Cidadãos chineses são punidos por tentarem levar ex-ditador à justiça

10/06/2015 14:23 Atualizado: 05/06/2015 14:24

Em maio de 2015, mais de 20 pessoas entraram com ações legais contra o ex-líder do regime chinês, Jiang Zemin. No entanto, os potenciais demandantes poderão ter longas penas de prisão e até mesmo perder suas vidas por buscar justiça.

À medida que o mês de maio se aproximava do fim, cinco pessoas da província Gansu, noroeste da China, foram presas e detidas pela polícia local, depois de tentarem fazer a mesma coisa.

Por volta das 10 horas da manhã do dia 30 de maio, Fan Yongcheng, Wang Zefang e Wang Yongfang foram a uma agência de correios na cidade de Jincheng para enviar à justiça denúncia legal contra Jiang pela perseguição contra a prática Falun Gong. A denúncia foi parar nas mãos dos agentes de segurança pública dessa cidade. Membros da família dos três foram presos e seus documentos apreendidos, de acordo com Minghui, um website do Falun Gong que traz informação em primeira mão sobre a perseguição na China.

Três horas mais tarde, Wang Lifeng e Wang Yukang, pai e filho, foram a uma agência de correios para também enviarem uma denúncia-crime, e foram igualmente detidos.

Os cinco são praticantes de Falun Gong, prática espiritual chinesa tradicional que incorpora exercícios de meditação e o cultivo dos princípios morais verdade, benevolência e tolerância.

Alguns deles já foram perseguidos no passado por praticarem Falun Gong. A polícia invadiu oito vezes a casa de Wang Zefang, colocou-a em detenção administrativa por seis vezes, detenção criminal uma vez e condenou-a a oito anos de prisão por praticar Falun Gong. A sogra de Wang, que está na casa dos 70 anos e também é praticante, foi detida três vezes por praticar Falun Gong. O marido de Wang, Zhang Yanrong, em 2002, foi sentenciado a 12 anos de prisão por praticar Falun Gong, onde foi brutalmente torturado e faleceu em 2006, de acordo com Minghui. Wang Lifeng sofreu perseguição semelhante e foi condenado a nove anos de prisão em 2006, segundo relatórios do Minghui

O regime chinês foi inicialmente receptivo e apoiou a prática de Falun Gong, uma vez que ela trouxe benefícios para a saúde pública, melhorou a saúde de dezenas de milhões de chineses. No entanto, o líder do Partido Comunista Chinês, Jiang Zemin, temendo o crescimento e a enorme popularidade da prática, mobilizou o aparato de segurança e propaganda do regime chinês para, em 1999, iniciar uma repressão e perseguição nacional contra Falun Gong, as quais duram até hoje. À época, 100 milhões de chineses já praticavam Falun Gong. O número de mortes devido à perseguição já passa de 100 mil chineses, incluindo aqueles torturados ou espancados até a morte durante a custódia policial ou mortos para que seus órgãos pudessem ser extraídos e vendidos para transplantes.

Enquanto as tentativas de processar Jiang Zemin na China pela perseguição terminaram em retaliação imediata do regime chinês, praticantes de Falun Gong de vários países conseguiram processar Jiang com sucesso. Jiang Zemin não pode ir a muitos países sob risco de ser preso.

Não está claro se a detenção dos cinco significa um endurecimento do regime chinês contra a onda de cidadãos que procuram entrar com recurso legal contra Jiang Zemin ou se foi apenas uma iniciativa das autoridades locais de Gansu por não saberem para que lado os ventos políticos estão soprando agora na luta política entre Xi Jianping, atual presidente da China, e Jiang Zemin, ex-presidente, que ainda detém parte do poder na China.

Recentemente, uma série de altos funcionários da Agência 610, a agência secreta do Partido Comunista Chinês criada por Jiang Zemin para perseguir Falun Gong, foram investigados sob acusações de corrupção. O chefe da Agência foi recentemente demitido e sem a indicação de um substituto.