O regime chinês pode estar usando a venda de armas para a Argentina como uma forma de entrar no mercado latino-americano, é o que mostra uma nova análise da empresa de inteligência IHS Jane.
Em um comunicado feito no dia 5, autoridades da China e da Argentina podem ter “firmado uma série de programas militares anteriormente relatados,” de acordo com a IHS.
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Os acordos ampliam todo o leque de possibilidades militares da Argentina. Eles incluem sistemas de armas para o exército, marinha e força aérea do país.
“Enquanto 100 ou mais APCs [veículos blindados], cinco corvetas ou 14 novos combatentes não podem alterar significativamente o equilíbrio de poder com os vizinhos da Argentina ou no que diz respeito às ambições da Argentina para tomar as Ilhas Falkland (Malvinas)”, afirma a IHS, “isso também poderia marcar o início das mais substanciais exportações militares chinesas.”
Uma vez que os contratos forem assinados, o regime chinês e a Argentina poderão trocar informações militares, e a China poderá construir hospitais de campanha militares na Argentina.
As possibilidades podem incluir a coprodução de veículos militares entre o regime chinês e a Argentina.
De acordo com a IHS, veículos coproduzidos pela China e Argentina podem incluir veículos blindados anfíbios chineses 8 × 8 VN1 (APCs), aviões de combate chineses FC-1 e navios de guerra P-18N da China.
Se a Argentina passar adiante os seus programas que coproduzem veículos militares com a China, diz a IHS, o regime chinês pode firmar “sua primeira parceria militar-comercial de peso na América Latina.”
Os programas para codesenvolver veículos militares seguem acordos semelhantes aos assinados entre a Argentina e o regime chinês em 2012. O regime chinês vai construir um rastreador espacial e uma estação de controle no sul da província argentina de Neuquén.
Segundo a IHS, a infraestrutura espacial permitirá que o regime chinês aumente suas redes de satélites e expanda seus programas espaciais.
“Fontes argentinas apontaram que uma vantagem crucial é que Buenos Aires terá acesso a informações estratégicas provenientes da formidável constelação de satélites de vigilância da China”, afirma.
As vendas de armas para a Argentina, juntamente com outros benefícios para China, de acordo com a IHS, “afetará o equilíbrio de poder na América Latina e aumentará a influência militar da China na região.”
Nova fronteira da China
O regime chinês está trabalhando para expandir sua influência na América Latina.
Líderes dos 33 países membros da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) reuniram-se em Pequim em meados de janeiro. Durante o encontro, o regime chinês prometeu investir 250 bilhões de dólares na América Latina nos próximos 10 anos, e aumentar o comércio bilateral em 500 bilhões.
O regime chinês parece querer deixar seu selo, “enquanto o ferro está quente”. Países latino-americanos estão experimentando a sua menor taxa de crescimento econômico desde 2009, de acordo com um relatório de 28 de janeiro elaborado pelo Serviço de Pesquisa do Congresso americano.
Ao mesmo tempo, observa o relatório, os países latino-americanos tornaram-se mais confiante em sua capacidade de resolver seus próprios problemas, o que os levou a ser menos dependente dos Estados Unidos. Através dessa mudança, ele observa, a China “tornou-se um importante parceiro comercial de muitos países da região, classificado como um dos dois principais mercados de exportação e de importação.”
O comércio da China com a América Latina cresceu de cerca de 18 bilhões de dólares em 2002 para quase 260 bilhões de dólares em 2013, afirma o relatório, embora observe que os Estados Unidos ainda são os maiores parceiros comerciais para muitos países.
Há também uma certa rejeição aos investimentos da China na América Latina por parte de alguns países, pois se comparando aos programas de investimento similares na África, onde acordos de investimento chinês têm demonstrado ajudar no curto prazo, apesar de prejudicá-los no longo prazo.
O website Fact Check Argentina relatou, após 29 de dezembro de 2014, que um acordo de investimento chinês pode “subverter a força de trabalho da Argentina em favor dos trabalhadores chineses.”
O site comparou o investimento em programas chineses na África, onde “os críticos dizem que Pequim está interessada apenas na África como uma fonte potencial de recursos minerais, e que seus projetos frequentemente beneficiam mais os políticos do que as pessoas locais.”
No Sri Lanka, há uma rejeição semelhante contra projetos de investimento do regime chinês. Recentemente eleito presidente do Sri Lanka, Maithripala Sirisena diz que espera mudar essa dinâmica.
Sirisena chamou a “moeda de crédito recebida do exterior” – o que foi amplamente interpretado como uma referência ao investimento da China – um assalto “em plena luz do dia.”
“Se esta tendência continuar por mais seis anos, o nosso país se tornará uma colônia e nós nos tornaremos escravos”, disse Sirisena em sua campanha eleitoral.