Cidade do Tadjiquistão sitiada depois de assassinato de chefe da segurança

31/07/2012 03:00 Atualizado: 31/07/2012 03:00

Modavlat Gulomkodirova protesta em frente à embaixada tadjique em Londres, em 27 de julho. (John Smithies/The Epoch Times)Parentes no exterior se preocupam com perda de contato

Desde que a violência eclodiu na centro-asiática República do Tadjiquistão na terça-feira, uma cidade inteira de 20.000 pessoas, Khorog, tem estado sob cerco. Khorog está completamente isolado do mundo exterior, inclusive através de celular e internet, com relatos de intensos combates e mortes de civis. Parentes de pessoas em Khorog e outros expatriados interessados começaram a protestar diante de embaixadas do Tadjiquistão em diferentes partes do mundo na semana passada.

Em Londres, Modavlat Gulomkodirova e Rahila Muhibi protestavam na sexta-feira fora da embaixada tadjique, exigindo um fim ao bloqueio de informação.

“Eu não tenho sido capaz de falar com minha família há três dias e não sei o que está acontecendo, só ouvi que meus vizinhos foram mortos. Eles eram pessoas inocentes, que não estavam envolvidos em qualquer tipo de oposição ao governo”, disse Gulomkodirova, que nasceu e cresceu em Khorog e cujos pais, irmãos e outros parentes ainda vivem lá.

“Nós não buscamos qualquer mudança política, só queremos conversar com nossos parentes”, disse ela.

Localizado na região remota de Gorno-Badakshan, nas montanhas de Pamir, na fronteira afegã, o Khorog abriga a minoria étnica Pamiri, que teve um relacionamento conturbado com o governo central na capital de Dushanbe desde a sangrenta guerra civil pós-soviética na década de 1990.

A tensão no último fim de semana se agravou quando o major-general Abdullo Nazarov, chefe da delegação regional do Comitê Estatal de Segurança Nacional, o sucessor soviético da KGB, foi morto a facadas por assaltantes desconhecidos. Tolib Ayombekov, um senhor da guerra local com base em Khorog, é suspeito de estar por trás do assassinato e, segundo o governo tadjique, ele se recusou a se render e atacou as forças do governo quando procurado.

A resposta do governo tadjique foi severa na pequena cidade de 20 mil habitantes. Pelo que Gulomkodirova pode reunir de fontes diversas, o governo chegou nas primeiras horas da manhã com tropas, helicópteros e soldados.

“Vimos alguns vídeos e eles eram horríveis”, disse Gulomkodirova. “Houve tiroteio incessante por 24 horas. O governo não nos diz o que realmente está acontecendo e isso é uma violação dos direitos humanos.”

De acordo com a informação disponível, o governo enviou milhares de tropas. “Muitos foram mortos. Também ouvi relatos de atiradores. Casas foram destruídas e até mesmo estudantes muito jovens foram mortos”, disse Gulomkodirova.

Rahila Muhibi disse que ela não acha que o governo esteja matando civis de propósito, mas avançando como estão fazendo, sem aviso, cercando a cidade e atirando nela da montanha, a situação se tornou extremamente severa. “As lojas estão fechadas, assim, as pessoas não podem comprar comida ou bebida. É uma crise humanitária”, disse ela.

Uma vez que a cidade continua isolada, é impossível saber a taxa de mortalidade. O governo tadjique afirmou no sábado que 17 membros das forças de segurança, 30 militantes e 1 civil haviam morrido, mas esse número parece improvável, considerando o intenso combate e os vários relatos e vídeos que conseguiram sair.

Os manifestantes em frente à embaixada tadjique em Londres pediram que o governo tadjique abra comunicações e retire o exército e apelaram ao resto do mundo a voltarem sua atenção para Khorog.

“Eu peço tanto ao governo do Tadjiquistão como a quem seja capaz de lhes perguntar: Nós queremos saber se nossas famílias estão seguras e bem, se eles estão vivos”, disse Gulomkodirova.

De acordo com um relatório da Rádio Free Europe no domingo, citando a mídia oficial tadjique, os combatentes da oposição começaram a depor as armas e a situação em Khorog agora está calma.

Com reportagem de John Smithies em Londres.