China segue construindo ilhas artificiais e mantém suas intenções em sigilo

03/06/2015 16:39 Atualizado: 03/06/2015 17:47

Os EUA cumpriram com seu compromisso de contestar as reivindicações territoriais chinesas no Mar do Sul da China, e sobrevoaram ilhas, recentemente construídas, com um avião de vigilância. Logo que começaram a operação, receberam avisos da marinha chinesa para evacuar a área.

Os voos e a resposta chinesa foram relatados primeiro no dia 20 de maio pela CNN, que recebeu acesso exclusivo ao avião de vigilância P8-A Poseidon. As datas dos voos não foram divulgas.

“Estão se aproximando da nossa zona de alerta militar”, disseram as vozes chinesas recebidas pela Marinha dos EUA e transmitidas pela CNN. “Vão embora imediatamente!” Outra ainda mais concisa ordenou: “Vão embora!”

Os voos passaram por cima das ilhas que o regime chinês assiduamente tem construído nos últimos anos, em uma área que afirma pertencer ao seu território.

A equipe de construção utiliza massivos equipamentos de dragagem, que levantam milhares de toneladas de areia e rocha do fundo do mar para os amontoar e assim construir ilhas, sobre as quais fortificações militares, como pistas de aterrissagem e portos, são mais tarde construídos.

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Tais desenvolvimentos causam preocupação aos EUA, porque o regime comunista parece querer limitar a liberdade de navegação, um dos alicerces da atual ordem global. Essas ações também fazem parte de um contexto de outros desenvolvimentos militares chineses no espaço e na internet, que são potencialmente ameaçadores para as forças militares dos EUA. Mais recentemente, o regime chinês decidiu atualizar o seu principal míssil nuclear com múltiplas ogivas, uma ação que desestabiliza a estratégia anterior.

A maior parte do trabalho de dragagem e construção das ilhas está sendo feito nas Ilhas Spratly, no Sul da China. As ilhas situam-se a 2 mil milhas do sul da China, entre o Vietnã e as Filipinas, que também reclamam destas ilhas.

O regime chinês afirma que as ilhas que construíram deveriam ter os mesmos direitos de um território nacional legítimo, tais como as 12 milhas náuticas de exclusão para navios militares, e a proibição de voos de espionagem, como aquele em que a CNN embarcou.

As autoridades americanas recentemente lançaram a ideia de desafiar estas novas pretensões territoriais, atravessando a zona de exclusão. A reportagem da CNN é a primeira evidência pública de que os Estados Unidos têm feito isso. Não há nenhuma evidência que os navios de guerra também tenham entrado dentro da zona de interdição de 12 milhas náuticas à volta das ilhas artificiais.

As mídia estatais chinesas relatam estes incidentes com um tom nacionalista, e seus artigos de opinião afirmam que a resposta da China será resoluta caso os Estados Unidos violem o espaço de exclusão de suas ilhas artificiais. No entanto, a única resposta registrada até agora foram os avisos dos operadores navais chineses via rádio.

“Também estou curioso para entender qual o objetivo final dos chineses. Temos visto um aumento de atividade recentemente e parece que se trata de construção de infraestruturas militares”, afirmou o Capitão Mike Parker, comandante da frota de aviões de vigilância que monitoriza a construção da ilha, citado pela CNN.