Cientistas pedem a legalização do comércio de chifre de rinoceronte

10/03/2013 14:28 Atualizado: 06/08/2013 18:02
A alfândega de Hong Kong apreendeu 33 chifres de rinocerontes, 758 hashi (pauzinhos de comer) de marfim e 127 braceletes de marfim, avaliados em 2,23 milhões de dólares, dentro de um container enviado a Hong Kong da África do Sul (Aaron Tam/AFP/Getty Images)

Proibições globais sobre produtos de rinoceronte falharam e a legalização é necessária para salvar os rinocerontes da extinção, afirmam cientistas.

Num artigo publicado em 1º de março na revista Science, o pesquisador australiano Duan Biggs e três outros cientistas argumentaram que chegou o momento para um comércio altamente normatizado e legal de chifres.

A caça furtiva tem dizimado populações de rinocerontes em todo o mundo, com o ‘rinoceronte negro ocidental’, que foi declarado extinto em 2011, e os restantes 5 mil rinocerontes negros e 20 mil rinocerontes brancos ainda vivos. “As estratégias atuais claramente falharam em conservar estes magníficos animais e é chegado o momento de se ter um comércio altamente regulamentado e legal de chifre”, disse o Dr. Biggs.

“Como ambientalistas comprometidos, não gostamos da ideia de um comércio legal mais do que uma pessoa comum do público interessado. Mas podemos ver que precisamos fazer algo radicalmente diferente para conservar os rinocerontes da África.”

Os cientistas argumentam em seu estudo que tentar educar consumidores de medicina chinesa a pararem de usar corno de rinoceronte falhou em reduzir o crescimento da demanda, com o chifre de rinoceronte agora valendo mais do que ouro, crescendo em valor de cerca de 4.700 dólares por kg em 1993 para cerca de 65 mil dólares por kg em 2012.

Os cientistas sustentam que a demanda mundial por chifre poderia ser satisfeita legal e humanamente raspando-se os chifres de rinocerontes vivos e de animais que morrem de causas naturais. “O comércio legal de peles de crocodilo de criação é um exemplo de uma indústria em que a legalização salvou uma espécie de ser caçada até a extinção”, afirmam eles no estudo.

Eles também argumentam que o “cultivo” legal de rinocerontes levaria a que mais terra fosse reservada para eles, o que ajudaria a preservar outros animais ameaçados das savanas e gerar renda para áreas rurais pobres da África Austral.

Terry Sunderland, pesquisador do Centro Internacional de Pesquisa Florestal, concordou. “Remover chifres de populações em cativeiro para venda serviria para financiar esforços para mais conservação”, disse ele.

O Dr. Sunderland acrescentou que tecnologia pode ser utilizada para monitorar a proveniência dos chifres no comércio internacional e deve ser mais amplamente utilizada. “Eu concordo com este estudo em que a gestão de recursos provavelmente limitaria a caça ilegal”, disse ele.

No entanto Euan Ritchie, professor de ecologia da Universidade Deakin, disse que a criação de espécies poderia ameaçar sua própria identidade. “Isto pode ser parte da solução, mas certamente não será a solução”, disse o Dr. Ritchie.

“Há uma questão moral nisto se você seguir este caminho dizendo que podemos manter vivos os rinocerontes por meio de seu cultivo, mas em certo sentido você não tem mais rinocerontes, você só tem fábricas de chifre.”

Este artigo foi publicado originalmente em The Conversation. Leia o artigo original.

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