A criação do regime chinês pode ter finalmente se voltado contra seu mestre, e parece que os líderes chineses não estão prontos para aceitar a situação.
A banda feminina norte-coreana, Moranbong, deveria realizar três shows em Pequim, a partir de 12 de dezembro. Entretanto, pouco antes da primeira apresentação, o grupo seguiu para o aeroporto de Pequim, onde pegaram o primeiro vôo de volta a Pyongyang, capital da Coreia do Norte.
A reação da Coreia do Norte foi em resposta a delegação chinesa enviada ao país para protestar contra o recente pronunciamento do líder norte-coreano, Kim Jong Un, sobre o desenvolvimento da bomba de hidrogênio, muito mais poderosa que a bomba atômica.
O Ministério das Relações Exteriores do Partido Comunista Chinês (PCC) pareceu não ter se ofendido com Pyongyang. Segundo a Reuters, o porta-voz, Hong Lei, disse que o PCC quer manter o intercâmbio cultural com a Coreia do Norte, e que os shows foram cancelados devido a “problemas de comunicação.”
O Global Times – mídia financiada pelo PCC – publicou uma matéria com tom semelhante, afirmando que o cancelamento foi uma “falha” que não traria quaisquer efeitos a longo prazo entre os laços PCC e Coreia do Norte.
Essa “falha”, no entanto, foi apenas uma entra as muitas falhas que tomaram lugar recentemente na relação Beijing e Pyongyang. Curiosamente, em todos os casos, a resposta do PCC tem relevado um nível de silêncio embaraçoso para o Regime.
Nos últimos meses, a Coreia do Norte está “caçando às bruxas”, procurando espiões chineses por todo país. Em outubro, o Departamento de Segurança Nacional norte-coreano interrogou, aprisionou ou executou mais de uma centena de cidadãos chineses.
A acusações geralmente giram em torno de: espalhar vídeos ilegalmente, apoiar deserção, transportar valores ilegalmente ou realizar atividades religiosas.
O DailyNK, mídia sul-coreana especializada em Corea do Norte, informou que em 14 de dezembro o embaixador da China na Coreia do Norte foi colocado sob investigação e está sendo monitorado por Pyongyang.
A campanha norte-coreana contra cidadãos chineses é parte de uma “investigação emergencial” em todo país, segundo o DailyNK. A campanha de Pyongyang pode ser uma retaliação do regime de Kim contra o PCC devido ao estreitamento das relações com a Coreia do Sul.
“Alguns membros do PCC já especulam que este movimento indica o começo do fim das relações sino-norte-coreana”, segundo o DailyNK.
Entretanto, o tênue posicionamento do PCC não é sem razão. A Coreia do Norte é um produto da intervenção chinesa durante a Guerra da Coreia, e desde então o regime comunista norte-coreano tem sido sustentado quase que inteiramente pelo PCC.
De acordo com o Conselho de Relações Exteriores, o PCC é a principal fonte de fornecimento de alimentos, armas e energia da Coreia do Norte. O Conselho afirma que o PCC tem ajudado a sustentar o regime, opondo-se as “duras sanções internacionais sobre a Coreia do Norte na esperança de evitar o colapso do regime e um fluxo de refugiados para a China.”
Certamente, o PCC não apoia a Coreia do Norte somente por amizade ou ideologia. O tratamento com o Vietnã, seu vizinho comunista, é muito menos tolerante. A China utiliza a Coreia do Norte como valiosa ferramenta política de propaganda interna e diplomacia externa.
Quando a Coreia do Norte ameaçou a Coreia do Sul, Japão e outros países com ataque nuclear, o PCC utilizou a situação para intermediar o dialogo internacional. Isso, por sua vez, ajuda o PCC em sua diplomacia, particularmente com a vizinha Coreia do Sul.
Entretanto, a situação da relação entre os dois países comunistas chegou a um nível de paranoia, um estado similar ao de um usuário de drogas que as consome “como se tomando uma xícara de chá”, segundo o Los Angeles Times. Certamente, o sentimento paranoico entre as duas nações está se fortalecendo.
Assim como um traficante de drogas preso na mesma cela que um viciado com surto psicótico, o regime chinês é o alvo desse recente ‘surto de loucura’ de sua própria criação.