Um novo relatório oficial acrescentou alguns detalhes a relatos anteriores dos encontros violentos de sexta-feira na região de Xinjiang. Ele culpou mais uma vez os extremistas religiosos pelo incidente mortal entre a polícia e uigures locais, que deixou vários uigures mortos.
A única fonte de informação sobre o incidente vem das autoridades chinesas, no entanto, e os grupos uigures dizem que isso pode ter sido apresentado de forma inadequada ou ter sido fabricado.
Os 13 supostos terroristas teriam treinado e se preparado por meses para o ataque, informou a mídia estatal Xinhua. E chamou o incidente de um “ataque terrorista organizado e premeditado contra a polícia”, que resultou na morte de 11 dos supostos atacantes.
“Vários terroristas foram mortos a tiros pela polícia no ataque de sexta-feira”, informou a Xinhua, passando a dizer que a polícia matou oito dos supostos terroristas e três morreram “por sua própria bomba suicida”. Além disso, dois policiais e dois civis ficaram feridos e cinco viaturas policiais sofreram danos ou foram totalmente destruídas no encontro na prefeitura de Aksu, em Xinjiang. Não houve menção da condição ou paradeiro dos outros dois suspeitos, nem as vítimas foram nomeadas no relatório de segunda-feira.
A mídia estatal não ofereceu mais detalhes no relatório da semana passada sobre os detalhes do encontro ou da explosão. A Xinhua disse que os terroristas estavam num carro-bomba com a intenção de atacar um grupo de policiais que se preparavam para patrulhar. Relatórios anteriores disseram que o grupo usava motos e carros com cilindros de ‘gás natural veicular’ (GNL), no entanto, o GNL é um combustível comum nos veículos da região.
Novas informações sobre o incidente incluem acusações de que os 13 supostos terroristas foram treinados por seis meses por um homem chamado Mehmut Tohti, que, segundo a Xinhua, “espalhava o extremismo religioso” há três anos. O grupo teria estado assistindo a vídeos de atos terroristas e ouvindo gravações de áudio antes do incidente, e teriam produzido explosivos e facas, segundo o artigo.
Pequim acusou repetidamente militantes islâmicos e separatistas pela violência endêmica na região de Xinjiang, dizendo que “separatistas” querem estabelecer um Estado chamado Turquestão Oriental, independente do governo chinês.
Residentes locais uigures apontam para o aumento da pressão chinesa sobre a cultura e a religião uigur como um fator nos surtos contínuos de violência. A China fechou mesquitas, proibiu as práticas religiosas e tem restringido o ensino da língua e cultura.
A versão oficial chinesa dos eventos também foi questionada. “Os relatórios anteriores sobre esses tipos de incidentes se provaram incredíveis e não foram confirmados por fontes independentes. No ano passado, em inúmeras e distintas ocasiões, o governo chinês fez exatamente o mesmo tipo de acusações sem fornecer qualquer prova substancial que apoiasse suas alegações”, alertou um comunicado do Congresso Mundial Uigur (CMU) após o incidente.
A presidente do CMU e proeminente ativista uigur de direitos humanos, a sra. Rebiya Kadeer, advertiu: “Não é a primeira vez que estes incidentes são relatados. O CMU e grupos de direitos humanos ao redor do mundo têm apelado repetidamente ao governo chinês para conduzir uma investigação transparente sobre incidentes semelhantes. Até o momento, nenhuma informação confiável emergiu. Este último incidente ilustra uma tendência recente de violência patrocinada pelo Estado utilizada para sufocar a dissidência uigur, que as autoridades não concedem o devido processo legal, atiram e matam, classificando-os de terroristas, e depois usam o contraterrorismo para justificar os homicídios e intensificar a repressão na região.”
Jornalistas estão proibidos de conduzir investigações independentes em Xinjiang, e a viagem à região é restrita, observou o Diário da Manhã do Sul da China, acrescentando que relatórios oficiais sobre os incidentes não seriam confiáveis.