China acoberta novamente teste de arma antissatélite

03/08/2014 12:30 Atualizado: 03/08/2014 12:30

Como parte de um esforço para desenvolver armas destinadas a paralisar pontos fortes das forças armadas dos Estados Unidos, a China na semana passada secretamente testou uma arma antissatélite (ASAT).

Publicamente, o regime chinês disse o teste ASAT da semana passada foi um “teste de anti-interceptação”, que “alcançou o objetivo pré-definido”, segundo a Xinhua, uma mídia estatal porta-voz do regime comunista chinês. No entanto, segundo uma carta enviada pelo Departamento de Estado dos EUA ao Space News, o teste não foi para interceptar ogivas atacantes, como afirmou a Xinhua.

O teste recente é mais um caso da China testando sua ASAT sem mencionar a natureza do teste. Em maio de 2013, o regime chinês alegou lançar um foguete de sondagem. Mais tarde, foi revelado que o foguete era de fato seu novo míssil ASAT, o Dong Ning-2. “Essa foi uma desinformação deliberada”, disse Richard Fisher, um membro sênior do Centro de Avaliação e Estratégia Internacional, em entrevista por telefone.

Fisher disse numa entrevista por telefone que os detalhes vagos fornecidos pelo regime chinês sobre suas armas ASAT estariam relacionados à sensibilidade deste sistema de armas. “Controlar a órbita inferir do planeta é essencial para praticamente qualquer esforço militar”, disse ele. “Os americanos são particularmente vulneráveis por causa de sua dependência de sistemas que utilizam a órbita terrestre inferior.”

Ele disse que o Exército da Libertação Popular da China tem visado os ativos espaciais dos EUA em seu planejamento militar “para garantir seu sucesso em guerras futuras”. Um porta-voz do Departamento de Estado disse ao Space News que os EUA têm “grande confiança” que o teste recente da China era uma arma ASAT.

A carta do Departamento de Estado diz: “Comunicamos à China que evitasse ações desestabilizadoras – como o desenvolvimento contínuo e o teste de sistemas antissatélite destrutivos – que ameaçam a segurança de longo prazo e a sustentabilidade do ambiente espacial exterior, de que todas as nações dependem.”

O recente teste tem uma boa pitada de ironia. Menos de um mês atrás, a China e a Rússia assinaram um projeto de tratado que proibiria armas espaciais. Os Estados Unidos se opuseram ao projeto de tratado que foi apresentado às Nações Unidas. Fisher disse que o teste recente sugere que a China está acelerando seu jogo com a realização de testes mais sofisticados do que nos últimos anos.

Em janeiro de 2007, o regime chinês destruiu um de seus próprios satélites meteorológicos com um míssil ASAT SC-19. Isso criou uma nuvem de detritos perigosa que ainda orbita a Terra. O teste é uma das razões principais por que a NASA está proibida de cooperar com o regime chinês. Testes ASAT subsequentes da China têm usado alvos em altitudes mais baixas.

“A declaração do Departamento de Estado indica para mim que isso possa ser um teste adicional do sistema antissatélite original”, disse Fisher, acrescentando que “a China tem vários programas em andamento que lhes dá capacidades para conduzir combate espacial”.

No entanto, há mais do que isso. Fisher disse que “o maior problema é que a China está desenvolvendo um grande sistema de defesa antimíssil e minhas fontes me dizem que provavelmente isso será implantado até o início da década de 2020”.

Ele observou que a China tem milhares de quilômetros de túneis de mísseis estratégicos – conforme pesquisadores da Universidade de Georgetown detalharam em 2011 – além de sistemas de intercepção de mísseis e tecnologias relacionadas. Tomado como um todo, disse Fisher, isso “equivale a uma capacidade estratégica de mísseis formidável”.