China usa ‘Guerra das Drogas’ para desestabilizar EUA

30/12/2015 07:00 Atualizado: 30/12/2015 13:28

Por trás das remessas ilegais de drogas para os Estados Unidos e dos violentos cartéis narcoterroristas da América Latina, existe a mão do regime chinês. Para esses grupos, o Partido Comunista Chinês tornou-se a principal fonte para compra de drogas sintéticas e precursores de drogas como a metanfetamina, assim como um dos principais fornecedores das armas usadas por aqueles que atuam nesse ramo.

Essas drogas não causam estragos somente aos corpos e mentes dos usuários, mas a toda sua família e comunidade. Muitos desses usuários adquirem algum tipo de comportamento psicótico com sequelas de longo prazo ou permanentes ou acabam sofrendo “overdose”, o que ocasiona sua morte.

Existem mais de 150 empresas químicas chinesas registradas que vendem a droga alpha-PVP, também conhecida como “Flakka”, de acordo com o New York Times. Flakka tem substituído a cocaína no estado da Flórida, Estados Unidos. Pelo menos 18 pessoas morreram devido à sua utilização, além de gerar numerosas detenções desnecessárias no estado, segundo a polícia local.

Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos em 2012 revelou que existe cerca de 1,2 milhão de usuários de metanfetamina nos Estados Unidos, segundo o Instituto Nacional de Abuso de Drogas (National Institute on Drug Abuse – NIDA). Os efeitos colaterais dessa droga incluem ansiedade significativa, comportamento violento e sintomas psicóticos que, por vezes, duram longo tempo.

A metanfetamina, assim como muitas outras drogas sintéticas, tem uma característica fundamental em comum: sua produção, matéria-prima ou precursores químicos são originários da China; e o Regime Chinês tem demonstrado pouco interesse em ajudar a conter esse negócio.

“O papel da China é o de facilitador das atividades do crime organizado no México e na América Latina”, disse o Dr. Robert J. Bunker, professor e pesquisador adjunto da Escola de Guerra do Exército dos Estados Unidos, em entrevista ao Epoch Times.

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O Partido Comunista Chinês (PCC) tem conseguido viabilizar negócios legítimos assim como abastecer o submundo da América Latina, de acordo com Bunker. “Combine as relações do PCC com regimes pares na região, por exemplo a Venezuela, suas interações com o Hezbollah e os agentes iranianos… e vamos acabar com a cena do bar do filme Guerra nas Estrelas”, disse Bunker.

Na famosa cena do bar (Guerra nas Estrelas – Episódio IV: Uma Nova Esperança, 1977), o personagem Obi-Wan Kenobi diz: “você nunca encontrará um local tão miserável como esse, repleto de escória e vilania”.

Segundo Bunker, criou-se uma situação onde o Regime Chinês “através do seu considerável número de funcionários corruptos – muitos deles ligados ao crime organizado -, basicamente, visando o lucro pessoal, vendem qualquer tipo de coisa ou fornecem qualquer tipo de serviço como: armas, drogas, precursores químicos, produtos piratas, jogos de azar e lavagem de dinheiro.”

A Guerra contra a “Guerra das Drogas

Há mais na “Guerra das Drogas” do que os olhos podem ver. “Atualmente, o Regime Chinês articula o uso de um amplo espectro de táticas de guerra contra seus adversários, incluindo os Estados Unidos”, de acordo com relatório do Comando de Operações Especiais do Exército dos EUA, publicado em 13 de outubro de 2014.

A “Guerra das Drogas” é um pedaço do “amplo espectro de guerra chinês”, afirma o relatório, que aponta essa tática militar como sendo parte de uma ampla estratégia para “desestabilizar o inimigo.” Essa tática fica sob o guarda-chuva da “guerra cultural”, uma estratégia de guerra não convencional destinada a destruir a moral da sociedade, desestabilizando a ordem social e, assim, enfraquecer a nação.

Para os regimes comunistas, incluindo o PCC, o uso da “Guerra das Drogas” contra os seus adversários não é novidade. No livro “Cocaína Vermelha” (Red Cocaine) – última atualização em 1999 -, o ex-diretor da CIA para Inteligência, Joseph D. Douglass, detalhou a história dessa tática.

