China amplia seu alcance estratégico no Pacífico

30/11/2014 17:50 Atualizado: 30/11/2014 17:50

O regime chinês está adotando uma abordagem de três vertentes em sua tentativa de repelir a influência dos EUA na Ásia-Pacífico e estender seu alcance para além de suas águas territoriais.

Sua primeira estratégia é minar o alcance dos Estados Unidos na região, uma estratégia claramente indicada pelos líderes chineses poucos dias atrás, quando, conforme relatado pelo Financial Times, a China assinou um pacto de cooperação militar com a Rússia para combater a influência dos EUA na região da Ásia-Pacífico.

Sua segunda estratégia é continuar pressionando suas reivindicações territoriais nos Mares do Leste e do Sul da China, por meio de um plano de longo prazo que inclui incursões intimidatórias em territórios disputados e apropriação de terras em águas desprotegidas.

A terceira estratégia do regime chinês é sua tentativa de penetração na Austrália após a reunião do G20. É uma ofensiva de sedução que, muitas vezes, vem acompanhada de muito dinheiro e expectativas obtusas.

O líder chinês Xi Jinping firmou parcerias estratégicas com oito nações insulares do Pacífico durante sua visita a Fiji, realizada entre 21 e 23 de novembro. Além das ilhas Fiji, os demais alvos foram a Micronésia, Samoa, Papua Nova Guiné, Vanuatu, Ilhas Cook, Tonga e Niue.

De acordo com a empresa de inteligência IHS Jane’s: “As parcerias estratégicas incluem ampliar a cooperação em comércio, agricultura, pesca, indústria naval, energia e recursos e construção de infraestrutura.”

Xi Jinping afirmou que a China está pronta para “expandir governo-a-governo, legislativo-a-legislativo e interações partido-a-partido com os países insulares”, segundo a agência de notícias estatal chinesa Xinhua. Ele acrescentou que a China levará esses países num passeio de desenvolvimento no “trem expresso chinês”.

Os acordos assinados com os países insulares são semelhantes às investidas que o regime chinês está fazendo na América do Sul e África para expandir sua influência e têm um peso muito mais profundo do que parecem.

Quando comparado com a forma como o regime chinês tem alavancado negócios similares na América do Sul e África, é provável que o regime chinês tenha como objetivo obter algo mais do que apenas “cooperação econômica”.

Milos Alcalay, ex-embaixador da Venezuela nas Nações Unidas, disse numa conferência do Fórum 2000, realizado em Praga em outubro de 2014, que a expansão da China não é apenas um empreendimento econômico, mas também “uma expansão geopolítica”. Um país como a Venezuela, que está atolado em crescente dívida, torna-se cada vez mais economicamente dependente da China, disse Alcalay.

Uma vez que um país se torna dependente do apoio do Partido Comunista Chinês, a história tem mostrado que muitas vezes o país devedor é forçado a grandes esforços para manter esse apoio.

Durante o painel de outubro, o cientista político Etienne Smith – especializado em Estudos Africanos pela universidade francesa SciencesPo – explicou como o regime chinês tem fortalecido sua influência sobre cerca de quatorze países africanos, para levá-los a cortar relações diplomáticas com Taiwan.

A China tem claro interesse em desenvolver laços mais fortes na região da Ásia-Pacífico.

De acordo com a AFP, Xi Jinping assinou acordos com “um dos maiores blocos de voto nas Nações Unidas”. Eles também são parte de uma região onde o regime chinês enfrenta significante resistência, vinda de países como Vietnã, Filipinas, Estados Unidos e Japão.

E se a forte influência econômica do regime chinês na Austrália puder nos dizer alguma coisa, o mais provável é que a China comece a alavancar esses novos negócios nos bastidores.

Na Austrália, há ampla discussão sobre se seus líderes serão forçados em breve a escolher entre se alinharem à China ou aos Estados Unidos.

No ano passado, o Sydney Morning Herald relatou: “O dia virá em que teremos de escolher entre os EUA ou a China.”

O artigo ecoou comentários de Song Xiaojun, um ex-algo oficial do Exército da Libertação Popular da China. De acordo com o The Age, ele disse em 2012 que a Austrália não pode fazer malabarismos entre os Estados Unidos e a China, e terá de escolher um “padrinho” para protegê-la.

O efeito da dependência econômica da Austrália em relação à China veio à tona durante a reunião do G20. A polícia australiana em Nova Gales do Sul acatou ordens das autoridades chinesas e reprimiu protestos pelos direitos humanos, pelo fato de que líderes do regime chinês participavam da conferência.

Em entrevista ao Epoch Times, na Austrália, um dos manifestantes, a sra. Zhao, resumiu as preocupações daqueles que já começam a enfrentar o outro extremo não tão diplomático das ‘investidas sedutoras da China’.

“Isso está comprometendo os valores australianos”, disse Zhao. “Espero que a supressão da liberdade na China não seja exportada e comece a mudar esta sociedade de maneira sutil e corrosiva, antes que percebamos ser tarde demais.”