Fontes do governo japonês disseram ao jornal Japan Times na quarta-feira que a Guarda Costeira japonesa vasculhou um cargueiro cambojano em outubro do ano passado e encontrou evidências de que a China enviou quatro veículos militares lançadores de mísseis à Coreia do Norte, que foram posteriormente utilizados em abril num desfile militar em comemoração ao 100º aniversário do fundador do país, Kim Il Sung.
As fontes afirmaram que a China contornou a resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a venda de armas à Coreia do Norte, exportando lançadores móveis de mísseis para o isolado país comunista. O governo japonês confirmou que existem relatos, mas não quis comentar sobre o assunto na quarta-feira. “O governo japonês está prestando atenção ao assunto, mas não posso comentar mais sobre os detalhes de um caso individual, pois envolve atividades de inteligência”, disse Osamu Fujimura, o chefe do Gabinete de Estado japonês, conforme citado pelo jornal.
Os veículos de 16 rodas, chamados transportador, eretor e lançador (TEL), construídos por uma empresa chinesa, eram idênticos a outros oito veículos vistos no desfile de 15 de abril em Pyongyang, capital da Coreia do Norte, informou o jornal Asahi Shimbun, que publicou a primeira história. O jornal citou diversas fontes governamentais anônimas.
O Asahi Shimbun informou que o navio de carga do Camboja partiu de Shanghai no início de agosto e chegou à Coreia do Norte alguns dias depois. Satélites japoneses acompanharam o embarque. Após a carga ser entregue, ela passou por território japonês, onde as autoridades a vasculharam. O Japão partilhou a informação com os Estados Unidos e Coreia do Sul.
De acordo com uma reportagem do jornal Yomiuri Shimbun, fontes revelaram que Pequim disse que os veículos eram alegadamente “para o transporte de madeira”. A posse da Coreia do Norte de tais veículos preocupa a Coreia do Sul e o Japão, pois os veículos podem transportar mísseis de longo alcance por todo o país, tornando-os mais difíceis de encontrar e destruir, se a necessidade alguma vez surgir.
O Conselho de Segurança criou uma resolução que proíbe os Estados membros de exportarem armas de destruição em massa para a Coreia do Norte, depois de ela ter testado um dispositivo nuclear em 2006. Apesar de a China aparentemente violar a resolução do Conselho de Segurança, entregando as armas, provavelmente haverá pouco ou nenhum reação contra isso. “Seria difícil [para a comunidade internacional] descrever as exportações como uma violação das resoluções se a China alegar que foram para uso civil”, disse um alto oficial do Ministério das Relações Exteriores japonês à Yomiuri.
Relatórios japoneses também sugerem que os Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul não têm pressionado a China sobre o assunto porque querem que Pequim tente convencer a Coreia do Norte a suspender seu programa nuclear. Alguns analistas acreditam que Pyongyang realizará seu terceiro teste nuclear em breve, seguindo um padrão semelhante visto no passado de lançar um foguete e depois testar um dispositivo nuclear. A Coreia do Norte fez uma tentativa fracassada de lançar um foguete de longo alcance em meados de abril.