Pela primeira vez em uma década, Hong Kong já não se encontra no topo da lista das cidades competitivas na China, e isso é devido à mão asfixiante do regime comunista chinês, segundo comentaristas.
De acordo com um estudo da Academia Chinesa das Ciências Sociais sobre competitividade urbana, Hong Kong agora está em segundo lugar, logo atrás do seu vizinho na fronteira com a China continental, a metrópole Shenzen.
O estudo relatou que Shenzen ultrapassou Hong Kong, um movimentado centro financeiro internacional e antiga colônia britânica, porque a cidade da China continental havia apoiado melhor a inovação. Em 2014, o governo de Shenzen gastou 4,05% do produto interno bruto apoiando a inovação e o setor tecnológico, já Hong Kong investiu 0,73%.
O relatório também diz que a posição de Hong Kong foi afetada no ano passado pelo protesto estudantil “Occupy”. Desde o fim de setembro até meio de dezembro, centenas de milhares de habitantes de Hong Kong ocuparam três áreas da cidade para protestar contra as imposições restritivas de Pequim sobre a reforma política em Hong Kong.
Leia também:
• Políticos e ativistas de direitos humanos apoiam manifestação pacífica em Hong Kong
• Homem mais rico da Ásia retira seus negócios de Hong Kong
• Confrontada com comunismo, Hong Kong deveria nos lembrar do valor da democracia
O ranking da Academia Chinesa de Ciências Sociais não é de confiança, escreveu o comentador político Meng Tianyu, que atualmente mora no Canadá, na sua coluna da versão chinesa do Epoch Times. Meng disse que Hong Kong tem de sua posição como um local competitivo para fazer negócio desde 1997, ano em que o regime chinês assumiu dos britânicos a soberania sobre Hong Kong.
Economicamente, os cidadãos de Hong Kong foram ultrapassados por chineses da China continente, diz Meng, citando o aumento das quotas chinesas nos setores imobiliário, financeiro, energético, de construção e na bolsa de valores de Hong Kong.
E os cidadãos de Hong Kong não estão exatamente ajudando a si mesmos. Os chefes locais de grandes empresas começaram a tornar-se membros da Conferência Política Consultiva Popular da China, o corpo conselheiro político multipartidário do Partido Comunista Chinês. Hoje, ninguém “se atreve a desafiar uma convocação para palestra vinda de Pequim”, escreve Meng.
Os pequenos negócios estão cada vez mais tentando satisfazer os cidadãos continentais armazenando os bens que eles procuram, e no processo, transformam a economia local e o sustento das pessoas comuns. “Na superfície, a economia de Hong Kong está nas mãos dos chineses continentais”, disse Meng.
Ainda que os cidadãos de Hong Kong estejam cientes da intrusão de Pequim no seu modo de vida, e “demonstrem que Hong Kong lutará pela democracia e liberdade” no último ano dos protestos Occupy, Meng teme que eles não consigam resistir à assimilação por meios econômicos.
Meng diz que o regime chinês também está manipulando os cidadãos de Hong Kong através do controle das mídias. Jornais a favor da democracia têm perdido contratos publicitários lucrativos, os funcionários administrativos têm sido substituídos por pessoas que apoiam Pequim, e os editores têm sido brutalmente agredidos nas ruas por delinquentes.
A única razão pela qual Hong Kong ainda não está “totalmente arruinado” pelo regime chinês é porque os oficiais do Partido Comunista Chinês estão tirando proveito do status da cidade de “Região Administrativa Especial” para lavar seus ganhos ilícitos, um segredo aberto, afirma Meng.
Alguns casos de lavagem de dinheiro chegaram aos jornais de Hong Kong. No ano passado uma história amplamente relatada envolvia Zhao Dannuo, uma mulher chinesa de 22 anos, que lavou mais de 10 bilhões de dólares de Hong Kong (cerca de U$ 1,23 bilhão), através do Bank of China em Hong Kong. Zhao diz ter movimentado o dinheiro para Xu Caihou, o antigo chefe do exército chinês que foi demitido, e que faleceu recentemente.
Hong Kong mantém o seu status como centro de finanças internacional, mas de acordo a presidente do Epoch Times de Hong Kong, Sr. Guo Jun, essa vantagem depende do sistema jurídico anglo-americano herdado dos britânicos, o qual também está deteriorado.
Guo nota em discurso sobre os assuntos atuais da China, proferido neste ano, que o Partido Comunista movimentou-se para interpretar a Lei Básica de Hong Kong, o seu documento de governo, e pediu a Hong Kong para adotar a legislação de segurança que pode prejudicar as liberdades civis, e também está manipulando o processo de reforma política de Hong Kong.
“Se esta situação continuar e Hong Kong perder suas vantagens judiciais, a sua posição de centro financeiro e de informação inevitavelmente desaparecerá. Hong Kong, a famosa pérola do Oriente, desaparecerá”, disse Guo.