China enfrenta evasão de cérebros

12/06/2013 18:22 Atualizado: 13/06/2013 16:10
Estudantes após uma cerimônia de graduação na Universidade Tsinghua em Pequim. Grande porcentagem de licenciados em engenharia na Universidade Tsinghua, conhecida como o “MIT da China”, tem emigrado para os Estados Unidos, mas isso é apenas parte da fuga de cérebros da China (China Photos/Getty Images)

Nos últimos anos, a China tem enfrentado não apenas uma enorme fuga de capital e um número crescente de empresários emigrando, mas também a perda de seus indivíduos talentosos. A perda de talentos da China é a maior do mundo e isso é parcialmente devido à corrupção generalizada e às perseguições realizadas pelo regime comunista.

“A China lidera o mundo na fuga de cérebros, principalmente nos domínios das ciências e engenharia, em que se estima que 87% dos indivíduos talentosos optem por permanecer no estrangeiro”, disse um funcionário do Escritório Central do Grupo de Coordenação de Talentos da China continental.

O responsável sublinhou que a China ainda é severamente deficiente em termos de proporção, composição e qualidade do seu acervo de talentos locais, especialmente quando comparada com as necessidades econômicas e sociais atuais do país ou com os talentos de outros países. Algumas questões fundamentais listadas foram a falta de inovadores e empreendedores, um acervo de talentos extremamente desorganizado e a dificuldade em nutrir talentos na China, devido à falta de investimento no desenvolvimento de talentos e outros obstáculos.

Antes disso, os dados do Livro Azul do Desenvolvimento da China (2012) mostram que entre 1978 e 2011, um total de 2.245.100 estudantes chineses viajou para o exterior para estudar, tornando a China o maior exportador mundial de estudantes nesse período. No entanto, apenas 818.400 estudantes, ou 36,5% do total, retornaram à China.

De acordo com o Anuário Estatístico da China (2004), cerca de 62.500 chineses obtiveram PhD nos EUA, mas apenas 18.493 obtiveram PhD em instituições públicas chinesas até 2006. A Academia Chinesa de Ciências Sociais também admitiu num relatório de 2007, intitulado “Política e Segurança Globais”, que a taxa de perda de talentos da China é a pior do mundo.

Desde 1985, 80% dos licenciados em ciências e engenharia da Universidade Tsinghua e 76% da Universidade de Pequim decidiram emigrar para os EUA, disse Wang Yaohui, diretor do ‘Centro de Pesquisa sobre a Globalização e a China’, no início desse mês. Esses números refletem o status quo da fuga de cérebros da China.

No entanto, a China também pode estar perdendo indivíduos talentosos devido à corrupção no regime. Um caso notável é o do Prof. Shi Yigong da Universidade Tsinghua que, apesar de suas excelentes credenciais acadêmicas, foi preterido em 2011 de ingressar na Academia Chinesa de Ciências (ACC), uma instituição do governo que funciona como um instituto de pesquisa científica nacional.

Em abril deste ano, no entanto, Shi Yigong foi eleito membro-honorário da Academia Americana de Artes e Ciências e membro-associado da Academia Nacional de Ciências nos EUA.

Quando Shi Yigong e outro professor chamado Rao Yi, que foi reitor na Escola de Ciências da Vida da Universidade de Pequim, falharam em suas candidaturas para membros da ACC de 2011, o público começou a questionar os procedimentos de seleção da academia.

Mais tarde, Rao Yi escreveu uma longa postagem de blogue, intitulada “Uma dissecação do fenômeno social da ‘eliminação interna’, do ponto de vista de um pardal”, que lamentava a candidatura rejeitada de Shi Yigong.

No artigo, Rao Yi escreveu que, no processo das eleições de membros da ACC, realizações acadêmicas, idade, senioridade acadêmica e contribuições científicas eram consideradas de menor importância do que “quanto tempo uma pessoa tem se curvado diante de outras e da linha do regime”. Rao Yi também anunciou que nunca mais apresentaria sua candidatura à ACC.

A China também perdeu muitos indivíduos talentosos para as perseguições do regime comunista, principalmente a perseguição ao Falun Gong. O caso de Xu Yan, ex-professor da Universidade Tsinghua, é um exemplo.

Xu Yan, um praticante do Falun Gong, ensinou no Departamento de Engenharia Civil na Universidade Tsinghua por 13 anos, onde foi reconhecido por sua excelência no ensino e na pesquisa. O fato de ele ser um praticante era conhecido entre seus alunos e colegas e ele atribuía seu bom desempenho na carreira aos benefícios positivos da disciplina espiritual.

Após a perseguição ao Falun Gong começar na China em 1999, Xu Yan foi pressionado pelas autoridades a renunciar à prática. Ele foi preso ilegalmente pelas autoridades em 2006 e colocado num campo de trabalhos forçados, onde foi torturado e submetido à lavagem cerebral para desistir de suas crenças.

Quando foi liberado dois anos depois, a Universidade Tsinghua ameaçou impedi-lo de voltar se ele não assinasse documentos afirmando que nunca praticaria o Falun Gong novamente, então, Xu Yan abdicou de sua posição na universidade. Ele partiu para os Estados Unidos com sua família, onde foi calorosamente recebido e permanece desde então.

“Eu amava meu trabalho, meus alunos e minha família. Eu não queria abandonar a terra que me criou; eu não queria deixar as salas de aula e desistir de meus alunos. Mas quando meu próprio governo me perseguiu por minhas crenças, eu tive de dar um exemplo a meus alunos. Eu tinha de lhes informar sobre os fatos da perseguição e expor os crimes do Partido Comunista Chinês”, escreveu Xu Yan.

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