China reforça censura na Internet e bloqueia serviços que contornam firewall do governo

21/09/2015 09:13 Atualizado: 21/09/2015 09:13

No seguimento das celebrações do 70º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, a China lançou uma nova onda de censura online, reprimindo um popular serviço que quebra o bloqueio da grande firewall de Internet.

Clientes do serviço da Rede Privada Virtual (VPN) Astrill receberam uma mensagem de erro durante o primeiro final de semana do mês, afirmando que o “reforço da censura” estava bloqueando os protocolos do serviço, e que a empresa estava trabalhando numa versão atualizada do aplicativo para ultrapassar a restrição.

Os VPNs são usados para contornar a grande firewall do regime chinês, e seu bloqueio à Internet. As VPNs e outras ferramentas anticensura estão sujeitas regularmente a interferências do Partido Comunista Chinês.

Nos dias que antecederam o 70º aniversário, o site dos criadores do software GitHub foi alvo de ataques de negação de serviço (DDoS). Ataques DDoS ocorrem quando múltiplos computadores infiltrados atacam um único alvo, inundando assim o sistema de destino de forma que ele é forçado a encerrar.

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Na semana anterior ao GitHub ser atacado, os programadores chineses, sob pressão da polícia, encerraram o ShadowSocks, um projeto de software livre que permitia aos internautas chineses contornar a Grande Firewall.

Os ataques do mês passado não foram os primeiros sofridos pelo GitHub. Em março, o regime atacou e encerrou  temporariamente duas páginas do GitHub, uma delas contendo o GreatFire que permite fazer pesquisas no Google sem censura, e a outra contendo o “Great Cannon” que permite acessar uma versão traduzida em chinês do New York Times.

Estes incidentes fazem parte dos esforços do regime para reforçar o seu controle sobre a Internet. Esta nova forma de censura teve início no final do ano passado, quando os softwares anteriormente usados para acessar ao Gmail (há muito tempo proibido na China), foram bloqueados em dezembro.

Em janeiro, o Diário do Povo reportou que a Grande Firewall foi “atualizada para assegurar a soberania do ciberespaço”. Posteriormente, todos os populares serviços de VPN,  TunnelBear, Strong VPN, e Astrill acusaram problemas de conexão.

A persistente censura da Internet chinesa tem gerado um grande mercado para os serviços que permitem contornar a grande firewall. Algumas das ferramentas mais úteis para este bloqueio, como o Freegate e o Ultra-Surf, foram desenvolvidas por chineses no estrangeiro.