Em seu livro, Douglass expõe que os regimes comunistas “utilizam os narcóticos há várias décadas como uma arma decisiva na constante guerra de baixo nível travada contra a civilização ocidental”. Ele acrescenta: “Durante os cinco últimos anos da década de 1980, por exemplo, dados e testemunhas ligaram quase todos os países comunistas ao tráfico de drogas.”

A estratégia da “guerra cultural” foi amplamente exposta por funcionários de alto nível desertores da ex-União Soviética – incluindo o desertor Tcheco, Gen. Jan Sejna. Essa estratégia também foi utilizada na era Stálin, detalhada no “O Manual Comunista de Instruções para Guerra Psicopolítica”. Esse documento pode ser encontrado sob domínio público atualmente.

A “Guerra das Drogas” também foi utilizada pelos britânicos durante as “Guerras do Ópio” contra a China no século 19, o que levou a nação a ceder o controle de Hong Kong aos britânicos em 1841, e mais tarde ajudou no colapso da dinastia Qing em 1912.

Para Mao Tse-tung, um dos fundadores do Partido Comunista Chinês, o ópio foi uma arma que ajudou o PCC a estabelecer o controle sobre a população chinesa. Douglass escreveu que, em 1928, Mao instruiu um de seus subordinados, Tan Chen-lin, para “começar a cultivar ópio em grande escala.” Essa ação visava gerar recursos ao PCC, entorpecer a população e envenenar os estados rivais não-comunistas.

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Após o PCC estabelecer seu controle sobre a China, Douglass escreveu, “a produção de ópio foi nacionalizada e o tráfico de entorpecentes, direcionado contra os Estados não-comunistas, tornou-se política de Estado do novo regime comunista.”

Essa “política de Estado” ainda está em vigor, mesmo sendo exposta desde 1951 pelo Japão e os Estados Unidos. Mas hoje, a “Guerra das Drogas”, que no passado era realizada nos bastidores, agora é abertamente reconhecida e utilizada.

Alimentando a epidemia

A China é o principal fornecedor de precursores químicos para os cartéis de drogas, incluindo a efedrina e a pseudoefedrina, substâncias utilizadas para produção da metanfetamina. Outras drogas sintéticas podem ser encomendadas diretamente de laboratórios chineses. A maioria das drogas sintéticas são difíceis de ser categorizadas ou reguladas, porque os laboratórios chineses mudam sua composição química para se esquivar das regulamentações norte-americanas, assim tornando as substâncias legais para compra.

O uso e dependência da metanfetamina e outras drogas sintéticas está crescendo nos Estados Unidos, uma vez que são muitas vezes mais baratas, fáceis de encontrar e possuem efeitos similares das drogas não-sintéticas. Existem clones sintéticos de quase todas as drogas ilegais não-sintética disponíveis no mercado.

Historicamente, o Partido Comunista Chinês já prendeu grupos ligados à produção e ao tráfico de drogas na China, de acordo com rede PBS, entretanto as drogas produzidas para exportações ainda estão sendo “fabricadas livremente.”

A política do PCC para o desenvolvimento de precursores químicos permitiu que a produção de drogas ilegais prosperasse fora da China. Os cartéis mexicanos produzem cerca de 90% da metanfetamina utilizada nos Estados Unidos, e 80% dessa metanfetamina é produzida usando químicos oriundos da China, de acordo com o Departamento de Combate às Drogas dos EUA (Drug Enforcement Administration – DEA).

“A China tornou-se o principal fornecedor dos traficantes mexicanos devido às frouxas regulamentações sobre a fabricação de produtos químicos e exportação dos mesmos”, segundo oficial do DEA ao site Stars and Stripes, que tem foco na comunidade militar dos EUA.

Os traficantes produzem a metanfetamina usando até 30 produtos químicos, que na maioria dos países são produzidos sob regulamentações restritas, como nos Estados Unidos. Entretanto, na China, comparativamente, apenas uma das 30 substâncias químicas é regulamentada, de acordo com o site Stars and Stripes.

