China expande suas capacidades de guerra espacial

25/09/2013 11:49 Atualizado: 25/09/2013 11:49
Novos armamentos visam principalmente prejudicar os sistemas norte-americanos
O foguete Longa Marcha-2F carrega a sonda Shenzhou-10 no Centro de Lançamento de Satélite de Jiuquan, na província de Gansu, China (ChinaFotoPress/Getty Images)
O foguete Longa Marcha-2F carrega a sonda Shenzhou-10 no Centro de Lançamento de Satélite de Jiuquan, na província de Gansu, China (ChinaFotoPress/Getty Images)

Novas arenas de guerra estão se abrindo. Os militares dos EUA já dependem fortemente de satélites e sistemas de comunicação e países como a China estão ativamente tentando minar esses sistemas. “Não há uma operação realizada em qualquer lugar e em qualquer nível que não dependa de alguma forma do espaço e do ciberespaço”, disse o general William L. Shelton, comandante do Comando Espacial da Força Aérea na Base Peterson da Força Aérea, no Colorado, em 21 de setembro, segundo o Departamento de Defesa.

No entanto, em meio à proliferação das forças armadas no espaço e no ciberespaço, o próximo desafio é fazer com que todas as tropas estejam conectadas e proteger essas conexões. Shelton disse que os Estados Unidos enfrentam quatro ameaças principais: interferência de sinal, lasers, ataques em locais em terra e detonações nucleares no espaço.

Ele disse que os perigos que estas tecnologias representam para os militares dos EUA precisam ser reconhecidos, observando: “Não podemos continuar, em minha opinião, a operar com esta mentalidade de céu aberto.” As quatro principais ameaças mencionadas por ele também são os quatro principais recursos que o regime chinês está desenvolvendo.

Documentos divulgados pelo WikiLeaks mostram fortes tensões entre os Estados Unidos e a China em relação a armamentos para guerra espacial. Em 11 de janeiro de 2007, a China destruiu um de seus próprios satélites usando uma arma antissatélite (ASAT) em solo. Um documento do WikiLeaks de informes do Departamento de Estado diz que o teste foi feito sem aviso prévio e a China não deu “qualquer resposta sensata” a nenhuma nação que abordou a questão posteriormente.

O teste também encheu a órbita inferior com uma estimativa de 2.500 peças de detritos perigosos. O documento do WikiLeaks diz que os EUA disseram a China claramente: “Os EUA se reservam o direito, de acordo com a Carta das Nações Unidas e o direito internacional, de defender e proteger seus sistemas espaciais com uma vasta gama de opções, desde diplomática até militar.”

O teste levantou preocupações de que a China esteja desenvolvendo sistemas de guerra espacial apesar de afirmar o contrário. O informe afirma que os EUA interromperam a cooperação espacial com a China e “uma das razões principais para esta situação é a contínua falta de transparência da China em relação a todas as suas atividades espaciais”. Países foram forçados a monitorar e evitar os detritos com satélites e outros equipamentos espaciais. Em maio deste ano, os destroços do teste chinês de 2007 atingiram e destruíram um satélite russo.

O documento vazado do Departamento de Estado afirma que em 11 de janeiro de 2010, a China lançou um míssil que interceptou um míssil balístico de médio alcance lançado quase ao mesmo tempo do Centro Espacial e de Mísseis Shuangchengzi. O informe afirmou que o míssil utilizado era do mesmo tipo utilizado pela China em seu teste ASAT de 2007 e “este teste teria favorecido tanto as tecnologias chinesas ASAT como as de defesa de mísseis balísticos (DMB)”.

Enquanto a China faz tanto barulho quanto possível em torno de seu desenvolvimento de um caça de quinta geração e de sua Marinha, ela faz silêncio sobre a guerra espacial e tem tentado encobrir seus testes. Em maio, quando a China lançou um novo míssil antissatélite Dong Ning-2, ela tentou alegar ao público que era a Academia Chinesa de Ciências experimentando com um foguete sonoro, segundo o site de notícias militar Alert5.

O desenvolvimento de armas destinadas ao espaço e à cibernética é parte da estratégia chinesa de antiacesso, que foi descrita por Roger Cliff da RAND Corporation, num testemunho em janeiro de 2011 perante a Comissão de Revisão Econômica e de Segurança EUA-China.

Cliff disse que a estratégia visa desativar militares tecnologicamente superiores, atacando os sistemas críticos de tecnologia. Ele disse: “Este conceito é baseado na ideia de que, ao invés de tentar destruir toda a força militar do adversário, o Exército da Liberação Popular (ELP) deveria tentar paralisar o adversário, atacando pontos críticos em sua rede de sistemas.”

A China classifica seus armamentos espaciais e cibernéticos com nomes como “Maça Assassina” ou “Carta Trunfo”, segundo um relatório desclassificado e significativo: “China: pesquisas médicas sobre os bioefeitos do pulso eletromagnético e da radiação de micro-ondas de alta energia”.

O texto afirma que as armas foram projetadas para “permitir que a China prevaleça sobre os Estados Unidos num conflito de reunificação à força com Taiwan”. Inclui-se, entre outros sistemas, detonar armas nucleares em alta altitude para fritar eletrônicos com pulso eletromagnético.

Em fevereiro de 2012, na avaliação anual de ameaças, o tenente-general Ronald L. Burgess, diretor da Agência de Inteligência de Defesa dos EUA, alertou para o foco crescente da China na guerra espacial.

Burgess disse que os programas espaciais públicos da China apoiam sua capacidade de prejudicar os sistemas espaciais de outras nações e alimentam as capacidades militares da China. Ele disse: “Pequim raramente reconhece aplicações militares diretas de seu programa espacial e refere-se a quase todos os lançamentos de satélites como científicos ou de natureza civil.”

Ele disse que, além de mísseis antissatélites, a China também está “desenvolvendo armas de interferência e energéticas para missões ASAT”. Apesar das alegações da China de um orçamento militar de US$ 93 bilhões, os Estados Unidos acreditam que o verdadeiro orçamento seja de US$ 183 bilhões, disse Burgess.