China fatura bilhões com importação de lixo dos Estados Unidos

27/12/2012 22:50 Atualizado: 27/12/2012 22:50
Coleta de lixo na China (Guang Niu/Getty Images)

De acordo com relatório do Comitê de Comércio Exterior dos EUA, o lixo é o 5º artigo mais importado pela China dos Estados Unidos, atrás apenas de maquinaria agrícola, produtos eletrônicos, substâncias químicas e suprimentos de transporte. Em 2011, o valor da transação de lixo totalizou mais de 11.5 bilhões de dólares, um aumento enorme em comparação com o valor de 2000 de 740 milhões de dólares.

Devido ao grande volume da produção de lixo nos Estados Unidos, o custo de seu descarte é muito alto, além de trazer eventuais impactos ambientais. Porém, essa grande quantidade de lixo tem grande mercado na China, que além de poder fechar negócios bilionários com os resíduos, pode reutilizar alguns componentes para a fabricação de produtos novos e revendê-los ao exterior. Do ponto de vista econômico, de fato, se trata de um negócio bastante rentável para a China.

No entanto, o custo social arcado nesse processo é igualmente alto. Os centros de reutilização do lixo possuem instalações precárias e praticamente ignoram medidas de segurança do trabalho, expondo trabalhadores a sérios riscos de contaminação, em especial pelo contato direto com metais pesados e substâncias tóxicas. Além disso, componentes não reutilizáveis são aterrados ou – como na maioria dos casos – incinerados, processo este que lança grande quantidade de toxinas na atmosfera, causando danos à saúde pública.

Na última década, estima-se que o estoque de lixo importado exceda a casa de 10 milhões de toneladas, cujos impactos negativos na sociedade chinesa tenderão a se perpetuar por vários anos. Apenas em 2011 o governo chinês começou a estabelecer fiscalização e controle sobre a importação de lixo, porém essa fiscalização tem fomentado o contrabando de resíduos, não obtendo resultados concretos. O assunto gera polêmica e revolta na comunidade chinesa; diversos segmentos da sociedade classificam o ato como uma “vergonha nacional” e que o dinheiro ganho com o negócio seria gerado à custa do bem-estar da população.

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