Chinesa reconta torturas sofridas em notório campo de trabalhos forçados na China

20/04/2013 16:45 Atualizado: 20/04/2013 16:45
Um mapa do Campo de Trabalhos Masanjia (The Epoch Times)

O Campo de Trabalho Masanjia provou indignação recentemente na China, após a revista Lens publicar um artigo em 6 de abril sobre as torturas que ocorrem em suas instalações. Uma praticante do Falun Gong contou ao Epoch Times o que viu e sofreu no campo.

Localizado na província de Liaoning, no nordeste da China, Masanjia tem uma reputação de brutalidade, especialmente com os praticantes do Falun Gong, que compõem a maioria dos prisioneiros. Em julho de 1999, o então líder chinês Jiang Zemin começou uma campanha para erradicar o Falun Gong por medo da popularidade da disciplina espiritual e Masanjia tem desempenhado um papel de destaque nessa campanha.

A Sra. Xie sobreviveu 17 meses em Masanjia e seu calvário começou em novembro de 2005, quando um grupo de policiais à paisana, disfarçados como leitores de medidores de água, raptaram-na.

Após entrarem em sua casa, eles a nocautearam e confiscaram seus bens. Mais tarde, a Sra. Xie foi detida sem mandado judicial ou mesmo qualquer acusação e foi proibida de ver sua família ou de ter um advogado para representá-la.

Colheita de órgãos

A Sra. Xie iniciou uma greve de fome por 15 dias e depois foi levada à força para o Campo Feminino de Trabalhos Forçados Masanjia. Lá, ela tomou conhecimento da prática generalizada da colheita de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong para uso em transplantes sancionados pelo regime chinês.

Antes de se submeter a uma extensa avaliação física, a Sra. Xie foi falsamente informada de que se ela não estivesse saudável o suficiente, ela teria permissão de ir para casa.

Para sua surpresa, o exame físico era muito completo, incluindo raios-x, verificações das funções cardíacas e hepáticas, ultrassonografia, exames de sangue e urina, etc. Ela pensou que tudo aquilo era muito estranho, especialmente porque uma grande seringa extra foi usada para coletar seu sangue.

Será que esses cuidados caríssimos eram preocupação genuína com os detentos do Campo de Trabalhos Forçados de Masanjia? Obviamente que não. Em Masanjia, a tortura de detentos é uma prática comum e é especialmente bárbara com os praticantes do Falun Gong que se recusaram a desistir de suas crenças.

Durante sua detenção, a Sra. Xie descobriu algo muito estranho. Alguns praticantes diligentes do Falun Gong que se recusaram a abandonar a prática eram frequentemente torturados e de repente desapareciam sem deixar vestígios. “Suas penas de prisão não haviam terminado e todos os seus pertences permaneciam no campo”, disse ela.

No fim de março de 2006, uma família veio visitar a filha, uma praticante do Falun Gong chamada Liu Mingwei. Quando a família de Liu Mingwei foi recusada a entrar, eles começaram a gritar do lado de fora do campo que exporiam ao mundo a prática horrível da colheita forçada de órgãos de pessoas vivas se os funcionários da prisão não os deixassem visitar sua filha.

Naquele momento, a Sra. Xie lembrou que a polícia frequentemente lhe havia dito, “Se você não desistir de praticar [o Falun Gong], você subirá pela chaminé [do crematório de Masanjia].”

Ela compreendeu que isso era uma séria ameaça de morte, mas até então ela não sabia sobre a colheita de órgãos. Analisando retrospectivamente, a Sra. Xie agora lembra um aviso que um policial lhe deu logo após a perseguição ter começado.

Ela e seu filho de seis anos tinham viajado a Pequim em outubro de 1999 para apelar pelo direito de praticarem o Falun Gong. Antes de chegarem à Secretaria de Cartas e Apelações do Estado – o departamento oficial para a interposição de reclamações sobre delitos cometidos pelo Estado – eles foram presos pela polícia e detidos numa delegacia próxima à Praça da Paz Celestial.

