China enfrentará colapso econômico em 2013, diz pesquisador do Estado

03/09/2012 09:13 Atualizado: 02/11/2013 12:15
Designers trabalham no centro de design do Grupo Babei Co. Ltda. em 3 de julho de 2012 na província de Zhejiang, China (Feng Li/Getty Images)

Um pesquisador econômico do Conselho de Estado da China prevê o colapso econômico do país no próximo ano. Suas observações, que foram feitas há quase um ano, receberam atenção renovada recentemente, enquanto a economia da China começa a desacelerar e suas previsões sinalizam não estarem muito longe do alvo.

Li Zuojun, um pesquisador do Centro Nacional de Desenvolvimento e Pesquisa do Conselho de Estado, fez um discurso em 17 de setembro de 2011 intitulado “Crise econômica sucederá na China em 2013”. O discurso foi apresentado numa reunião interna da Organização Alumni de Changsha da Universidade Huazhong de Ciência e Tecnologia, segundo a Deutsche Welle.

Recentemente, o discurso se espalhou na internet chinesa.

Uma mensagem em 23 de agosto no Weibo, a maior mídia social chinesa, foi encaminhada mais de 9.000 vezes. A informação também foi amplamente divulgada por portais de mídia do continente, incluindo Sohu e Sina.

Em resumo, Li Zuojun observou que falências de pequenas e médias empresas, bancos e governos locais são todos sinais de uma crise econômica nacional.

Ele deu quatro razões para sua previsão:

Economia

Uma bolha imobiliária estourando e as crises das dívidas locais piorando são duas causas que Li Zuojun atribui para um potencial colapso econômico.

Ele argumenta que a recessão econômica global levou a dificuldades financeiras para as pequenas e médias empresas, que posteriormente resultaram em redução das receitas fiscais industriais e comerciais. Os governos locais sofreram redução das receitas devido ao setor imobiliário deprimido.

No entanto, os governos locais estão sob muita pressão para continuar a gastar mais dinheiro em itens como defesa nacional, infraestrutura local, construção de habitação e políticas de segurança social, melhoria de estruturas hidráulicas e, mais importante de tudo, “manutenção da estabilidade social”.

Ao mesmo tempo, o amadurecimento das dívidas locais tem acrescentado mais pressão e forçado alguns governos locais à falência. Isso inevitavelmente levará a bancos também declararem falência e as dívidas serão passadas aos cidadãos chineses. Como resultado, Li Zuojun prevê uma crise econômica iminente de grandes proporções.

Dinheiro quente

A economia da China está desacelerando, enquanto os Estados Unidos estão se recuperando economicamente, portanto, grandes somas de dinheiro quente internacional sairão da China. Este dreno também contribuirá para uma implosão econômica, diz ele.

Política

A transição da liderança chinesa em 2013 traz novos líderes para o leme que podem não estar tão ansiosos por resolver os problemas econômicos da China. Li Zuojun acha que eles não abordarão alguns dos problemas do passado até três a cinco meses após assumirem suas posições. Assim, o reconhecimento mais provável de um colapso econômico, segundo a estimativa de Li Zuojun, é de julho ou agosto de 2013.

“Após o estouro da bolha econômica, haverá um período subsequente de sofrimento. Mas para os novos líderes, isso não é nada ruim, já que eles não são os culpados pelo sofrimento”, disse Li Zuojun.

Além disso, “Com o estouro da bolha econômica, a nova liderança pode adotar abordagens práticas. […] Novas conquistas políticas serão adquiridas mais facilmente, já que o ponto de partida é relativamente baixo.”

Ciclos

Os vales dos ciclos de curto prazo, médio prazo e longo prazo convergem em 2013, disse Li Zuojun.

Um ciclo de curto prazo se estende por três ou cinco anos. Atualmente, esse ciclo está se movendo para baixo e chegará ao fundo dentro dos próximos dois anos, disse ele.

Um ciclo de médio prazo se estende por cerca de nove ou dez anos. De acordo com Li Zuojun, ciclos de médio prazo ocorreram na China quase a cada dez anos, em 1949, 1957, 1966, 1976, 1989 e 1998. Ele disse que já se passou mais de uma década desde 1998 e que o ciclo deve estar próximo. Inicialmente, esse ciclo deveria ter chegado em 2008 ou 2009. Políticas econômicas na época atrasaram o vale do ciclo, mas isso não deveria ser adiado por muito mais tempo, disse ele.

Há também um ciclo de longo prazo, que se estende por 60 anos, disse Li Zuojun, dando a seu discurso uma inflexão tradicional chinesa com uma referência ao I-Ching, também conhecido como o Livro das Mutações, um texto clássico chinês que faz previsões de acordo com os ciclos da natureza. Segundo a estimativa de Li Zuojun, este ciclo também se aproxima.

Com a crise econômica, os problemas sociais também resultarão. A intensificação atual de “incidentes de massa”, ou grandes protestos, muitas vezes violentos, pode ser vista como um prenúncio de turbulência futura, disse ele.

Outros economistas concordaram com a apresentação de Li Zuojun.

Mao Yushi, um economista chinês bem conhecido que defende os princípios de livre mercado, disse em entrevista à Deutsche Welle que a China tem graves problemas econômicos e que “qualquer mudança repentina” é possível. Problemas econômicos levarão a uma infinidade de problemas sociais, disse ele.

Dong Fan, um economista chinês e professor numa universidade de destaque em Pequim, disse que admira a coragem Li Zuojun de falar.

“A crise [na China] tem ocorrido há muito tempo da perspectiva ocidental”, disse Dong. “Simplesmente ela tem sido encoberta com sucesso pelos sistemas atuais e o relatório de abril, mostrando uma recuperação das transações imobiliárias, fez a grave situação econômica parecer mais favorável.”