China começa a focar nas visões do próximo líder

11/10/2012 20:20 Atualizado: 31/10/2012 20:23
Xi Jinping no Grande Salão do Povo em Pequim em 29 de agosto de 2012. (How Hwee Young/AFP/Getty Images)

Antes de Xi Jinping ser nomeado chefe do Partido Comunista Chinês (PCC) no 18º Congresso Nacional da China em novembro, as opiniões de Xi Jinping se tornaram uma questão de grande interesse. Alguns jornalistas chineses e analistas podem ser vistos agora se alinhando com o reformista que Xi Jinping seria; alguns são vistos aconselhando-o sobre o que ele deveria fazer e outros são suspeitos de falarem por Xi Jinping e revelarem seus planos futuros.

Nos últimos meses, a Phoenix TV de Hong Kong, que costumava promover a campanha de Bo Xilai, o ex-chefe do PCC em Chongqing, para reviver a “cultura vermelha” da era da Revolução Cultural, mudou para apoiar Xi Jinping.

Apelidada de “a segunda CCTV”, a Phoenix TV tem servido como um veículo de propaganda em Hong Kong para o PCC, segundo Ma Xiaoming, um ex-repórter da Shanxi TV, localizada na província de mesmo nome.

Uma fonte bem informada em Pequim revelou recentemente ao periódico New Epoch Weekly, um afiliado do Epoch Times, que o verdadeiro chefe da Phoenix TV nos bastidores é Ye Xuanning, um aliado próximo de Xi Jinping. Ye Jianying, o pai de Ye Xuanning, era um ex-general do Exército da Liberação Popular (ELP) e presidente do 5º Congresso Nacional Popular.

Retratando casos da Revolução Cultural

Num programa de 17 de setembro conduzido por He Liangliang, o vice-editor-chefe da Phoenix TV, He Liangling elogiou apaixonadamente dois escritores chineses que participaram ativamente do movimento democrático de 1989 e foram forçados a fugir para o exílio no estrangeiro posteriormente.

“Acreditamos firmemente que as tribulações de quem se levantou pela justiça foram resultado de pessoas ardilosas e más que prevaleceram temporariamente”, disse ele.

Segundo uma fonte de Pequim, Xi Jinping se ressente profundamente das políticas de Mao Tsé-tung, especialmente da Revolução Cultural, e planeja reparar casos injustos e errados do movimento. Depois de Ye Xuanning conhecer a posição de Xi Jinping, a Phoenix TV começou a reavaliar a Revolução Cultural e criticá-la, disse a fonte.

Bo Xilai, um membro desgraçado do Politburo, foi recentemente expulso do PCC e será jugado em breve num tribunal criminal. A fonte disse que processar Bo Xilai é uma forma de “erradicar venenos residuais da Revolução Cultural, o que estabelece o tom de reforma política para o 18º Congresso do PCC”.

Aconselhando Xi Jinping

Jason Ma, um comentarista da emissora NTDTV, disse na semana passada, “Se Xi Jinping é um homem sábio, ele deveria cortar os laços com a perseguição ao Falun Gong. Há evidência concreta da colheita forçada de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong na China – a evidência foi apresentada numa audiência do Congresso dos EUA e numa reunião do Comitê de Direitos Humanos da ONU.”

“Se Xi Jinping é um homem sábio, ele deveria se posicionar e tomar medidas, porque, no final das contas, ele não é o responsável por isso”, disse Jason Ma. “Mas será responsável pelo que aconteceu se encobrir isso.”

Deng Yuwen, vice-editor do Study Times, publicou um artigo de três partes intitulado “O legado político de Hu Jintao e Wen Jiabao” na revista financeira Caijing em 2 de setembro.

No artigo, Deng Yuwen expressou suas esperanças por Xi Jinping, “A solução para todos esses problemas [na China], em última análise, reside na reforma política e na profundidade da reforma política. Portanto, os líderes devem ser corajosos em dar o primeiro passo e pressionar pela reforma política e a democratização.”

Deng Yuwen também sugeriu um cronograma para a reforma política de Xi Jinping, dizendo que Xi Jinping terá de passar por um período de transição para resolver e equilibrar todos os tipos de relações e laços com diferentes facções ou grupos.

Mas se Xi Jinping esperar por cinco anos até seu segundo mandato para iniciar a reforma política, seria tarde demais, “por causa dos graves conflitos sociais na China; as pessoas antecipam uma reforma ansiosamente e não terão necessariamente a paciência de esperar por cinco anos”, disse Deng Yuwen.

“Estrategicamente falando, lançar uma reforma política após dois anos de mandato é a forma mais segura de prosseguir”, acrescentou Deng Yuwen.

Modelo de reforma da Birmânia

O Study Times é afiliado com a Escola do Partido do Comitê Central do PCC, que é dirigida por Xi Jinping. Muitos analistas, portanto, pensam que Xi Jinping pode estar usando os artigos de Deng Yuwen para apresentar seus próprios pontos de vista.

Xi Jinping subiu para o assento superior do PCC, porque é um candidato perfeito para equilibrar os grupos de interesse, e o artigo de Deng Yuwen realmente deu a entender que a reforma política de Xi Jinping seguirá o modelo da Birmânia (também conhecida como Myanmar), disse o colunista e comentarista político Chen Pokong num artigo de outubro publicado na revista Open de Hong Kong.

Quando se encontrando com o presidente birmanês U Thein Sein na China em 21 de setembro, Xi Jinping disse, “A China está disposta a realizar uma troca de experiências com a Birmânia sobre como governar o país.”

De acordo com Chen Pokong, depois que Thein Sein se tornou o presidente da Birmânia, ele cautelosamente começou a implementar uma série de medidas de reforma, sem afetar aqueles que têm interesses pessoais, incluindo o ex-ditador e general Than Shwe. Portanto, a reforma teve o apoio tácito de Than Shwe e certo apoio da líder da oposição Aung San Suu Kyi.

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Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.