Vendo que ela estava com uma criança de seis anos, um policial que parecia bem intencionado disse, “Veja você mesma, com uma criança tão pequena. Se você não disser seus nomes, eles os enviarão para um campo de concentração. Então, ninguém nunca os verá novamente. Uma vez que você esteja lá dentro, não há como sair.”

Muitos praticantes do Falun Gong omitem seus nomes após serem detidos para protegerem suas famílias, amigos e colegas de trabalho de represálias. Investigadores da atrocidade da colheita forçada de órgãos de pessoas vivas na China têm alertado que esses presos anônimos são uma população muito vulnerável, porque permanecendo anônimos ninguém do lado de fora pode encontrá-los e seus órgãos podem ser coletados sem que as forças de segurança corram o risco de serem descobertas.

Preocupada com o bem-estar de seu filho e apavorada após ser submetida à tortura física e mental, a Sra. Xie deu seu nome à polícia de Pequim.

Ela foi libertada do Campo de Masanjia em março de 2007 e logo depois encontrou o ex-colega Li Shiying. Ele disse que sua esposa havia acabado de realizar uma cirurgia de transplante de fígado no Hospital 301 (o Hospital Geral do Exército de Liberação Popular).

Do dia que sua esposa foi internada até o fim da cirurgia levou apenas 21 dias. “O médico disse que o fígado foi doado por alguém que pratica qigong. Era definitivamente um fígado saudável”, explicou Li Shiying.

Ouvindo essa história, o coração da Sra. Xie quase parou. Ela percebeu que deve ter sido listada como potencial doadora de órgãos pelo regime chinês. Informações sobre sua saúde, especialmente a condição de seus órgãos, foram registradas num banco de dados após o incomum exame físico a que ela foi submetida.

Desenhos ilustrativos dos calabouços de água, uma forma de tortura empregada em campos de trabalhos forçados chineses (The Epoch Times)

Tortura

A Sra. Xie disse ao Epoch Times que havia vários métodos de tortura no Campo de Masanjia. Além do ‘banco de tigre’, havia o confinamento solitário, pendurar as detentas como um avião, ‘leitos da morte’, calabouços de água e câmaras subterrâneas. Aqueles espancados até a morte eram registrados como suicidas ou vítimas de doenças.

A Sra. Xie viu um calabouço de água com seus próprios olhos. “O calabouço de água era localizado embaixo da caldeira da prisão. Cheios de água, quando as pessoas eram trancadas neles, elas só podiam manter suas cabeças fora da água”, disse ela.

“No entanto, o uso do calabouço de água foi exposto por praticantes do Falun Dafa fora da China, por isso, em 2005, a água foi drenada e o calabouço foi abandonado.”

A Sra. Xie ouviu falar das câmaras subterrâneas num armazém em Masanjia por meio de outros praticantes.

Numa ocasião, o Minghui.org, um website do Falun Gong, recebeu uma carta de alguém que era perseguido em Masanjia, alegando que, entre maio e junho de 2012, a polícia abriu uma grande fábrica em Masanjia e colocou os presos do Falun Gong para limparem-na.

Durante o processo de limpeza, alguém descobriu uma grande placa de ferro no chão que produzia ecos quando pisada. Os praticantes afastaram a placa e encontraram um grande buraco negro embaixo que emitia um odor pútrido. Uma malha de metal e grades de ferro cobriam o buraco.

Posteriormente, eles descobriram 4-5 buracos semelhantes a esse. A porta de acesso para esses buracos negros estava no meio da parede dos fundos do grande armazém. Quando eles a abriram, a porta emitia uma energia negativa nitidamente perceptível vindo de trás.

A Sra. Xie foi torturada de maneiras diversas e brutais. Ela lembra que a polícia lhe dizia repetidamente, “Há um padrão aqui no campo. Se você morrer, foi por causa de doença. Espancamento até morte é contado como suicídio.”

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