Chefe do Diário de Pequim rebaixado após reunião de líderes chineses

21/08/2012 16:31 Atualizado: 21/08/2012 18:38
Um artigo foi publicado no Diário de Pequim em 5 de abril convocando todos os oficiais a “Manter em mente as diligentes instruções do secretário-geral”. O artigo foi uma tentativa de retificar o insubordinado editorial anterior que minou o líder chinês Hu Jintao em meio à crise política de Bo Xilai. (Diário de Pequim)

O alto comissário político do Diário de Pequim, a mídia porta-voz oficial do comitê do Partido Comunista Chinês (PCC) na cidade, foi rebaixado recentemente, segundo um anúncio oficial. Uma fonte familiarizada com a situação disse que isso ocorreu devido ao jornal apoiar o oficial recém-deposto Bo Xilai e criticar veladamente o líder chinês Hu Jintao.

O anúncio nomeou outros 100 funcionários da publicação, que também foram demitidos ou rebaixados, numa decisão tomada pela liderança do PCC no final de sua reunião secreta recente na cidade litorânea de Beidaihe, segundo a fonte. A notícia foi divulgada em 15 de agosto, quando a reunião se concluía.

Os líderes do PCC se encontram anualmente na cidade durante o verão e desta vez para a última rodada de negociações antes do 18º Congresso Nacional do PCC, quando ocorrerá a mudança da liderança no Politburo e no Comitê Permanente do Politburo, o mais alto órgão de decisão no país. Essa transição na liderança comunista chinesa ocorre a cada dez anos e a última foi em 2002.

Mei Ninghua passou de secretário do grupo de liderança (dangzu) do PCC no Diário de Pequim para vice-secretário. De acordo com uma fonte familiarizada com a situação, a decisão foi tomada em grande parte devido à publicação de um artigo no final de março no Diário de Pequim que afirmou que, “o secretário-geral [do PCC] não deveria ser a maior autoridade sobre o Comitê Central do PCC”.

Se Mei Ninghua estava diretamente por trás dos artigos não está claro, mas, como o secretário do PCC, ele é responsável pela disciplina política na publicação.

Esse artigo diz que, “a liderança coletiva deveria ser enfatizada”, o que foi interpretado como uma ligeira oposição a Hu Jintao nos estágios iniciais de uma luta de poder que colocou a facção liderada pelo ex-líder chinês Jiang Zemin e seus asseclas em oposição à facção liderada por Hu Jintao e pelo premiê Wen Jiabao.

Notícias sobre esta divisão no PCC vieram à tona depois que Wang Lijun, o braço direito de Bo Xilai, tentou pedir asilo numa embaixada dos EUA em fevereiro. Em abril, Bo Xilai foi deposto como secretário do PCC na cidade de Chongqing.

Na época da publicação do artigo no Diário de Pequim, Hu Jintao estava no Camboja e, quando retornou quatro dias depois, o artigo foi excluído do website. Um editorial que dizia, “Manter em mente as diligentes instruções do secretário-geral”, foi posto no lugar.

Yan Liqiang, o vice-diretor do Departamento de Publicidade do Comitê Municipal do PCC, foi nomeado chefe do Grupo Diário de Pequim, disse a fonte. O ex-editor-chefe do Diário Jovem de Pequim, que estaria alinhado com a facção de Hu Jintao, foi nomeado como vice-editor do Diário de Pequim.

Em maio, termos de busca relacionados com o Diário de Pequim foram bloqueados no Weibo várias vezes depois que ele realizou uma campanha de propaganda contra a ajuda dos EUA ao ativista chinês cego Chen Guangcheng, que acabou desertando para os EUA. Internautas chineses criticaram o jornal através de websites de mídia social e os censores bloquearam termos relacionados.

Na época, o Projeto de Mídia da China disse que o jornal poderia ser um dos pontos principais da luta interna entre os altos oficiais do PCC. “Podemos estar testemunhando a competição de baixo nível da propaganda das facções e do controle da mídia”, disse o projeto.

Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.