Chinês desesperado explode bomba em aeroporto, jornalistas refletem

26/07/2013 20:22 Atualizado: 26/07/2013 20:22
Policias e agentes da segurança no Terminal 3 do Aeroporto Internacional de Pequim, China, onde uma explosão ocorreu em 20 de julho (ChinaFotoPress/Getty Images)

Um homem paralítico que detonou uma bomba num aeroporto de Pequim tem provocado comentários sobre a injustiça e o desespero que alguns criminosos experimentaram e que os levou a cometer tais atos.

Antes de Ji Zhongxing detonar a bomba em 20 de julho, ele gritou para as outras pessoas no aeroporto que se afastassem, escreveu Luo Jieqi, uma repórter do Caixin Online, num editorial. Como resultado, apenas Ji ficou ferido. Ele foi levado para o Hospital Jishuitan de Pequim, onde Luo o visitou. Sua mão esquerda foi explodida e teve de ser amputada na altura do pulso.

Na linha de trabalho de Luo, escreve ela, é comum encontrar ou ouvir histórias de pessoas que “não tinham mais razão para viver”. Ela escreveu que sente simpatia por Ji e sua situação. “Quando li sua história, fui tomada por uma sensação estranha”, acrescenta ela.

Luo notou que ela e Ji tinham a mesma idade e que ambos estavam em Guangdong, no sul da China, em 2005, quando Ji ficou incapacitado. Ele trabalhava ilegalmente, dando carona a pessoas em sua motocicleta, quando agentes de segurança o espancaram e aleijaram. “Ele não podia mais se casar ou ter filhos. Para ele, a tragédia se tornou sua vida, para mim, a tragédia era sobre o que eu escrevia no trabalho”, escreve Luo.

Ji tentou apelar ao sistema judicial por justiça, mas ninguém o ajudou, e teve de voltar a sua cidade natal na província de Shandong e viver sob os cuidados do pai idoso. Luo cita um advogado que questionou por que ninguém quis informar sobre a lesão de Ji quando ele foi espancado em 2005, mas apenas quando ele detonou uma bomba que atraiu a atenção da mídia.

“Minha consciência me faz a mesma pergunta”, escreve Luo. “Se Ji tivesse me encontrado naquela época, será que eu teria reportado sua história? As chances da história ter sido escolhida teriam sido muito pequenas, porque não teria sido influente o suficiente. Isso é muito comum hoje em dia.”

Luo encontrou muitas histórias semelhantes de injustiça em seu trabalho. Ela descreveu o encontro com um homem que ficou paralítico num acidente de mineração e não conseguiu qualquer indenização, então, ele foi forçado a deixar sua esposa se casar com outra pessoa para poderem sobreviver.

Ela também mencionou uma mãe cuja filha foi estuprada na escola, mas, quando tentou processar a escola, ela perdeu. E, como consequência, seus três filhos foram recusados de frequentar as escolas locais.

Luo escreveu que se sente culpada por estas pessoas e pensa que deve fazer algo para ajudá-las, mas não sabe o quê, pois não haveria como buscar justiça para todos. Ao ler a história de Ji, Luo escreveu: “Minha primeira reação foi que ele não queria machucar ninguém, ele queria se vingar.”

“Estas pessoas não são intrinsecamente criminosas”, disse a psicóloga criminal Wu Boxin a Luo numa entrevista. “A maioria deles eram originalmente trabalhadores ou camponeses. Nosso sistema político foi fundado sobre a força dos operários e camponeses. Como podemos abandoná-los agora?”

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