A IBM está transferindo o seu know-how técnico para empresas chinesas que afirmaram claramente seus objetivos de ocupar o lugar da própria IBM no mercado chinês.
Uma das empresas concorrentes é a Teamsun com sede em Pequim. A IBM recebeu permissão, de acordo com as leis de exportação dos EUA, para fornecer à Teamsun informações tecnológicas sobre como construir computadores de alta tecnologia bem como o software que é executado neles.
O intermediador do acordo entre IBM e Teamsun é Shen Changxiang. Shen, ex-engenheiro militar, 74 anos, ocupa um dos mais altos cargos de ciber-oficiais do regime chinês. De acordo com o New York Times, ele está “ajudando a Teamsun, e por sua vez a China, a desenvolver uma cadeia completa de fornecimento de computadores e softwares baseados na tecnologia da IBM”.
O objetivo do regime chinês, acrescenta o New York Times, é construir uma base industrial e tecnológica capaz de não mais depender da compra de computadores americanos.
A transferência da tecnologia da IBM está sendo feita por meio de um programa de 2013 chamado de OpenPower. De acordo com o site do programa, o objetivo é “criar um ambiente aberto” para compartilhar conhecimentos, investimentos e propriedade intelectual no desenvolvimeto de computadores.
A ideia por trás do OpenPower é estabelecer uma base tecnológica para criar novas parcerias de negócio e abrir novas oportunidades ao redor do mundo. De acordo com o New York Times, o OpenPower tem atualmente 120 membros, com cerca de 20 deles na China.
No caso da China, no entanto, por meio desse programa, a IBM está fornecendo sua tecnologia para um país que tem claramente afirmado seu objetivo de superar tecnologicamente os EUA.
Shen, que está ajudando a IBM nessa transferência de tecnologia, foi crítico com relação à dependência do regime chinês de tecnologia americana.
O vice-presidente da Teamsun, Huang Hua, também foi citado no website da empresa. Huang disse que a transferência de tecnologia high-end da IBM é uma “oportunidade” e acrescentou que a estratégia “absorver e, em seguida, inovar” acabará com a lacuna técnica entre as empresas chinesas e as norte-americanas do setor, assim, ajudá-los a substituir produtos norte-americanos.
No entanto, a IBM não limitou o programa à Teamsun. Em 2 de abril, a IBM anunciou o desenvolvimento de um novo aplicativo móvel em parceria com o China Telecom e, antes disso, estabeleceu parcerias com a empresa chinesa de software Youyou e com um fabricante de hardware para servidores, concorrente da IBM, Inspur.
O calendário desses acordos é crítico, pois o regime chinês considera fazer exigências que podem impactar profundamente as empresas americanas de tecnologia na China.
O regime chinês suspendeu recentemente novas regras para a segurança na web que visavam “definitivamente substituir produtos de tecnologia estrangeira por alternativas domésticas”, informou a Reuters em 17 de abril.
O jornal estatal China Daily informou em março 26 que “a IBM permitirá que as empresas chinesas construam produtos que vão desde chips semicondutores a servidores baseados na arquitetura IBM”.
O problema é que o regime chinês não tem atualmente tecnologia ou bons produtos nativos. No entanto, a IBM poderá mudar isso em breve .