China precisa de 2 trilhões de yuans por ano para combater poluição

14/05/2015 10:04 Atualizado: 14/05/2015 10:04

Um relatório do Banco Central da China afirma que o país necessita de 2 trilhões de yuans (cerca de U$ 322 bilhões) todos os anos, durante os próximos cinco, para combater o impacto da poluição ambiental. Este número surpreendente corresponde a 3% do produto interno bruto da China.

O orçamento anual do governo chinês é de cerca de 14.2 trilhões de yuans, e o valor dedicado ao ambiente foi de 1 trilhão em 2014.

Entretanto, mesmo estes 2 trilhões podem não cobrir as necessidades, caso se pretenda lidar com a totalidade da poluição ambiental na China. “Gastar alguns trilhões de yuan podem mitigar o nível de poluição, mas para realmente resolver o problema da poluição na China, alguns trilhões não bastam. A China precisa de centenas de trilhões”, disse Frank Tian Xie, um professor de administração da Universidade da Carolina do Sul, em entrevista à Rádio Free Asia (RFA).

O autor chinês Zheng Yi, que mora atualmente nos Estados Unidos, afirmou que resolver somente a poluição relacionada a metais pesados já seria um enorme encargo econômico.

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“Atualmente, o método para lidar com o problema da poluição terrestre é cavar o solo que foi contaminado, não importa o quão fundo a poluição possa estar. O solo contaminado é então transportado e enterrado em outro local. Existem milhões de acres de terra na China que estão contaminados. É simplesmente impossível cavar alguns metros de solo em toda esta área poluída”, afirmou Zhengem, entrevista à RFA.

As estatísticas oficiais da China indicam que um quinto de toda a terra agrícola tenha sido contaminada por metais pesados em diferentes graus, e que cerca de 10% foi severamente poluída.

Quanto à poluição da água subterrânea e da água costeira, Zheng Yu diz que o dinheiro não consegue resolver esse problema. Somente a natureza, durante um período de milhares de anos, pode reverter tal contaminação.

Uma tentativa do regime para mitigar a poluição do ar baseia-se em reduzir a necessidade de usinas de carvão para produzir eletricidade, e ao invés disso, apostar na energia nuclear. De acordo com o relatório do Banco Popular da China, as autoridades reservaram 930 bilhões de yuans (cerca de U$ 150 bilhões) para a construção de centrais nucleares.

O rápido desenvolvimento econômico na China durante os últimos 30 anos foi realizado com um enorme custo ambiental, disse Zheng Yi. Isso tem sido ruim para o país, mas um bom negócio para os ricos e poderosos. Não está claro se os esforços de descontaminação também não serão desviados por interesses pessoais, afirma.

“É como vender a frigideira de sua família. Você se beneficiará à custa dos seus pais, e pode usar o dinheiro para comprar doces”, disse Zheng. “Do mesmo modo, o dinheiro dos contribuintes é usado para combater a poluição ambiental. E os beneficiários dos esforços para eliminar a poluição serão os ricos e poderosos da China”.