Cidade indiana proíbe bicicletas para combater terror

04/09/2013 12:06 Atualizado: 04/09/2013 12:06
Transeuntes indianos nas ruas alagadas de Calcutá. Recentemente, a cidade baniu todo tipo de bicicletas nas ruas principais para combater o terrorismo (Dibyangshu Sarkar/AFP/Getty Images)
Transeuntes indianos nas ruas alagadas de Calcutá. Recentemente, a cidade baniu todo tipo de bicicletas nas ruas principais para combater o terrorismo (Dibyangshu Sarkar/AFP/Getty Images)

A cidade indiana de Calcutá baniu os ciclistas das ruas principais sob o argumento de que bicicletas são favoráveis a elementos antissociais que planejam plantar bombas. A decisão tem recebido reações insatisfeitas de vários níveis da sociedade.

“O ciclismo é proibido nas principais vias da cidade por duas razões”, disse K. Hari Rajan, o comissário-assistente (de trânsito) da polícia de Calcutá, segundo um artigo publicado no The Telegraph. “Para garantir que o fluxo do tráfego não seja perturbado pela combinação de veículos rápidos e bicicletas, pois Calcutá não tem ciclovias dedicadas e demarcadas. Há também preocupações com a segurança, pois bicicletas são frequentemente utilizadas para plantar bombas”, explicou a autoridade.

Muitas cidades ao redor do mundo fizeram políticas que promovem a mudança para o modo mais ecológico de transporte oferecido pelas bicicletas, na esperança de ajudar a combater o aumento da poluição ambiental. O movimento de Calcutá na direção oposta não está recebendo resposta positiva de passageiros ou ambientalistas.

“Jinriquixás e ônibus poluentes podem operar livremente na cidade, mas as bicicletas são proibidas”, disse o ativista de transporte ambiental Debashish Bhattacharya no artigo do Telegraph. “Se terroristas plantarem um explosivo num veículo de quatro rodas, será que o governo os proibirá nas vias principais?”

Outro ambientalista, S.M. Ghosh, disse que a bicicleta é ecológica. “Bicicletas são universalmente encorajadas para combater a poluição ambiental. Em vez de proibir as bicicletas, a administração deve tomar providências para criar ciclovias dedicadas”, disse Ghosh.

De outra perspectiva, a grande maioria da população da Índia depende de bicicletas para o transporte diário. Numa nação de 1,2 bilhão em que 800 milhões vivem na pobreza, o transporte barato, simples e confiável pode significar a diferença entre ganhar a vida e viver de esmola.

“A bicicleta é o veículo do homem pobre. Todos os dias eu me desloco numa bicicleta para o trabalho e não posso pagar mais nada”, disse Sushanta Chakrabarty ao Telegraph. Chakrabarty coleta amostras de sangue para ganhar seu sustento.

Os ambientalistas pediram ao governo que observem Bangkok e as cidades europeias, que se beneficiam de incentivar a bicicleta como meio de transporte.