Chineses ricos compram propriedade pelo mundo todo

21/11/2013 09:40 Atualizado: 21/11/2013 09:40

Pessoas com dinheiro na China estão comprando cada vez mais propriedade no exterior e emigrando.

“Eu acabei de descobrir numa reunião recente com cerca de uma dúzia de amigos que todos, exceto eu, já se candidataram para emigração ou conseguiram fazê-lo. Eu fiquei muito chocado”, escreveu Jia Zhangke, um diretor de cinema e roteirista chinês aclamado internacionalmente, em seu microblogue no final de outubro. Jia ganhou melhor roteiro no Festival de Cannes em 2013, além de outros prêmios.

Jack Ma, fundador bilionário e presidente da Alibaba, um conglomerado da internet, também disse numa conferência de imprensa em 25 de outubro que obterá residência em Hong Kong em dois anos e que está investindo em ativos de Hong Kong.

Não são poucas essas histórias, que são apoiadas por estudos, indicando que a elite da China e seus cidadãos mais ricos estão envolvidos numa emigração em massa. O jornal japonês Sankei comparou o fenômeno com a forma como animais se dispersam antes de um grande terremoto.

De acordo com uma das maiores empresas de serviços imobiliários do mundo, a CBRE, empresas chinesas despejaram US$ 7.700 bilhões em edifícios comerciais e residenciais no exterior nos três primeiros trimestres de 2013. Isso é 46% mais do que em todo o ano de 2012, segundo o Wall Street Journal.

Magnatas

Li Ka-shing, um magnata de Hong Kong, tem se desfeito de seus ativos na China para investir mais na Europa.

O conglomerado chinês Fosun International, de propriedade do homem mais rico da China, Guo Guangchang, anunciou em 18 de outubro a compra do One Chase Manhattan Plaza em Nova York por US$ 725 milhões.

O investidor imobiliário chinês Zhang Xin e o grupo bancário brasileiro Safra compraram uma participação de 40% no edifício General Motors em Nova York por US$ 1,4 bilhão em junho.

Outro investidor imobiliário chinês, o Grupo Dalian Wanda, está investindo US$ 1 bilhão para construir um hotel de luxo em Londres.

Na verdade, um em cada três chineses ricos têm investimentos no estrangeiro, segundo uma pesquisa do China Merchants Bank e do Bain & Company.

Austrália

Na Austrália, 90% das 435 solicitações de visto para investimento mínimo de AU$ 5 milhões (US$ 4,74 milhões) foram preenchidas por cidadãos chineses. A entrada total de investimento chinês ultrapassa US$ 16 bilhões ao ano, segundo o Conselho de Revisão de Investimento Estrangeiro da Austrália.

O mercado imobiliário está crescendo em áreas populares com compradores chineses em Melbourne e Sydney, grandes cidades costeiras da Austrália. O agente imobiliário do projeto Highpoint, em Hurstville, subúrbio sul de Sydney, por exemplo, vendeu 80% dos 320 apartamentos quase inteiramente para compradores chineses em quatro horas em 12 de outubro.

Portugal

Em Portugal, cerca de 75% dos “vistos de ouro” concedidos no ano passado, que dão o direito de residir no país em troca de um investimento mínimo, foram concedidos a chineses, disse Vítor Sereno, o cônsul-geral português em Macau, numa apresentação a potenciais investidores em 10 de outubro.

Elsa, uma agente imobiliária no Algarve, um destino turístico principal de Portugal e famoso por suas praias, disse ao Epoch Times que vendeu propriedades para oito compradores chineses em poucos meses.

Estados Unidos

Nos Estados Unidos, os investidores institucionais chineses despejaram seu dinheiro em todo o país: em Nova York, Los Angeles, São Francisco, Houston, Boston e Seattle, segundo um artigo do Wall Street Journal em 29 de outubro.

Mais da metade das casas vendidas a compradores estrangeiros na Califórnia foi para cidadãos chineses, segundo a CNN Money. A caça por propriedades de investidores chineses em São Francisco subiu 84% mês a mês, de julho a agosto de 2013, 456% superior a janeiro, segundo o San Francisco Chronicle.

De acordo com a estimativa da Associação Nacional de Corretores de Imóveis, os compradores chineses gastarão US$ 8,2 bilhões em casas americanas este ano.

Ásia

O dinheiro chinês também faz seu caminho para países vizinhos. Os dados oficiais da Coreia do Sul mostram que chineses compraram US$ 1,25 bilhão em propriedade na Coreia do Sul em março de 2013.

De acordo com dados divulgados pelo Departamento de Imigração de Hong Kong, Hong Kong emitiu 18.622 vistos de investimento nos últimos 10 anos, com 87% deles indo para cidadãos chineses que investiram um total de US$ 19 bilhões em Hong Kong.

Estudantes no estrangeiro

Estudantes chineses no exterior também trouxeram riqueza, juntamente com seus talentos para países estrangeiros. Mais de 80% dos super-ricos da China mandam seus filhos para o estrangeiro para uma melhor educação, disse Rupert Hoogewerf, fundador da ‘China Hurun Rich List’, em 11 de outubro num fórum econômico na China. “43% dos jovens estudam nos Estados Unidos e 34% na Grã-Bretanha”, acrescentou ele.

Um grande número de estudantes chineses, no entanto, não volta para a China após completar sua educação. De acordo com a mídia estatal Xinhua, até o final de 2012, 2,64 milhões de estudantes chineses foram enviados ao exterior, entre os quais apenas 1,09 milhões retornaram.

Quanto ao porquê dos chineses e seu dinheiro estarem saindo da China, um comentarista online pareceu captar o sentimento comum: “Um amigo meu disse que se prepara para emigrar após fazer dinheiro suficiente, porque ele não consegue entender por que as autoridades podem decidir quantos filhos podemos ter, que livros não devemos ler e que websites não podemos visitar. Além disso, não há mais possibilidade de segurança alimentar, o ar é poluído demais para respirar, não podemos possuir terra e os livros de nossos filhos estão cheios de mentiras. No entanto, não temos sequer a liberdade de criticar tudo isso. Por que deveríamos ficar aqui?”