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O México tem tentado trabalhar com o regime chinês para conter o fluxo de químicos que abastecem o narcotráfico no país, mas o PCC disse que o país deve lidar com esse problema sozinho. Jorge Guajardo, ex-embaixador do México na China, disse ao The New York Times que “Em todo o meu tempo lá, os chineses nunca mostraram qualquer disponibilidade para cooperar em conter o fluxo de precursores para o México.”

O comentarista político brasileiro e autor de “O Eixo do Mal Latino-Americano e a Nova Ordem Mundial“, Dr. Heitor De Paola, disse em entrevista ao Epoch Times que não apenas o Partido Comunista Chinês, mas assim como outros grupos comunistas na região utilizam-se da tática da “Guerra das Drogas”.

Segundo Heitor, essa prática é usada por alguns líderes nacionais que fazem parte do Foro de São Paulo – aliança comunista latino-americana -, bem como por grupos narcoterroristas, como as FARC (Forças Armadas Revolucionárias Colômbia) e movimentos sociais de extrema-esquerda que possuem vínculos com organizações de guerrilha.

As drogas são usadas, ele disse, “como uma forma de estimular a dependência entre os jovens dos países que são alvo de penetração”, sendo ferramentas para conquistar os objetivos políticos do Foro de São Paulo. Alguns dos grupos, como as FARC, também trocam drogas por armas, acrescenta Heitor.

A origem das armas ilegais

O apoio do PCC aos traficantes latino-americanos, no entanto, não termina apenas com o fornecimento de drogas sintéticas e precursores químicos.

A principal fonte de armas de fogo ilegais no México também são oriundas da China, comercializadas “através do mercado negro”, de acordo com relatório do Dr. R. Evan Ellis, professor associado para Estudos de Segurança Nacional no Centro de Estudos de Defesa Hemisférica dos EUA.

Ellis afirma que as armas chineses são frequentemente contrabandeadas para o México via Estados Unidos. Seu comentário é apoiado por Luis Villegas Meléndez, comandante militar mexicano, que afirmou em 2008 que as armas chinesas e russas estavam sendo contrabandeadas através da fronteira dos EUA em Tamaulipas, México.

“Granadas de fabricação chinesa e outros itens militares foram apreendidos em Puebla e em outras regiões no México”, disse Ellis. Entretanto, ele acrescenta, que ainda não está claro se os cartéis de droga estão comprando armamentos de grupos criminosos chineses ou diretamente de empresas bélicas na China.

Os cartéis de drogas mexicanos não são os únicos destinatários das armas chinesas, de acordo com relatório da Comissão de Análise Econômica e de Segurança EUA-China.

O PCC fornece armas, direta e indiretamente, a grupos que estão “isoladas por razões políticas”, aponta o relatório. Entre os destinatários das armas chinesas na América Latina estão os governos de Cuba e Venezuela, e a organização terrorista FARC, na Colômbia.

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A proliferação das armas chinesas na região é um tanto problemática. O relatório afirma que “se considerada toda a região, o grau de atuação das empresas chinesas – como a da indústria estatal bélica Norinco -, para combater o desvio de seus produtos bélicos ao mercado negro não é claro.”

O PCC tem repelido as acusações, alegando que a venda de armas a organizações narcoterroristas é “ilegal sob a lei chinesa”, mas como observa o relatório, esta alegação é pouco mais do que um discurso político.

“Através de meios descritos pelo governo chinês como legítimos”, afirma o relatório, recentemente, armas de fabricação chinesa encontraram um caminho para chegar às mãos de grupos narcoterroristas na Colômbia e no Sudão do Sul.

Roger J. Chin, estudante de doutorado na Universidade Claremont Graduate disse que as organizações criminosas estão explorando a natureza da globalização, e a questão já não é apenas um problema regional, mas algo global “com implicações diretas sobre a segurança nacional.”

Robert Bunker disse que a situação na América Latina revela o pensamento chinês por trás dos negócios na região. “O narcoterrorismo na América Latina é sustentado como resultado das políticas chinesas”, disse ele, “e a resposta da China é ‘que assim seja.'”