Chineses ricos estão ansiosos para sair da China

16/03/2014 13:21 Atualizado: 16/03/2014 13:21

A China está enfrentando uma fuga de riqueza enquanto os empresários deixam o país levando seus ativos consigo para destinos mais seguros. “Nós nos sentiremos seguros apenas quando formos embora daqui; é difícil dizer o que ocorrerá na China continental”, são as palavras frequentemente ditas por chineses ricos.

A maioria dos empresários da iniciativa privada está pronta para emigrar a qualquer momento. A ansiedade sobre a incerteza das políticas do Partido Comunista é a principal razão dada. A educação dos filhos e um ambiente de vida melhor costumavam ser a principal motivação para emigrar, agora isso se tornou um fator secundário.

Uma investigação da Associação de Empreendedores de Shanghai, uma das mais influentes associações não-governamentais de comércio em Shanghai, e do Research Consultancy Group Horizon investigou 150 empresas privadas na China continental. O relatório constatou que a sensação de segurança dos empresários privados chineses registrou 6.09 de 10 em 2013. A incerteza causada pelas flutuações políticas foi o principal motivo alegado por 31,5% deles.

Wang Hongxin, o diretor-executivo da Faculdade de Educação da Universidade Jiaotong de Shanghai, diz que os empresários privados deveriam ser um dos grupos sociais mais respeitados. Infelizmente, a sociedade chinesa tem uma ideia errada sobre os empresários, especialmente os empresários privados, e em geral odeia os ricos. Isso, combinado com planejamentos políticos imprevisíveis, falta proteção da riqueza privada e corrupção política, têm inibido os empresários de expandirem internacionalmente, bem como frustrado o planejamento no longo prazo.

Êxodo multimilionário

No final de 2012, o Centro para a China e a Globalização (CCG) e Instituto de Tecnologia e Escola de Direito de Pequim publicaram juntos o ‘Relatório anual sobre a migração internacional chinesa’ (2012).

O relatório afirma que 27% dos proprietários de negócios de altíssimo patrimônio líquido, com ativos pessoais acima de US$ 18 milhões, já haviam emigrado, enquanto outros 47% deste grupo consideram emigrar. Quase 60% dos empresários com alto patrimônio líquido e ativos pessoais acima de US$ 1,8 milhão tinham concluído ou estavam considerando a emigração de investimento.

Os resultados da pesquisa do Relatório Hurun 2013 indicam que a porcentagem dos mais ricos da China que emigraram, estão emigrando ou consideram emigrar, subiu de 6,7% em 2012 para 64% em 2013. Dos multimilionários, um terço emigrou, segundo a pesquisa.

Ativos no exterior

Uma pesquisa de 2013 da Wealth Insight, uma empresa de consultoria sobre patrimônio com sede em Londres, constatou que os mais ricos da China têm agora cerca de US$ 658 bilhões em ativos ocultos no exterior. Isso é mais do que 30% da receita fiscal da China de US$ 2,13 trilhões.

De acordo com o relatório de 22 de janeiro de 2014 do CCG, Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia são os quatro principais destinos para emigrantes chineses. Em 2012, mais de 152 mil chineses obtiveram residência permanente nos quatro países acima: 81.784 nos Estados Unidos, 33.018 no Canadá, 29.547 na Austrália e 7.723 na Nova Zelândia.

No Global Talent Blue Book, o ‘Relatório anual sobre a migração internacional chinesa’ (2012), publicado pelo CCG em 22 de janeiro, afirma que o número de emigrantes chineses chegou a 9,343 milhões. A China se tornou a quarta maior fonte de emigrantes em todo o mundo e a segunda maior fonte de imigrantes para os Estados Unidos.

Os dados do CCG indicam também que desde 2011, os chineses se tornaram o segundo maior grupo estrangeiro de compradores de imóveis nos Estados Unidos. Em Toronto, Canadá e Londres no Reino Unido, 20-40% dos compradores estrangeiros vêm da China.

No mês passado, o Canadá anunciou sua intenção de encerrar seu programa de investidor imigrante e eliminar as mais de 65 mil aplicações acumuladas, a maioria delas de chineses.

Os líderes chineses também pretendem acabar com a fuga de dinheiro. Cao Jianming, que chefia a Suprema Procuradoria Popular, disse que a China irá “trabalhar mais estreitamente com os órgãos judiciais no exterior… para caçar aqueles que fugiram e recuperar os ganhos ilícitos”, informou a mídia estatal Diário da China em 12 de março.

De acordo com Cao, 10,14 bilhões de yuanes (US$ 1,65 bilhão) em “dinheiro sujo” e propriedade foram recuperados e 762 suspeitos de corrupção foram capturados em casa e no exterior no ano passado.