”: “As bactérias vivas no iogurte exibiram reação à morte de outros tipos de bactérias, e o iogurte até mesmo evidenciou o desejo de ser ‘alimentado’ com mais das suas próprias bactérias benéficas. Os ovos registraram um pedido de socorro (alarme) e, em seguida, resignação, quando um deles foi colocado em água fervente”.
Ela explicou que, “Backster demonstrou que fluidos corporais …registraram reações idênticas ao estado emocional de seus hospedeiros.”
Chalmers sugere que os estudos sobre consciência humana devam ir além de testes sobre a correlação entre as partes do cérebro e experiências conscientes. “Isso ainda é ciência de correlações, não é ciência de explicações. … Sabemos que essas áreas do cérebro estão ligadas com certos tipos de experiências conscientes, mas nós não sabemos o porque disso”, disse ele. Os estudos que olham para além do cérebro podem achar consciência em lugares surpreendentes.