O regime chinês tem transportado armamento para as suas ilhas artificiais no Mar do Sul da China, à medida que tensões com os países vizinhos e com os Estados Unidos se intensificam.
O tipo exato de armamento instalado não foi especificado na reportagem exclusiva da agência de notícias australiana The Sydney Morning Herald. Contudo, a matéria afirma que os oficiais australianos estão preocupados, pois a China pode, em seguida, instalar radares de longa distância e artilharias antiaéreas.
Na nova estratégia militar do regime comunista recentemente publicada, a política de defesa aérea foi alterada para permitir que a sua força aérea tome ações ofensivas.
A reportagem australiana afirma que discussões sobre a instalação de armas estão “provocando discussão em círculos militares seniores” e pode fazer com que a Austrália comece a enviar a sua força aérea para o Mar do Sul da China para realizar missões de “liberdade de navegação” e assim “demonstrar que Canberra não aceita as reivindicações cada vez mais duras de Pequim”.
A missões podem incluir voos, rotas marítimas e exercícios semelhantes ao lado das forças de outras nações.
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As discussões na Austrália seguem-se à nova política dos Estados Unidos de desafiar diretamente a ocupação de território do regime chinês no Mar Sul da China.
O regime chinês está construindo ilhas artificiais a aproximadamente 1.300 milhas da China continental. Ainda que não tenha oficialmente declarado um zona defensiva ao redor das ilhas, o seu exército tem transmitido avisos a outras nações que passam pela área.
No dia 20 de maio, os militares norte-americanos divulgaram áudio e vídeo dos avisos que o regime chinês enviou ao sobrevoarem uma das ilhas artificiais chinesas. Uma voz chinesa deu oito avisos pelo rádio, entre os quais “Estão se aproximando da nossa zona de alerta militar”, “Saiam imediatamente!” e “Vão embora!”.
Os Estados Unidos deixaram claras as suas intenções de sobrevoar a área. É para manter a liberdade de navegação e deixar claro ao regime chinês que a construção de um novo território em águas internacionais não será reconhecido como território legítimo e soberano.
Depois do voo dos Estados Unidos, as Filipinas anunciaram que também irão iniciar voos militares sobre a região. A Austrália pode ser a próxima nação a fazê-lo.
Ambições Globais
O regime chinês tornou claras as suas ambições de se expandir. Face a esta ameaça, de acordo com Richard Fisher, um membro sênior do Centro de Avaliação Estratégica Internacional, os Estados Unidos têm uma pequena janela temporal para agir.
“Estamos entrando numa batalha de percepções, e estamos tentando adicionar novas camadas no argumento que a China é o agressor, quebra a lei, e é uma real ameaça à região”, diz Fisher.
Ele acrescentou, contudo, que a não ser que os Estados Unidos estejam dispostos a exercer mais força, “os chineses irão continuar a nos ignorar, continuarão a construir mais bases e continuarão a fortalecer o controle sobre a região já que possuem os meios para o fazer”.
O regime chinês está usando uma estratégia em três vertentes à medida que procura expandir-se. Usa o exército para se apoderar e defender território, usa propaganda para justificar suas ações, e usa dinheiro para neutralizar homens de negócios e políticos, de forma a influenciar as políticas de países estrangeiros.
O regime delineou as suas ambições expansionistas no documento de estratégia militar no dia 26 de maio liberado pelo Ministério Chinês de Defesa Nacional. O documento descreve os interesses do regime chinês em expandir a sua influência global, controlar Taiwan, e expandir o controle militar do Mar do Sul da China e do Mar a Oeste da China.
“Este é o curso de eventos nos quais deveríamos estar trabalhando para parar agora”, disse Fisher.
Fisher nota que o regime chinês enviou entre 200 e 300 navios para o Mar Sul da China para construir ilhas artificiais para bases militares. “Na maior parte das regiões isso seria considerado uma invasão”, disse ele. “Os Estados Unidos deveriam responder se a China começar a invadir o Mar do Sul da China”.
A ambição do regime chinês em se expandir militarmente não está limitada a somente o Mar do Sul da China. Atualmente ele está construindo bases em outros locais, incluindo Djibouti, no nordeste de África e na Namíbia, no sudoeste de África.
Relatórios publicados pela mídia chinesa em novembro de 2014 indicam que o regime chinês está tentando construir 20 bases navais em todo o mundo, incluindo Paquistão, Sri Lanka, Burma Djibouti, Yemen, Oman, Kenya, Tanzânia, Moçambique, Seicheles, Madagascar, Coreia do Norte, Papua Nova Guine, Camboja, Tailândia, Bangladesh, Maldivas, Nigéria e Angola.
De acordo com o The Namibian, um artigo publicado pelo jornal chinês International Herald Leader afirma que as bases militares irão permitir aos chineses “três vertentes estratégicas” no Oceano Índico norte, no Oceano Índico ocidental e no Oceano Índico Sul.
Fisher notou que quando o regime militar chinês e os seus negócios são levados em conta, suas ações também podem ter influência sobre grandes pontos de comércio na América Central, América do Sul, Atlântico Sul, e no Mar do Sul da China.
“Existe muito a ser feito”, diz Fisher, em relação à resposta corrente dos EUA. “Estamos num período em que nos resta muito pouco tempo.”