Recentemente, a polícia chinesa deteve dois cantores tibetanos populares, enquanto o Partido Comunista Chinês (PCC) continua a reprimir a liberdade de expressão no Tibete, implementando a campanha maoísta do líder chinês Xi Jinping de “alinhamento das massas” por meio de repressão e vigilância. Estas detenções seguem várias outras prisões recentes de escritores e músicos tibetanos.
Os cantores Trinley Tsekar e Gonpo Tenzin foram detidos no final de novembro. Ambos são do condado de Driru (Biru), onde o PCC tem implementado uma campanha altamente impopular de forçar os tibetanos a mostrar lealdade à China e a içar bandeiras chinesas em seus telhados.
Os cantores haviam publicado e distribuído DVDs com letras sobre a cultura, literatura e língua tibetanas, e sobre as dores do povo tibetano sob o domínio chinês, informou o Centro Tibetano de Direitos Humanos e Democracia (TCHRD).
A prisão dos cantores segue as recentes detenções de escritores tibetanos. Tobden, de 30 anos, um nômade e escritor que foi preso em 28 de outubro, foi condenado a uma pena de cinco anos em 30 de novembro, junto com outros dois moradores do município de Shakchu, no condado de Driru.
Os escritos de Tobden, que falam sobre o sofrimento do povo de Driru e que apelam ao mundo por “justiça para os residentes do condado, que sofrem sob as leis e os regulamentos injustos”, são interpretados pelo PCC como uma ameaça, disse uma fonte à Rádio Free Asia.
No início de outubro, a polícia chinesa deteve o popular escritor Tsultrim Gyaltsen, de 27 anos, e um amigo, acusando-os de “supostamente se envolverem em atividades para prejudicar a estabilidade social e dividir a pátria chinesa”, disse uma fonte ao jornal The Tibet Post Internacional (TPI).
Desde a primavera, pelo menos sete outros escritores ou músicos tibetanos foram presos ou condenados, incluindo dois que foram “desaparecidos” e mais tarde descobriu-se que foram encarcerados.
“Alinhamento das massas”
O PCC diz que sua campanha de “alinhamento das massas” no Tibete visa a trazer os funcionários do PCC mais perto das pessoas. “A realidade da campanha”, diz que o TCHRD, “é que a política se destina a colocar todos os tibetanos sob vigilância direta do aparato tecnológico e policial do PCC.”
Em 1º de novembro, o oficial de alto escalão do PCC na região do Tibete, Chen Quanguo, escreveu num editorial na revista política do PCC, Qiushi, que iria “garantir que as vozes das forças hostis e do grupo do Dalai Lama não fossem vistas ou ouvidas”.
Ele prometeu que as autoridades locais se “certifiquem de que a voz do Partido Comunista seja ouvida e observada em toda parte nesta vasta região de 120 milhões de quilômetros quadrados”.
O recentemente publicado ‘Anuário Legal da China de 2013’, uma publicação oficial do PCC, afirma: “[Devemos] combater resolutamente os crimes de separatismo, subversão, terrorismo e todos os tipos de organizações de culto, de acordo com a lei, para manter a segurança do Estado e a estabilidade social e política, consolidar a posição dominante do Partido Comunista e defender o regime socialista.”
Qualquer escritor, artista, músico, blogueiro ou figura religiosa que articula ou expressa qualquer termo ou exemplo da cultura tibetana é considerado um “separatista”, uma ameaça ao PCC e por isso deve ser punido severamente.
“Ao ousar refutar a narrativa oficial da China sobre os eventos em torno da revolta tibetana de 2008, esses tibetanos corajosos representam um novo desafio significativo para as autoridades chinesas”, disse Tsering Tsomo, o diretor do TCHRD, falando sobre os escritores e artistas perseguidos.