Chineses rasgam imagem de Mao em apoio a jovem preso

08/11/2012 01:44 Atualizado: 08/11/2012 01:44
Ji Laisong, Lin Qilei, Chen Shuaishuai e Cai Xiaodong são retratados rasgando imagens do ex-líder chinês Mao Tsé-tung. O paradeiro de Cheng Shuaishuai e Lin Qilei é desconhecido. (Weibo.com)

Um jovem foi convocado pela polícia na província de Henan em 1º de novembro depois de rasgar publicamente um retrato do ex-líder chinês Mao Tsé-tung junto com três outros jovens. O paradeiro de dois dos quatro é atualmente desconhecido.

O incidente ocorreu a caminho do 18º Congresso Nacional e provocou protestos e indignação. Um grande movimento de protesto começou na cidade de Zhengzhou, província de Henan, em que chineses têm rasgado a imagem de Mao para apoiar os jovens.

O movimento foi chamado de ‘Rasgando as oito cabeças’, que se refere a rasgar os retratos dos oito líderes chineses e que soa similar a ‘18º Congresso’ em chinês. Ativistas na China usam palavras de sonoridade semelhante regularmente para contornar os censores do regime.

Os quatro eram o advogado Ji Laisong de Zhengzhou; dois ativistas da AIDS, Cao Xiaodong e Cheng Shuaishuai; e um estudante universitário chamado Lin Qilei. Eles rasgaram o retrato de Mao em 25 de outubro num espaço público na Praça Zijing, na cidade de Zhengzhou, província de Henan. Enquanto rasgavam a imagem de Mao, eles apelavam ao regime chinês para “eliminar a ideologia de Mao” e mostraram raiva ao dano causado por Mao ao povo chinês.

O Epoch Times falou com Ji Laisong na noite de 5 de novembro. Ele afirmou que ainda se movimenta livremente, mas as autoridades locais recentemente convidaram-no para tomar chá. Cao Xiaodong foi detido pela polícia para investigação e Ji Laisong não pôde ser contatar os outros dois. Ji Laisong disse que a motivação dos quatro jovens ao queimarem a imagem de Mao foi o que realmente acionou as autoridades.

Ji Laisong disse que embora esteja preocupado com sua situação, ele não se arrepende. Ele disse que seu motivo era “mostrar nossa infelicidade pelas ações de Bo Xilai de retornar à Revolução Cultural. Além disso, não podemos permitir que a maldade se espalhe na China.” Bo Xilai, agora na prisão e a espera de julgamento, era o chefe do Partido Comunista Chinês na cidade-província de Chongqing, onde ele liderou campanhas inspiradas em Mao que foram muitas vezes descritas como uma imitação da Revolução Cultural.

Chen Shuaishuai e Cao Xiaodong fazem trabalho voluntário com as vítimas da AIDS e coletavam fundos para construir acomodações gratuitas para aidéticos e suas famílias quando fossem visitar médicos em Zhengzhou, segundo o NetEase Henan News.

Depois que Cao Xiaodong foi levado pela polícia na noite de 1º de novembro, um de seus amigos, que atende pelo pseudônimo de “Azul V Despreocupado” no microblogue Sina, postou uma mensagem em 2 de novembro dizendo, “Por volta das 19h, a namorada de Cao Xiaodong e eu o buscamos na delegacia de polícia de Jingsanlu. Eu encontrei Cao Xiaodong.”

Outro usuário do Sina, que atende por “Ressurreição Corporal”, afirmou, “Cao Xiaodong foi empurrado com violência várias vezes na sala de entrevista quando pediu para ir ao banheiro. Ele só teve uma pequena refeição fria naquele dia.”

O incidente enfureceu o público. Escritores, jornalistas, advogados e celebridades falaram por eles e solicitaram à polícia que os libertassem imediatamente.

O advogado Xing Jianmin disse, “Qual é a base legal para a detenção dos quatro jovens em Zhengzhou apenas por rasgarem o retrato de Mao?”

O romancista Xia Shang disse, “Num país democrático, rasgar e até mesmo demonizar os retratos de figuras políticas não é nada. O retrato de Mao é impresso em notas de RMB [renminbi]. Nós o trazemos e usamos todos os dias, o que não significa que gostamos dessa pessoa.”

Outro postou uma mensagem no Weibo dizendo, “Eu apenas liguei para o capitão Liu da polícia de Zhengzhou e lhe perguntei que crime Cao Xiaodong cometeu? Ele não respondeu, mas me pediu para ligar para a delegacia de polícia. Eu lhe disse que rasguei cerca de cem retratos de Mao e que ele estava convidado a me investigar!”

O dissidente Huang Xiaomin de Sichuan disse que as pessoas têm o direito de rasgar o retrato de qualquer um. Ele disse à Rádio Som da Esperança, “Isso não foi o que a polícia queria fazer por si mesma e, mesmo que tenha sido, isso também foi controlado por um indivíduo em particular. Foi controlado pelo poder de alguns oficiais.”

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