A China pode receber em breve um dos principais caças russo, o Su-35. A compra permitirá a China aproximar-se de desafiar a moderna frota aérea dos Estados Unidos.
Tem havido conversações e “a assinatura provavelmente ocorrerá no próximo ano”, disse Viktor Komardin, vice-chefe da exportadora de armas estatal russa Rosoboronexport, à mídia estatal Ria Novosti.
A busca da China pelo Su-35 diz algo sobre as capacidades de sua força aérea e os esforços do regime para fabricar equipamentos de ponta. A necessidade do jato de combate russo é parte de uma tendência observada nos militares chineses, que ainda dependem fortemente de importações estrangeiras e projetos roubados.
Com esta compra, a história se repete. Na década de 1980, a China começou a desenvolver seu caça J-10. Um protótipo foi ao ar na década de 1990, mas, depois de enfrentar contratempos frequentes, a China se voltou para a Rússia. Em 1992, a China adquiriu 50 caças russos Su-27 e, desde então, recorre à Rússia por pedidos de jatos e bombardeiros de combate.
De acordo com a Global Security: “A aquisição do Su-27, depois da China ter tentado por anos desenvolver a aeronave J-10 com tecnologia equivalente para desempenhar funções semelhantes, demonstra falta de confiança na capacidade da indústria nacional.”
Apenas em 2006 a China completou seu J-10, mas mesmo assim a aeronave depende de partes russas – principalmente no motor. Ao desenvolver seu caça de quinta geração, o J-20, a China mais uma vez teve problemas. Enfrentando contratempos frequentes, ela novamente se voltou para a Rússia para adquirir o melhor disponível, desta vez, o Su-35.
Caças são categorizados por geração. O Su-35 foi um dos últimos jatos de combate da Rússia da quarta geração (classificado como geração 4,5).
No entanto, o mundo está se movendo em direção aos caças de quinta geração. Os EUA tem o F-35 e o F-22, a Rússia tem o T-50 e a China tem o J -20. Os Estados Unidos também disponibilizaram o F-35 para seus aliados.
O russo Su-35 é sem dúvida um dos poucos caças da geração 4,5 que pode desafiar o americano F-35. As duas aeronaves têm capacidades semelhantes, embora analistas de defesa apontem que o elemento-chave de uma vitória do F-35 seja sua furtividade avançada.
Embora a China tenha feito todo o possível para promover o J -20, a data de conclusão prevista para algum momento entre 2017 e 2020 sugere que o projeto atual seja apenas para exibição. Até 2020, os EUA planejam desenvolver sua próxima geração de caças.
O problema mais fundamental é que a China não é capaz de construir motores de caça de quinta geração. Ela importa motores AL-31FN da Rússia e até mesmo suas tentativas de falsificar os motores russos foram em vão.
Em 2010, a China anunciou que começaria a fabricar os motores por si mesma, usando sua versão desmontada do motor russo WS-10A, segundo o website StrategyPage. No entanto, apenas um ano mais tarde, a China silenciosamente renovou seus pedidos por motores russos.
As autoridades chinesas ainda nomearam publicamente a companhia de aviação estatal do regime, a Corporação da Indústria Aérea da China. StrategyPage afirma que na China: “O debate público indica a persistente incapacidade de atingir até mesmo os mais baixos (do que o Ocidente) padrões de fabricação da Rússia, cujo empresas estatais (durante o período soviético) também nunca foram capazes de corresponder aos padrões ocidentais de fabricação.”
Mesmo o J-20, seria uma reconstituição do caça russo extinto MiG-1.44. Comparações entre o J -20 e o MiG-1.44 mostram que os projetos são muito semelhantes.
Um oficial anônimo do Ministério da Defesa russo disse à Reuters em 2011 que parece que os chineses tiveram acesso aos documentos relacionados com a aeronave. Um analista independente também disse à Reuters que “a China comprou a tecnologia para as peças, incluindo a cauda da Mikoyan, por dinheiro”.
O fabricante russo do avião MiG negou ter transferido tecnologia para os chineses, segundo a Ria Novosti. No entanto, Douglas Barrie, um especialista em guerra aérea do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, sediado em Londres, disse a Ria: “Se isso é uma coincidência, é realmente impressionante. A Rússia pode ter fornecido apoio técnico, mas não há nada de substancial para provar isso. A China tem, no entanto, contado com a Rússia para grande parte de sua aquisição de defesa por uma década e meia.”
Apesar das afirmações do regime sobre as características de furtividade avançada do J-20, as capacidades furtivas chinesas são questionáveis.
A China incorporou características furtivas no projeto do MiG-1.44 e há vários relatos de onde ela recebeu sua tecnologia furtiva. Alguns apontam para ciberespionagem sobre o programa F-22, outros para ciberespionagem ou compra dos russos e alguns apontam para um caça americano F-117 Nighthawk, que foi abatido sobre a Sérvia em 1999.
Um problema fundamental do J-20 é que, embora o MiG-1.44 fosse um caça furtivo, ele foi projetado para gerações anteriores de tecnologia furtiva.
As características furtivas avançadas vão além do mero design. Um revestimento complexo que pode absorver radar é necessário, bem como várias outras funções, incluindo a tecnologia de esconder emissões de energia e reduzir a turbulência e a radiação de calor.
David Axe, um correspondente militar norte-americano, também observa em seu blogue “War is Boring” que o J -20, aparentemente, não possui bicos furtivos para escaparem à detecção de radar por trás. Ele também observa que a aeronave emprega “canards”, que são pequenas asas móveis usadas frequentemente como estabilizadores, mas que “adicionam bordas refletoras de radar”.
“Em relação à capacidade furtiva [da República Popular da China], eles estão atrás de nós, mas se desenvolverão e ficarão melhores e nós certamente não podemos descansar em nossa posição”, disse o general Herbert Carlisle, comandante das Forças Aéreas dos EUA no Pacífico, em 2012, segundo a DefenseTech.
Talvez porque a China dependa para sua tecnologia mais avançada de importações estrangeiras e do roubo de projetos de outros países, sua própria pesquisa e desenvolvimento de caças não foi bem sucedida. Esta parece ser a lição do J-20.